quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Crustáceo jurássico com «super olho» é descoberto em França

Crustáceo jurássico com «super olho» é descoberto em França

Tinha olhos esbugalhados enormes, cobrindo quase um quarto do seu corpo: o Dollocaris, uma espécie de crustáceo primitivo do período Jurássico, deveria ser um predador formidável para os camarões do seu tempo, segundo um estudo.

Uma equipa internacional acaba de reconstituir a estrutura tridimensional dos olhos deste fóssil com mais de 160 milhões de anos. Ele foi descoberto em Ardèche (sudeste de França), na Voulte-sur-Rhône, um depósito famoso pelos seus fósseis de organismos marinhos.

Os olhos compostos (com muitas facetas, ndlr) deste «predador visual» estão impressionantemente bem conservados, o que permite ver toda a sua estrutura interna, incluindo as células receptoras da retina. «Nunca tínhamos visto olhos tão bem fossilizados», declarou Jean Vannier, director de pesquisa do CNRS no Laboratório de Geologia de Lyon (França), que comandou o estudo publicado na revista Nature Communications.

Dollocaris faz parte dos Thylacocéphales, um grupo de artrópodes marinhos extintos. Media entre 5 a 20 centímetros de comprimento e podia nadar. Protegido por uma carapaça, como um caranguejo, tinha três pares de apêndices preênseis que lhe permitiam capturar as suas presas.

Mas em especial o crustáceo tinha olhos compostos hipertrofiados, cada um com 18.000 facetas, um recorde se desconsiderarmos as libélulas actuais – que têm mais. Cada faceta era prolongada em profundidade por células fotorreceptoras, as omatídias. Quanto mais numerosas são, melhor a resolução.

Graças a esta visão sofisticada e, provavelmente, muito eficaz, Dollocaris podia detectar presas, seguir e capturar com os seus três pares de poderosos apêndices. Ele provavelmente caçava na surdina, como alguns crustáceos de hoje em dia.

Os pesquisadores também estudaram outros órgãos do animal, com uma técnica de imagem por raio-x. «Restos de camarão ainda estão presentes no estômago do pequeno predador», disse Jean Vannier. «A visão é uma inovação que revolucionou a relação entre as espécies animais. Os primeiros olhos compostos aparecem no Cambriano, há 500 milhões de anos», explica. «Ver e ser visto mudou a situação. Isso criou uma dinâmica», alguns deviam proteger-se melhor, outros tornaram-se mais capazes de detectar melhor as suas presas, «e novas pressões de selecção», observou Vannier.

Os Dollocaris desapareceram no final do período cretáceo como os dinossauros, há cerca de 66 milhões de anos. Mas este tipo de olhos compostos evoluíram independentemente noutras linhagens. Os artrópodes, animais invertebrados, têm nas suas fileiras crustáceos, insectos e aracnídeos, entre outros.

O fóssil do Dollocaris está conservado na colecção da universidade Claude Bernard Lyon 1.

Fonte: DD

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