quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Açoriano ajuda a desvendar a misteriosa onda detectada na atmosfera de Vénus



Durante cinco dias, o satélite meteorológico Akatsuki, da agência espacial japonesa (JAXA), registou imagens de um estranho fenómeno na atmosfera de Vénus: um arco brilhante que se estendia por mais de dez mil quilómetros e que, surpreendentemente, se manteve imóvel na agitada atmosfera do planeta.

Vista como uma anomalia, a "onda" esteve parada no mesmo local na atmosfera superior de Vénus, apesar dos fortes ventos existentes (360 km/h) ao seu redor. Descartada a hipótese de se tratar de uma onda termal ou de um erro nos instrumentos, os investigadores concluíram que se tratava, provavelmente, de uma onda gravítica (uma oscilação na densidade, pressão, velocidade ou temperatura, que se propaga pela atmosfera), revelando esta conclusão num estudo publicado na revista Nature Geoscience na passada segunda-feira.

Conforme o estudo publicado, os Astrónomos dizem acreditar que a formação, observada desde a nave espacial japonesa Akatsuki, terá sido gerada de modo “muito semelhante” às ondulações formadas quando a água flui sobre rochas num leito de riacho. No caso específico do planeta Vénus, este fenómeno climático emana da região montanhosa na superfície e consegue bloquear os fortes ventos na atmosfera superior, 65 km acima da superfície Venusiana.

Algumas semanas após as observações, o fenómeno deixou de ser visível na atmosfera de Vénus.
Assim, os investigadores esperam poder voltar a observar a anomalia no futuro, de modo a poderem estudá-la melhor.

ASTRÓNOMO AÇORIANO AJUDA A DESVENDAR O MISTÉRIO

A investigação em torno deste fenómeno misterioso conta com a participação do professor português, nascido nos Açores, Pedro Machado, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, que está a colaborar com a Jaxa. O cientista, especialista em Vénus, acredita que este novo mistério, que está a desafiar os investigadores, está relacionado com as ondas em Y, mas para já é apenas uma possibilidade sem qualquer evidencia científica.


O especialista em Vénus explica, em declarações à TSF (carregue para ouvir a entrevista), que acredita que o mistério está relacionado com as ondas em Y de Vénus. Para ajudar a perceber melhor o fenómeno, Pedro Machado compara o caso a um rio percorrido por “um pato que está a nadar ao longo do ribeiro”. O pato “vai criar uma onda em forma de Y e que, no fundo, é uma onda que se propaga quando temos um meio fluído que tem umas barreiras”.

“Neste caso são as margens de um rio e, no caso de Vénus, são as dunas dos vórtices solares, onde o ar é tão mais frio que tem uma circulação atmosférica tão diferente que funciona como uma barreira”, nota o cientista português.

“Esta diferença de densidades é como se fossem margens, onde, entre elas, nas latitudes médias, se descolasse a atmosfera de Vénus”, pelo que é como se um “pato gigante” propagasse estas “ondas em forma de Y deitado”, conclui Pedro Machado.

Entrevista do astrónomo açoriano Pedro Machado sobre este fenómeno: TSF

Fonte e notícia completa: Público | ZAP

Artigo Científico: Nature

Fonte: OASA

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