O tempo vai passando e cada vez mais nos vamos esquecendo de algumas coisas que em tempos nos chamaram a atenção e que a memória (já não é o que era) nos vai pregando partidas.
Nos anos 70, que não consigo precisar concretamente se foi 70 ou 71 ou quem sabe 72, passou-se algo de insólito, nos céus de Henrique de Carvalho (A.B.4) que me tem trazido á memória imagens tão reais como se as estivesse agora a ver, imagens essas que queria corroboradas por mais camaradas que também as tivessem presenciado.
Como disse, não consigo lembrar-me da data, mas o que se passou foi o seguinte:Certa noite, pelas 23 horas, mais coisa menos coisa, pois penso que tinha chegado da cidade no transporte da Base, havia imensos camaradas de olhos postos no céu, a que se juntou mais um (eu), pois realmente algo de estranho se passava. O que vi, foram quatro luzes, “objectos”posicionadas nos quatro pontos cardeais, que emitiam por sua vez, tonalidades de luz, penso que passando por todas a que conhecemos, e parecendo que se comunicavam entre si. No firmamento, evoluíam outros dois pontos de luz, ”objectos”, a grande altitude de forma quase paralela entre si, parecendo que se deslocavam fazendo com que um V. Lembro-me que nessa altura, os pequenos rádios que quase todos nós tínhamos, faziam imenso ruído e que nada se percebia da emissão que estava no ar. Penso que este período de tempo foi “talvez” de meia hora, apesar de ter parecido uma eternidade, a confusão que gerou tal fenómeno. Estas “luzes” estimava-se que estivessem estacionadas a cerca de 40mil/pés, isto, para quem pela linha do horizonte, conseguia ler distâncias, sendo que as outras duas estivessem bem lá no “cimo”. Recordo, ainda que de forma menos clara, do pedido feito por H.C. ao Luso, para o envio de um PV2 para intercepção dos referidos “objectos”. Mais tarde, porque para isso não tive acesso, foi falado à boca cheia, que teria sido enviado um PV2 para tal efeito e que em aproximação a H.C. teria dito que, estaria nessa estação em poucos minutos. Após esta informação, teriam os respectivos ”objectos” subido para um tecto de cerca de 80mil/pés, impossível de atingir para o PV2.Também nessa altura, creio ter sido solicitado o envio de apoio Sul -Africano dos aviões Camberra, que teriam tecto para a possível perseguição.
Quando o PV2 indica que não tem qualquer possibilidade de atingir aquele tecto,” penso” que depois de tentar atingir o máximo da sua possibilidade e é obrigado a descer, os ditos “objectos” efectuam uma manobra de segundos, até atingirem as mesmas posições ,onde originalmente se encontravam. Quanto aos Camberra não sei o que se passou com eles.
Quando o PV2 indica que não tem qualquer possibilidade de atingir aquele tecto,” penso” que depois de tentar atingir o máximo da sua possibilidade e é obrigado a descer, os ditos “objectos” efectuam uma manobra de segundos, até atingirem as mesmas posições ,onde originalmente se encontravam. Quanto aos Camberra não sei o que se passou com eles.
Nota: Estas informações sobre o pedido de intervenção de meios aéreos foram-me transmitidas posteriormente, pelo que é apenas relato do que ouvi.
Após a situação descrita, ainda houve um período de tempo em que os “objectos” pareciam “falar” entre si, com a evolução de troca de sinais de luzes (seria?).Lembro-me também, como se fosse no presente, que antes de este estranho fenómeno desaparecer, se criou uma neblina, tão intensa que não nos permitiu ver o desaparecimento do “objectos”.Quando se dissipou a neblina, mais um estranho acaso se verificou. Os rádios voltaram a funcionar normalmente. Como é normal, troquei impressões com outros camaradas que também se recordam de algumas coisas, deste episódio. Mas que a memória não traz tudo (40 anos é muito tempo). Para alguns, isto nada dirá, a outros que porventura tenham tido esta vivência desencadeará se calhar, memórias á muito esquecidas. Pensei que pudesse avivar e trazer este alguns destes “farripas “ e se possa escrever mais uma página da nossa memória colectiva.
Todas e quaisquer informações que houver deste “cenário” agradecemos que nos seja enviado.
OBS.Tive conhecimento que este fenómeno foi relatado por um avião da TAP, mas não tenho confirmação
OBS.Tive conhecimento que este fenómeno foi relatado por um avião da TAP, mas não tenho confirmação
Durante o tempo que mediou este escrito e a sua posterior edição, foi solicitado através de e-mail enviado pelo nosso amigo A. Neves, a todos os ex-camaradas (que constam da nossa base de dados) e tivessem também assistido ao fenómeno, o favor de enviar o seu comentário para que também fosse inserido neste espaço. Recebemos vários testemunhos.
