quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Cientistas misturam homem e porco e criam animal híbrido


Investigação quer criar órgãos humanos dentro de animais para transplantes

Cientistas criaram embriões de um animal híbrido que tem genes de humanos e porcos, numa investigação que pretende fazer crescer órgãos humanos em animais para serem usados em transplantes.

A criação desta quimera - uma referência aos monstros da Grécia Antiga que eram a mistura de dois ou mais animais - é tida pela comunidade científica como um grande passo na produção de órgãos humanos, saudáveis e compatíveis com os pacientes.


"O principal objetivo é criar tecidos ou órgãos funcionais e que possam ser transplantados, mas ainda estamos longe disso. É um importante primeiro passo", disse Juan Carlos Izpisua Belmonte, investigador do Instituto Salt para Estudos Biológicos, na Califórnia. Estes órgãos poderiam ser usados ainda para testar medicamentos e tratamentos em segurança.


Para isso, os cientistas colocaram células estaminais de humanos em embriões de porcos. Daí resultaram dois mil híbridos que foram implantados nos suínos. Desenvolveram-se mais de 150 embriões que eram maioritariamente porco e tinham cerca de 10 mil células humanas, segundo um artigo na revista científica Cell.


Um dos desafios da investigação foi calcular o tempo, pois a gravidez dos porcos demora apenas 112 dias, em comparação aos nove meses necessários na gravidez humana para o desenvolvimento dos embriões.

Ainda assim, Belmonte revelou que os embriões foram retirados ao 28º dia, na altura do fim do primeiro trimestre de gravidez. "Isto foi o suficiente para tentarmos perceber como as células humanas e suínas se misturam no princípio sem levantarmos questões éticas sobre animais quiméricos adultos", explicou o investigador, segundo o Guardian.

Este estudo reacendeu as discussões éticas e os receios sobre os animais híbridos, com várias pessoas a questionarem se estas quimeras terão aparência humana ou se terão as capacidades intelectuais dos homens. Alguns apontam ainda o risco de surgirem animais inteligentes que consigam escapar dos laboratórios.

Belmonte afirma que estas questões são motivadas por mitos e defende que todas as experiências são realizadas em locais meticulosamente controlados.

A equipa espera no futuro conseguir desativar certos genes dos porcos para conseguir órgãos com tecido celular totalmente humano. Desta forma, os cientistas poderiam também fazer o contrário e, por exemplo, garantir que o cérebro da quimera não tem células humanas.

"Não vimos nenhuma célula humana na região do cérebro, mas não podemos excluir a possibilidade de algumas terem ido para o cérebro", afirmou Belmonte, acrescentando que neste estudo a inteligência da quimera não foi uma preocupação pois elas foram destruídas com 28 dias.


Fonte: DN

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...