Astrónomos criaram novo software para ler assinaturas dos gases presentes no exoplaneta distante
Um grupo de astrónomos conseguiu analisar pela primeira a atmosfera de um exoplaneta rochoso idêntico à Terra, embora duas vezes maior. O planeta, uma super-Terra, é o Cancri 55, que orbita uma estrela como o Sol localizada na constelação de Caranguejo, a 40 anos-luz da Terra.
Descoberto em 2012, o Cancri 55 tem uma atmosfera seca, sem pingo de vapor de água e rica em hidrogénio e hélio. Ou seja, completamente inadequada para a vida, tal como a conhecemos por cá.
Para fazer a análise de uma atmosfera tão distante como a do Cancri 55, a equipa liderada por astrónomos da University College de Londres (UCL) usou observações da Wide Field Camera 3 (WFC3) do telescópio espacial Hubble e desenvolveu uma nova técnica de análise computacional - um software - que lhes permitiu identificar as impressões digitais dos gases presentes naquela atmosfera longínqua.
"São resultados fantásticos porque esta é a primeira vez que se consegue identificar as assinaturas espectrais dos gases na atmosfera de uma super-Terra [planeta rochoso idêntico à Terra, mas maior do que esta e muito menor do que os chamados gigantes gasosos]", explica Angelos Tsiaras, da UCL, citado num comunicado da sua universidade. Tsiaras criou, juntamente com os seus colegas Ingo Waldmann e Marcho Rochetto, o novo software de análise para a identificação dos espectros dos gases.
As observações que a equipa fez, sublinha ainda Tsiaras, "sugerem que a atmosfera do Cancri 55 reteve uma quantidade substancial de hidrogénio e de hélio da nebulosa a partir da qual se formou aquele sistema".
As super-Terras são consideradas o tipo de planeta mais comum na Via Láctea, pelo que a nova técnica abre a partir de agora uma nova janela para o estudo das suas atmosferas.
A câmara WFC3 do Hubble já antes tinha sido usada na análise de atmosferas de outras duas super-Terras, mas não se conseguiu obter os padrões espectrais das atmosferas, como agora aconteceu.
Os resultados vão ser publicados em breve no Astrophysical Journal.
Fonte: DN
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