sábado, 14 de janeiro de 2017

Uma pequena versão do inferno existe em Ohio, nos Estados Unidos


Cientistas criaram o que pode ser chamado de uma versão em pequena escala do inferno dentro de uma sala de concreto, em Ohio, Cleveland-EUA. O ambiente, totalmente sem janelas, é chamado de “Glenn Extreme Environments Rig” (GEER), e trata-se de uma câmara de aço de 14 toneladas que tem como objectivo recriar fielmente as condições tóxicas, sufocantes e escaldantes da superfície de Vénus – um planeta que há muito tempo pode ter sido habitável para os nosso padrões.

Cientistas do Centro de Pesquisa Glenn, na NASA, onde está localizado o GEER, desenvolveram o projeto durante os últimos cinco anos, e ele foi colocado em prática pela primeira vez em 2014. Desde então, os pesquisadores expandiram seus testes e expuseram todos os tipos de metais, cerâmica, fios, malha, revestimentos e aparelhos electrónicos às condições, para ver aquilo que resiste e o que é dissolvido.

O objetivo? Aprender a construir espaço naves que consigam durar meses ou até mesmo anos em Vénus, em vez de serem destruídas quase instantaneamente. “Uma das últimas sondas que visitaram Vénus foi a Venera 13, em 1982, e ela sobreviveu apenas por 2 horas e 7 minutos”, disse Gustavo Costa, químico e cientista de materiais envolvido com o trabalho do GEER.

Até que uma espaço nave moderna penetre a atmosfera do planeta e explore sua superfície, o GEER é a melhor maneira de entender como as coisas devem funcionar por lá. “É como o inferno na Terra“, disse Costa.

Vénus tem suas semelhanças com a Terra, e já teve muito mais. Trata-se de um planeta rochoso e possui 82% da massa e 90% da gravidade da Terra. O planeta também tem uma atmosfera persistente e orbita na zona habitável do sol – onde a água pode existir em forma líquida. Alguns pesquisadores acreditam que antigamente o planeta foi possuía oceanos quentes e rasos, que podiam ser abrigar vida por cerca de 2 biliões de anos. Mas quando a água desapareceu, o dióxido de carbono começou a obstruir a atmosfera, e – devido ao aquecimento global descontrolado -, O planeta acabou “cozinhando”.

NASA

Em suma, Vénus hoje em dia pode ser considerado o lugar mais inóspito do sistema solar, e simultaneamente um modelo interessante para ser analisado no sentido de entender nosso próprio planeta. E sabemos disso graças às missões de sucesso que já foram feitas no planeta, a maioria lideradas pela União Soviética. Os dados transmitidos por essas naves mostram que o ar da superfície venusiana é quase 97% de dióxido de carbono, cerca de 100 vezes mais espesso do que a atmosfera terrestre, e possui temperatura de cerca de 864ºC. Isso é o dobro da temperatura necessária para queimar a madeira e quente o suficiente para derreter chumbo.

Arame de metal antes e depois de entrar na câmara. / GEER/NASA Glenn Research Center; Business Insider

Mas como é, de fato, estar na superfície, e o que acontece aos materiais e às naves espaciais que ousam descer lá, ainda não é bem claro.

O GEER reúne tudo o que os pesquisadores sabem sobre as condições da superfície de Vênus em uma câmara capaz de suportar 800 litros. Uma máquina combina os gases conhecidos de Vênus e um poderoso aquecedor aumenta a temperatura. “Demora dois dias e meio para aquecer e cinco dias para esfriar”, disse Leah Nakley, engenheira líder da GEER, em entrevista ao Business Insider.

A câmara GEER aberta / GEER/NASA Glenn Research Center

Costa diz que uma das coisas que ele percebeu trabalhando com a GEER é que a atmosfera de Vénus realmente é muito estranha. “É uma mistura de fluídos super críticos, não apenas gás”, disse. Fluídos super críticos comportam-se como um gás e um líquido ao mesmo tempo. Se você bebe café descafeinado, por exemplo, você se beneficia desses fluídos. O dióxido de carbono em estado super crítico normalmente penetra nos grãos de café e retira a maior parte da cafeína presente por lá.

Costa diz que se alguém tentasse caminhar na superfície de Vénus, teria que atravessar um ar extremamente grosso, como uma piscina de água, a uma pressão equivalente à que sentimentos a 100 metros abaixo d’água. Uma pequena brisa de alguns quilómetros por hora seria sentida como uma onda. Mas a atmosfera de Vénus também possui vestígios de fluoreto de hidrogénio, cloreto de hidrogénio, sulfato de hidrogénio e ácido sulfúrico, que são produtos químicos extremamente perigosos.

O Japão é actualmente a única nação com uma espaço nave rondando Vénus, a Akatsuki, que orbita o planeta, sem condições de descer.

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