terça-feira, 21 de março de 2017

Arqueólogos descobrem provas de canibalismo na Península Ibérica


Vestígios de antropofagia com cerca de dez mil anos

Habitantes da Península Ibérica recorreram ao canibalismo durante o período Mesolítico, há cerca de dez mil anos, segundo um estudo arqueológico agora publicado.

Em causa estão os vestígios encontrados durante a escavação das Grutas de Santa Maira, no sul de Espanha - a 120 quilómetros de Valência - e publicados este mês no Journal of Anthropological Archaeology.

No artigo assinado por Juan V. Morales-Pérez, da Universidade de Valência, e outros sete especialistas, são descritas ossadas humanas com marcas que indiciam o que o artigo chama de "práticas antropofágicas".

Análises de datação através de carbono permitem concluir tratar-se de pelo menos dois casos diferentes de canibalismo, ocorridos há 9 ou 10 mil anos.

Na gruta foram encontrados 30 fósseis diferentes de ossos humanos, mas os crânios encontrados pertencem a apenas três indivíduos - um maior e mais pesado, outro mais pequeno e uma criança.

Ainda que este último não apresente vestígios de canibalismo, os outros dois têm, pelo que parece inevitável concluir que pelo menos estas duas pessoas foram comidas.

Os especialistas não afastam a possibilidade de terem existido outros casos do género naquele local.

O período do Mesolítico foi complicado para os homens na Europa. Foi uma época de transição, de uma subsistência puramente recoletora e nómada para uma vida mais sedentária. Os grupos mais bem sucedidos inventaram ferramentas e, a prazo, a agricultura e a pecuária. Mas muitas tribos passaram grandes dificuldades com a escassez de recursos naturais decorrentes, em parte, do clima: a Terra saía de um período glaciar mas as latitudes europeias ainda não tinham aquecido o suficiente para permitir uma natureza abundante.

No entanto, não é claro se os casos descritos de canibalismo tiveram origem num estado de necessidade ou se antes se tratou de uma atividade ritualística, religiosa.

O que parece certo, segundo o estudo, é que os indivíduos foram comidos já depois de mortos, uma vez que não têm sinais de violência. Resta saber se foram abatidos para o efeito ou se morreram de outras causas.

Fonte: DN

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