domingo, 3 de junho de 2018

Equipa portuguesa desenvolve técnica que reduz riscos na remoção de tumores cranianos

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Um professor de Neurorradiologia da Universidade do Algarve (UAlg) está a implementar em Portugal uma técnica criada por uma equipa multidisciplinar que permite reduzir os riscos cirúrgicos na remoção de tumores na base do crânio.

Segundo Pedro Gonçalves Pereira, trata-se de um desenvolvimento avançado da técnica de Tractografia por Ressonância Magnética que é aplicada no planeamento cirúrgico destes tumores, que representam 10% a 15% de todos os tumores intracranianos, para identificar e preservar os nervos cranianos durante a cirurgia.

“Os tumores ao crescerem acabam por interferir com a função dos nervos e o cirurgião, quando os aborda, só tem a perceção da localização dos nervos que estão desviados quando está a remover o tumor”, explicou o médico à Lusa, acrescentando que a nova técnica permite conhecer a localização do desvio dos nervos antes da cirurgia.

De acordo com o docente do Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina da UAlg, na técnica de ressonância que existia até há poucos anos “essa diferenciação antes da cirurgia não era conseguida”, causando, em alguns casos, o corte inadvertido de um nervo, com “implicações definitivas” para o doente.

“Acontece em alguns episódios infelizes, não são muitos, mas acontecem. O doente tira um tumor e fica sem a função de um nervo que estava nas proximidades, como o nervo facial, o que fica para sempre”, referiu o investigador, sublinhando que esta técnica permite reduzir esse risco.

Por outro lado, sublinha, o tipo de tecido nervoso do tumor em relação ao nervo “é muito parecido”, não sendo fácil distinguir pelo cirurgião apenas pela observação visual, o que faz com que esta diferenciação, através de imagens, torne as cirurgias mais seguras e mais rápidas.

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Pedro Gonçalves Pereira

“Conseguem obter-se imagens de estruturas nervosas que têm menos de um milímetro de diâmetro, que são, em norma, difíceis de visualizar, ainda mais quando há um tumor a comprimi-las ou a desviá-las”, indicou.

O método permite obter as imagens em aproximadamente seis minutos, quando existem centros que demoram 40 minutos a obter a mesma informação.

Pedro Gonçalves Pereira é o único neurorradiologista em Portugal a usar esta técnica, que podia estar disponível “em qualquer serviço de Neurocirurgia que tenha ressonância moderna”, pelo menos dos últimos dez anos.

“Não há motivo para eu continuar a ser a única pessoa do país que faz isto, idealmente devia ser feito em todo o país”, concluiu.

Além de estar disponível num hospital de Lisboa, a técnica apenas é usada em poucos centros de neurociências da Europa e dos Estados Unidos da América.

O trabalho foi desenvolvido por uma equipa multidisciplinar, que envolveu neurorradiologistas de Lisboa, neurocirurgiões de Lisboa, Porto, Coimbra e Funchal e uma equipa de investigação da UAlg que trabalhou na validação científica da técnica.

Fonte: ZAP

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