sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Este Papa é um herege?


Um “herege” e um “sacrílego”, acrescentam os cardeais que, cansados de esperarem por uma resposta à carta que lhe enviaram há dois meses, decidiram torná-la pública. Em causa está a exortação apostólica em que Francisco abre novos caminhos para os divorciados católicos

Nunca se viu nada assim, pelo menos nos tempos modernos. Já se sabe que, dentro do Vaticano, se dizem cobras e lagartos, conservadores e progressistas constantemente a digladiarem-se por tudo e por nada. Mas, até agora, a roupa suja sempre se lavou em privado. Foram raríssimos os casos em que alguma polémica transpirou para fora dos muros, e nunca em letra de forma como agora.

Esta semana, a bomba rebentou em forma de carta, tornada pública pelos quatro cardeais que a enviaram ao Papa, em setembro. Nela colocavam cinco perguntas para as quais pediam apenas “sim” ou “não” como resposta. Em causa estavam dúvidas ou imprecisões quanto à “integridade da fé católica”, escrevem eles que suscitadas, em abril deste ano, pela exortação apostólica Amoris Laetitia (“A alegria do amor”), documento com que Francisco defendeu uma Igreja mais tolerante em relação à família.

Dois meses depois, e vendo que o Papa nada lhes respondia, os cardeais, movidos por uma “preocupação pastoral”, optaram por difundir a carta. Os alemães Walter Brandmüller e Joachim Meisner, o italiano Carlo Caffara e o americano Raymond L. Burke, queixam-se de que o tratado de Francisco provocou uma “grave desorientação e uma grande confusão” entre muitos crentes.

“O Santo Padre decidiu não responder. Interpretamos esta sua soberana decisão como um convite para continuar a reflexão e a discussão, de modo sereno e respeitoso. Por essa razão, damos agora a conhecer a nossa iniciativa a todo o povo de Deus, fornecendo para isso toda a documentação pertinente.”

No tratado, que pretende ser um guia da vida em família, Francisco pede um olhar compassivo para com as “famílias feridas” ou divididas, exortando-se, no capítulo oitavo, os sacerdotes a tratarem com compaixão os católicos divorciados que voltaram a casar-se pelo civil, porque “ninguém pode ser condenado para sempre”. Tratar com compaixão e dar-lhes a comunhão, escreveu agora o Papa, contradizendo expressamente uma encíclica de 1981, de João Paulo II.

Já em abril, vários teólogos e bispos tinham chamado a atenção para as imprecisões que encontraram no tratado, imprecisões essas que dariam azo a interpretações “contrastantes” da doutrina. E, em julho, 45 teólogos e eclesiásticos escreveram uma primeira carta ao Papa. Os mais conservadores sustentam que as propostas de Francisco são em parte “sacrílegas” e “podem justificadamente ser consideradas heréticas”, como escreveu Steve Skojec, fundador e diretor da publicação católica One Peter Five.

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