segunda-feira, 2 de novembro de 2015

13 de Novembro. O dia em que um pedaço de céu atinge a Terra

O filme “Gravity” mostra a dificuldade dos astronautas em lidar com os milhões de detritos no espaço
O filme “Gravity” mostra a dificuldade dos astronautas em lidar com os milhões de detritos no espaçoI 
Anote a data em que um objecto com vários metros de diâmetro vai enfrentar a atmosfera terrestre. Se sobreviver à queda, os cientistas garantem que o impacto será no oceano.

Os mais de 380 mil quilómetros que separam a Terra da Lua não tornam fácil imaginar como será o cenário numa órbita distante. Rever o trailer do filme de 2013 “Gravity” relembra que a paisagem vista do espaço é de tirar o fôlego e que o silêncio é infinito. Mas como um argumento tão pacífico não daria direito aos sete Óscares que o filme arrecadou, o silêncio e as paisagens foram trocados por hora e meia de suspense, com os astronautas interpretados por Sandra Bullock e George Clooney a perderem o controlo de uma missão espacial de rotina depois de serem atingidos por destroços resultantes de uma colisão de satélites artificiais.

Os toques hollywoodescos do filme ajudam a lembrar que não estamos perante um documentário, mas, apesar de nem todas as acções terem um carimbo científico, o filme não deixou de chamar a atenção para as consequências do lixo espacial, um problema que de tão distante acaba esquecido pela maioria. Mas não é por isso que ele desaparece. Neste momento, dos 6600 satélites que o homem pôs no espaço, apenas 1200 estão activos. Tudo o resto se transformou em sucata e a NASA estima que exista cerca de meio milhão de detritos do tamanho de berlindes e milhões de outros objectos com diâmetros maiores. 

Assim, se durante a Guerra Fria o céu pertenceu às superpotências, agora é de todos os que consigam pôr algo em órbita. Jonathan McDoweel, astrofísico do Centro Harvard-Smithsonian de Cambridge, consegue até identificar de que tipo de lixo estamos a falar: “Temos 2800 peças de satélites que já não funcionam, 2 mil partes de foguetes que ajudaram a pôr os satélites em órbita e 11 200 pequenos fragmentos de uns e outros.”

Sendo os cientistas capazes de pintar o mapa do céu com este nível de pormenor, é cada vez mais fácil identificar os momentos em que as distâncias se encurtam e os detritos espaciais deixam de ser apenas um problema dos astronautas. Para dia 13 de Novembro às 6h20 (hora portuguesa) está prevista a queda de um objecto na superfície terrestre, a que os especialistas chamaram WT1190F. A equipa da Agência Espacial Europeia (ESA, sigla em inglês) em Noordwijk, na Holanda, crê que poderão ser os restos de uma missão Apollo, da NASA, parte do programa que entre os anos 60 e 70 fez chegar os primeiros seres humanos à Lua. O cientista da ESA, Gerhard Drolshagen, prefere não o identificar de uma forma tão pormenorizada mas garante ao i que se trata de um objecto feito por mão humana com alguns metros de diâmetro.

Chegar à Terra 
A queda de detritos espaciais não é propriamente uma novidade mas o perigo para quem está na Terra é ínfimo. Desde o lançamento do primeiro satélite artificial em órbita, o Sputnik, não houve registo de mortes provocadas por lixo espacial e pensa-se que apenas uma pessoa tenha sido atingida, sem gravidade [ver caixas ao lado].
O caso do WT1190F não será excepção. Jonathan McDoweel explica ao i que o objecto vai chegar muito rápido – a uns 39 600 km/h – e vai derreter quando atingir a atmosfera, com a possibilidade de que alguns pedaços de metal mais densos poderem sobreviver e atingir o oceano. Gerhard Drolshagen completa esta informação com coordenadas mais especificas: o objecto vai cair ao largo da costa do Sri Lanka, longe da Terra o suficiente para não causar estragos.

E no futuro? Para o astrofísico, este tipo de fenómeno é o ideal para melhorar a capacidade dos cientistas de identificar estes objectos e perceber qual a rota de colisão. “Mais ainda porque já é possível perceber que estes detritos se deslocam a velocidades bastante superiores ao habitual”, explica.

As soluções para o lixo espacial não param de surgir nos últimos anos, mas ainda nenhuma deu frutos. Se a NASA fala da hipótese de destruir o lixo espacial com raios laser, uma empresa suíça está a trabalhar na criação de um aparelho que funcione de forma semelhante a um PacMac e que vá engolindo os detritos espaciais que encontre pelo caminho.

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