TORRE DO A.B.4 |
Testemunhos:
Eu recordo-me desse acontecimento.
Para mim foi em finais de 71, princípio de 72.
De facto, naquela noite algo de anormal se passou nos cèus de HC, não tenho a certeza da quantidade, eram vários com a tal luminosidade diferente das estrelas, com mutação de cores.
Houve períodos em que se movimentavam e depois voltavam a fixar.
Recordo--me também, do que relatas quanto ao PV2 e das várias opiniões que a malta expressava, que eram helicópteros experimentais, etc.
Estás a ver aquelas cenas do costume em que todo o pessoal dá o seu palpite e para mais aquela hora !!!
Certo, é que motivou uma noitada diferente e razão para se beber mais umas Nocais, que aquela coisa de estar muito tempo a olhar para o céu a ver estrelas e ovnis enquanto se aguardava por PV2s e Camberras, fazia uma sede do caraças.
A.NevesEABT
De facto, naquela noite algo de anormal se passou nos cèus de HC, não tenho a certeza da quantidade, eram vários com a tal luminosidade diferente das estrelas, com mutação de cores.
Houve períodos em que se movimentavam e depois voltavam a fixar.
Recordo--me também, do que relatas quanto ao PV2 e das várias opiniões que a malta expressava, que eram helicópteros experimentais, etc.
Estás a ver aquelas cenas do costume em que todo o pessoal dá o seu palpite e para mais aquela hora !!!
Certo, é que motivou uma noitada diferente e razão para se beber mais umas Nocais, que aquela coisa de estar muito tempo a olhar para o céu a ver estrelas e ovnis enquanto se aguardava por PV2s e Camberras, fazia uma sede do caraças.
A.NevesEABT
Caros
O meu testemunho
Em 1970, estava destacado no AM44 ( Luso, destacamento de H.C.) com mais dois colegas que não me recordo o nome.
Todos os dias pelas 21h00, era obrigatório fazermos o QRX com o A.B.4 (XXR34) endereço radiotelegráfico.
Liguei a fonia e a grafia
Qual o meu espanto, que o circuito (fonia) estava um autentico delírio; o Controlador de serviço em H.C. era um individuo baixo com uns grandes bigodes e quando chegava ao circuito o seu grito de guerra era “AIKAMOCA AIKAMOCA chama chama”. Não me recordo do nome, mas lembro-me que o meteorologista Helder Guedelha de Castelo Branco era amigo dele.
Bem, como já disse, o circuito estava um delírio e todos gozavam com o AIKAMOCA pois pensavam que o homem estava na torre de controle com uma grande piela, o que não era difícil…
Lembro-me, que a narrativa aqui feita pelo Aníbal de Oliveira, é precisa. Melhor, é impossível.
O que se passou nessa noite foi fantástico, acontece que no Luso, nessa altura, não havia nenhum PV2 , lembro-me que estava em missão (???)
O que acontece é que o AIKAMOCA nessa noite devia estar histérico e pedia tudo e mais alguma coisa, inclusive os F´s que estavam na BA9 em Luanda.
Dizia, que eram três OVNIS e que vinham atacar o A.B.4, baixavam e levantavam e ainda se deslocavam para a direita e esquerda.
Depois, eram todos os RT´s que estavam em QRX, lembro-me do destacamento em Gago Coutinho, penso que seria o Gaspar que lá estava, que metiam a sua “colher” a gozar com o AIKAMOCA, isto foi um pouco longe de mais, uma vez que, como todas as pessoas sabem, as ondas Hertzianas de noite propagam-se com mais facilidade e com o tecto (céu) limpo ainda se propagam melhor e a comunicação chega mais longe e limpa.
Entretanto, um RT de Moçambique, e que estava em Lourenço Marques, apanhou toda esta conversa e meteu-se na frequência a dizer que fazia parte da tripulação do OVNI, foi um pandemónio… e este queria falar com o AIKAMOCA através de morse, aí, resolvi entrar em contacto com ele, e pediu-me para escutar (QAP) em (CW) morse, o qual me informou ser o Modesto. (Seria mesmo o Modesto??) O Modesto era Alentejano e este não tinha voz Alentejana. Informei-o que isto estava a ir longe demais e que o meu Comandante estava presente (o que era mentira), então ele teve receio, calou-se e saiu do circuito.
