quinta-feira, 2 de março de 2017

Quatro novas espécies endémicas de escaravelhos descobertas em zonas remotas de floresta dos Açores

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Foi publicado no passado dia 25 de Fevereiro um artigo científico que descreve quatro novas espécies de escaravelhos endémicos dos Açores, mais concretamente o Tarphius relictus sp. nov. (Terceira), o Tarphius furtadoi sp. nov. (São Jorge, Faial and Pico), o Tarphius gabrielae sp. nov. (Pico) e o Tarphius floresensis sp. nov. (Flores).

Descobertos pelo investigador da Universidade dos Açores, Paulo A. V. Borges, os escaravelhos em causa pertencem a um grupo de organismos, os Tarphius, que têm o seu principal foco na Macaronésia. Só esta zona concentra 74 espécies destes organismos, sendo que há, depois, em muito menor número, organismos deste grupo encontrados no continente europeu.

Segundo o investigador explicou ao nosso jornal “até recentemente, apenas algumas espécies de Tarphius eram conhecidas dos Açores. No entanto, nas últimas três décadas, os esforços para examinar a fauna de artrópodes em lugares remotos (por exemplo, floresta de louro denso em alta altitude e lugares inacessíveis) desafiaram essa visão. Doze espécies de Tarphius são agora registadas para os Açores, incluindo quatro novas espécies descritas nesta contribuição. 

Este trabalho destaca a importância de combinar o trabalho de campo a longo prazo, amostragem padronizada cobrindo muitos habitats e ilhas, observações de história natural, morfometria e estudos moleculares para a compreensão de um género complexo com muitas espécies”. 

A Tarphius relictus Borges & Serrano, 2017, é uma espécie restricta ao Biscoito das Fontinhas na Ilha Terceira. Muito rara; a Tarphius furtadoi Borges & Serrano, 2017, uma espécie que ocorre no Pico, Faial e São Jorge nas florestas naturais; quanto à Tarphius Gabriela e Borges & Serrano, 2017; trata-se de uma espécie que ocorre no Pico, nas florestas naturais da Lagoa do Caiado e a Tarphius floresensis Borges & Serrano, 2017, trata-se de uma espécie que ocorre nas Flores, nas florestas naturais do Morro Alto e Pico da Sé, e na Caldeira Funda.

Os cientistas da Universidade dos Açores e de outras academias assinam o artigo intitulado “Cryptic diversity in Azorean beetle genus Tarphius Erichson, 1845 (Coleoptera: Zopheridae): An integrative taxonomic approach with description of four new species. Zootaxa, 4236: 401-449. DOI: 10.11646/zootaxa.4236.3.1 (IF2015: 0,994; Q2 Zoology). 

Paulo Borges explica ainda que “algumas das 12 espécies de Tarphius açorianos são particularmente abundantes, nomeadamente aquelas que vivem no solo e que ocorrem em algumas das manchas maiores e bem preservadas de floresta nativa: Tarphius floresensis sp. nov. (Flores Isl.), Tarphius furtadoi sp. nov. (Pico, Faial e S. Jorge Isls.) e Tarphius tornvalli (São Miguel Isl.). 

No entanto, mesmo essas espécies podem ser ameaçadas devido ao rápido avanço de plantas invasoras em florestas nativas dos Açores, que estão mudando a estrutura do solo florestal com impacto desconhecido em comunidades endémicas de artrópodes. De facto, em 2010 observamos distúrbios em muitos locais em comparação com as observações feitas uma década antes, com a disseminação de plantas invasoras. Em duas das ilhas, Corvo e Graciosa, não existe floresta nativa, e todos os esforços de amostragem na vegetação exótica não foram bem sucedidos na captura de espécies de Tarphius”.

Nos Açores, o trabalho em torno destes organismos teve início há mais de 20 anos. Em 1991 foram descritos dois novos escaravelhos, e agora, depois de uma investigação de 10 anos na floresta primitiva do arquipélago, foram encontradas e descritas quatro novas espécies que se juntam às oito já identificadas e descritas.

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