Quando o exoplaneta Alfa Centauro Bb foi anunciado em 2012, foi considerado um divisor de águas na busca de mundos semelhantes à Terra fora do nosso sistema solar. E ficava a «apenas» 4,3 anos-luz de distância, num sistema estelar que é praticamente nosso vizinho. Mas, por estranho que pareça, o Alfa Centauro Bb nunca existiu.
Segundo uma nova pesquisa, o exoplaneta mais próximo de nós era provavelmente uma anomalia causada por um conjunto incompleto de dados.
O Alfa Centauro Bb foi descoberto usando o método de velocidade radial, uma técnica que analisa a forma como a força gravitacional de um planeta ligeiramente curva a sua estrela-mãe.
Xavier Dumusque, astrónomo de Harvard, e a sua equipa explicaram na revista Nature que a pequena oscilação na assinatura de luz de Alfa Centauro B era consistente com um mundo rochoso do tamanho da Terra, orbitando a sua estrela a um décimo da distância de Mercúrio. O planeta seria uma massa de lava.
Mas, apenas um ano depois, a existência do Alfa Centauro Bb foi colocada em xeque por outra equipa de pesquisadores, que fotografou novamente a estrela usando filtros diferentes e apenas encontrou fracas evidências para um planeta. Nos últimos dois anos, a existência do planeta tem sido muito questionada.
O novo estudo, que será publicado na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, pode colocar o último prego no caixão do Alfa Centauro Bb.
O planeta «fantasma»
Vinesh Rajpaul, estudante em Oxford, mostra que pode ser extremamente difícil usar o método de velocidade radial para encontrar planetas com o tamanho da Terra, especialmente se esses planetas não são monitorizados continuamente. (O Alfa Centauro Bb não era.)
Para demonstrar como o planeta «fantasma» foi descoberto, Rajpaul criou uma simulação por computador de uma estrela. Ele não colocou planetas ao redor da estrela, e só a observou esporadicamente. Rodando o modelo para gerar dados sintéticos, Rajpaul descobriu que assinaturas “planetárias” surgiram ocasionalmente. Mas estes padrões foram causados por coisas que não tinham nada a ver com planetas, como manchas solares, ou a atracção gravitacional de outra estrela.
«Este é realmente um bom trabalho», disse Dumusque à National Geographic. «Não temos 100% de certeza, mas provavelmente o planeta não está lá.»
Felizmente, a maioria dos exoplanetas já identificados não está sujeita a este tipo de falso positivo. Por exemplo, a missão Kepler da NASA observa continuamente um pedaço de céu, detectando as fracas sombras periódicas de planetas à medida que eles passam na frente das suas estrelas. O Kepler está activo há mais de quatro anos.
Isso mostra como é crítico ter observações longas e contínuas ao tentar encontrar objectos bem distantes que emitem pouca luz. E ainda temos de nos proteger contra outros tipos de falsas descobertas, como as supostas «megaestruturas alienígenas».
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