sábado, 4 de julho de 2015

Terror nos céus. Acidente da AirAsia em documentário


O especial da série de documentários sobre acidentes de aviação faz uma retrospetiva do acidente ocorrido a 28 de dezembro do ano passado, quando o avião 8501 da AirAsia se despenhou.

"A minha primeira reação foi pensar que não era verdade, que não estava a acontecer novamente", recorda Alastair Rosenschein. Este ex-piloto da companhia inglesa de aviação British Airways é um dos intervenientes de Desastres Aéreos, que se estreia hoje à noite, às 21.00, no Discovery Channel. Este episódio especial da série de documentários sobre acidentes de aviação faz uma retrospetiva do acidente ocorrido a 28 de dezembro do ano passado, quando o avião 8501 da AirAsia se despenhou.

Após uns escassos 40 minutos de viagem entre a Indonésia e Singapura, a torre de controlo perdeu contacto com o avião. Morreram 155 passageiros e sete membros da tripulação. Já em março de 2014, o voo 370 da Malaysia Airlines desapareceu dos radares aproximadamente uma hora depois de ter levantado. Sobrevoava o Golfo da Tailândia, no mar da China. Morreram 227 passageiros e 12 tripulantes. O avião nunca foi encontrado. Em março deste ano, um novo acidente. Desta vez, foi com um Airbus A320 da companhia aérea alemã Germanwings. Nos Alpes, o copiloto Andres Lubitz, de 28 anos, iniciou propositadamente a descida do avião. Estava sozinho no cockpit, tendo impedido o comandante de regressar à cabina. Soube-se, mais tarde, que estava de baixa médica devido a uma depressão. "Quando um candidato a piloto começa os seus treinos de voo, é submetido a exames de saúde, mas eu não diria que estes são aprofundados. Depois, os jovens pilotos fazem também exames anuais e o médico encarregado de os fazer conversa regularmente com os seus pacientes para ir percebendo se eles estão estáveis. É um exame psicológico muito superficial", explicou Alastair Rosenschein ao DN, referindo ainda que "não há testes psicológicos formais em nenhum momento da carreira de um piloto". "As companhias confiam no relato dado pelo próprio piloto ou, ocasionalmente, pelos testemunhos dos colegas que o conhecem", acrescenta.

Esta não é a primeira vez que Rosenschein fala sobre este acidente aéreo. Na altura em que ocorreu, o ex-piloto da British Airways foi convidado por vários canais de televisão, especialmente nos Estados Unidos, para tentar explicar o que aconteceu. Fá-lo agora novamente à série documental do Discovery Channel, que revela as tentativas falhadas de contacto com o avião, faz comparações com um acidente da Air France em 2009 e aborda as novas tecnologias que permitem com que acontecimentos como estes não voltem a acontecer.

Tecnologias que, apesar de extremamente avançadas, não dão segurança aos passageiros. E é por isso, porque estes ainda confiam mais no homem do que na máquina, afirma Alastair Rosenschein, que os pilotos ainda existem. "A maioria das pessoas não gostaria de entrar dentro de um avião que não fosse operado por mãos humanas. Uma das coisas importantes sobre ter pilotos a voar é que as vidas deles estão tão em risco quanto as dos passageiros e, à partida, eles vão fazer de tudo para evitar um acidente", frisa o britânico. "Tudo o que é automático pode falhar e, se isso acontecer, tem de lá estar alguém para salvar o dia. Agora, acredito que chegará a altura em que as aeronaves serão totalmente autónomas, mas ainda assim acho provável que exista sempre um piloto de segurança a bordo", sublinhou ao nosso jornal.

Se há alguma lição a tirar de casos como estes - todos eles abordados em Desastres Aéreos através de entrevistas, não só a Rosenschein mas também a outros peritos mundiais - é que todos podiam ser prevenidos. "Vou ser o mais sincero possível. Os pilotos passam a vida a tentar não ter acidentes, já que isto é extremamente fácil de acontecer. Se eles quiserem, podem provocar um destes desastres a qualquer momento. É relativamente fácil de fazer, especialmente durante a descolagem ou durante a aterragem. Não há absolutamente nada que se possa fazer para impedir", observou, para depois voltar a Andres Lubitz da Germanwings: "Se ele tinha um distúrbio psiquiátrico grave, ter duas pessoas na cabina de pilotagem teria reduzido as hipóteses de ter sido bem-sucedido. É bem possível que Lubitz tenha planeado com antecedência as suas ações e, desta forma, a oportunidade de falhar foi menor."

Apesar de parecer alarmante, o piloto garante que andar de avião comercial é seguro e que este tipo de programas pode servir para desmistificar o medo que muitos têm de voar. "Vou dar um exemplo rápido. Se eu perguntar a alguém qual é o desporto mais perigoso, muitas pessoas respondem que é andar a cavalo, boxe ou as corridas de automóveis. A verdade é que os dois desportos mais perigosos são ciclismo e natação. Muitas vezes, a perceção e a realidade diferem", terminou.

Fonte: DN

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