quinta-feira, 15 de março de 2018

Guardar memórias. É possível, mas tem como efeito secundário a morte


Start-up americana promete preservar o cérebro. Serviço custa 10 mil dólares e já tem 25 pessoas em espera

Já pensou que todas as suas memórias podem um dia ser mostradas numa simulação de computador, já depois de ter morrido. Sim, é um episódio da série Black Mirror (Netflix), onde quem morre pode decidir viver para sempre num mundo de realidade virtual, mas é também a proposta da empresa Nectome.

A start-up norte-americana promete "preservar" o nosso cérebro "intacto o suficiente de forma a manter todas as memórias inalteradas": "Do grande capítulo do vosso livro favorito à sensação de ar frio no inverno, cozinhar uma tarte de maçã, ou jantar com os seus amigos e família", pode ler-se no site da empresa.

Para já, e dentro das possibilidades científicas atuais, o que a Nectome se propõe fazer é preservar o cérebro e tentar reativar estas memórias quando a tecnologia estiver disponível. "Acreditamos que no decorrer deste século vai ser possível digitalizar esta informação e usá-la para recriar a sua consciência", referem, no site.

"Acreditamos que no decorrer deste século vai ser possível digitalizar esta informação e usá-la para recriar a sua consciência"

O único senão: preservar o cérebro com as ligações intactas implica a morte. Por isso, a empresa está a tentar trabalhar com doentes terminais, com o objetivo de ligá-los às máquinas de suporte de vida e através delas injetar as suas misturas embalsamantes pela carótida, enquanto os clientes ainda estão vivos, mas sob efeito de anestesia geral.

"O produto é 100% letal", assumiu Robert McIntyre, co-fundador da empresa à MIT Tecnhology Review. Este grande senão, não tem sido impedimento para que o negócio avance. O processo custa para já 10 mil dólares (8080 euros) e está a ser criada uma lista de espera, que já conta com 25 interessados. A qualquer momento, os inscritos podem pedir o dinheiro de volta.

Sam Altman, de 32 anos, é um dos inscritos no programa. E é também um dos criados do programa Y Combinator, que apoia o lançamento de empresas fora da caixa. Estiveram no lançamento da Dropbox e do Airbnb. Na próxima semana, será a vez da nectome fazer uma apresentação do seu negócio, durante os "demo days" da Y Combinator.

O processo de preservação do cérebro demora cerca de seis horas e é levado a cabo numa sala mortuária. "Olhamos para o nosso trabalho como uma forma elegante de embalsamento que preserva não só os detalhes externos, como os detalhes internos" do cérebro, explica Robert McIntyre.

Até estar tudo a postos para vivermos para sempre na realidade virtual, resta-nos ir espreitanddo como poderá ser essa vida. Tal como fez o episódio" San Junipero", da terceira temporada da série Black Mirror.


Fonte: DN

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