quinta-feira, 5 de maio de 2016

Cientistas criam pela primeira vez em laboratório embriões humanos de duas semanas

Cientistas criam pela primeira vez em laboratório embriões humanos de duas semanas

Cientistas desenvolveram, ela primeira vez na história, embriões humanos fora do corpo da mãe durante quase duas semanas, proporcionando um vislumbre inédito sobre o que afirmam ser o estágio mais misterioso dos primórdios da vida humana.

Investigadores das universidades de Cambridge, no Reino Unido, e Rockefeller, nos Estados Unidos, interromperam deliberadamente o crescimento dos embriões antes dos 14 dias permitidos pela legislação britânica para os estudar.

Até agora, os cientistas só tinham sido capazes de estudar embriões humanos como cultura em laboratório até ao sétimo dia de desenvolvimento, quando tinham que implantá-los no útero da mãe para que sobrevivessem e continuassem a desenvolver-se.

No entanto, através de um método de cultura testado anteriormente para criar embriões de rato fora do organismo da mãe, as equipas conseguiram realizar observações quase de hora a hora do desenvolvimento de embriões humanos para ver como estes se desenvolvem e organizam até ao 13º dia.

«Este é o estágio mais enigmático e misterioso do desenvolvimento humano», disse Magdalena Zernicka-Goetz, professora da Universidade de Cambridge e co-autora do trabalho. «É um momento no qual a forma básica do corpo é determinada», acrescentou.

O trabalho, apresentado em dois estudos publicados quarta-feira nos jornais científicos Nature e Nature Cell Biology, mostrou como as células que futuramente formarão o corpo humano se auto-organizam na estrutura básica de um embrião humano pós-implantação.

«O desenvolvimento de embriões é um processo extremamente complexo, e embora o nosso sistema possa não ser capaz de reproduzir plenamente cada aspecto deste processo, permitiu-nos revelar uma capacidade de auto-organização notável... que antes era desconhecida», explicou Marta Shahbazi, investigadora da britânica Universidade de Cambridge que participou no estudo.

Robin Lovell-Badge, especialista em células-mãe do também britânico Instituto Francis Crick que não esteve diretamente envolvido no trabalho, disse que este forneceu «um primeiro vislumbre» de como o embrião humano inicial se desenvolve no ponto em que normalmente se implantaria no endométrio, tornando-se invisível e impossível de estudar.

Além de proporcionar um avanço no entendimento da biologia humana, o conhecimento adquirido no estudo destes desenvolvimentos deve ajudar a melhorar os tratamentos de fertilização in-vitro (IVF) e induzir novos progressos no campo da medicina regenerativa, disseram os investigadores.

No entanto, o estudo também chama a atenção para uma lei internacional que impede os cientistas de desenvolver embriões humanos além de 14 dias e sugere que este limite pode ter que ser revisto.

Fonte: DD

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