Para agravar a situação, entrou em cena um outro operador, que dizia ser de um voo da TAP, e confirmava tudo o que o AIKAMOCA dizia, e via perfeitamente a movimentação dos OVNIS, e que a F.A. tinha de tomar uma posição o mais rapidamente possível.
O AIKAMOCA delirava, e já não sabia o que fazer mais, mandou chamar o Oficial de Dia para ir à Torre de Controle. Esta não posso testemunhar, mas ele disse que o ia fazer.
Um episódio próprio do RECAMBOLL.
Bem, nessa noite foi uma tourada, só regressei com o motorista e outro colega (?) Casca??, já passava das 22h30, viemos para a cidade, e já não fomos ao cinema como estava previsto.
Já na esplanada dos gelados em frente ao Hotel Luso, e depois de ter narrado o romance a todos os presentes, estes não acreditaram no que estava a contar e que era invenção minha. Calei-me, e esqueci esse EPISÓDIO DELIRANTE , que só veio agora a lume, por ter lido este inóspito incidente cuja acção narrativa é de uma obra literária ou artística, de factos verdadeiros e notáveis.
P.S.: Fiquei sempre na dúvida se isto aconteceu mesmo, ou se o AIKAMOCA, com o seu liberalismo quis desestabilizar um pouco o sistema.
Não sei se ele foi chamado á atenção,
O que sei é que ele com o seu saber a sua frontalidade e a sua veia artística e revoltada, era bem capaz de fazer um romance numa noite inolvidável em HENRIQUE DE CARVALHO
O meu testemunho
Em 1970, estava destacado no AM44 ( Luso, destacamento de H.C.) com mais dois colegas que não me recordo o nome.
Todos os dias pelas 21h00, era obrigatório fazermos o QRX com o A.B.4 (XXR34) endereço radiotelegráfico.
Liguei a fonia e a grafia
Qual o meu espanto, que o circuito (fonia) estava um autentico delírio; o Controlador de serviço em H.C. era um individuo baixo com uns grandes bigodes e quando chegava ao circuito o seu grito de guerra era “AIKAMOCA AIKAMOCA chama chama”. Não me recordo do nome, mas lembro-me que o meteorologista Helder Guedelha de Castelo Branco era amigo dele.
Bem, como já disse, o circuito estava um delírio e todos gozavam com o AIKAMOCA pois pensavam que o homem estava na torre de controle com uma grande piela, o que não era difícil…
Lembro-me, que a narrativa aqui feita pelo Aníbal de Oliveira, é precisa. Melhor, é impossível.
O que se passou nessa noite foi fantástico, acontece que no Luso, nessa altura, não havia nenhum PV2 , lembro-me que estava em missão (???)
O que acontece é que o AIKAMOCA nessa noite devia estar histérico e pedia tudo e mais alguma coisa, inclusive os F´s que estavam na BA9 em Luanda.
Dizia, que eram três OVNIS e que vinham atacar o A.B.4, baixavam e levantavam e ainda se deslocavam para a direita e esquerda.
Depois, eram todos os RT´s que estavam em QRX, lembro-me do destacamento em Gago Coutinho, penso que seria o Gaspar que lá estava, que metiam a sua “colher” a gozar com o AIKAMOCA, isto foi um pouco longe de mais, uma vez que, como todas as pessoas sabem, as ondas Hertzianas de noite propagam-se com mais facilidade e com o tecto (céu) limpo ainda se propagam melhor e a comunicação chega mais longe e limpa.
Entretanto, um RT de Moçambique, e que estava em Lourenço Marques, apanhou toda esta conversa e meteu-se na frequência a dizer que fazia parte da tripulação do OVNI, foi um pandemónio… e este queria falar com o AIKAMOCA através de morse, aí, resolvi entrar em contacto com ele, e pediu-me para escutar (QAP) em (CW) morse, o qual me informou ser o Modesto. (Seria mesmo o Modesto??) O Modesto era Alentejano e este não tinha voz Alentejana. Informei-o que isto estava a ir longe demais e que o meu Comandante estava presente (o que era mentira), então ele teve receio, calou-se e saiu do circuito.
Para agravar a situação, entrou em cena um outro operador, que dizia ser de um voo da TAP, e confirmava tudo o que o AIKAMOCA dizia, e via perfeitamente a movimentação dos OVNIS, e que a F.A. tinha de tomar uma posição o mais rapidamente possível.
O AIKAMOCA delirava, e já não sabia o que fazer mais, mandou chamar o Oficial de Dia para ir à Torre de Controle. Esta não posso testemunhar, mas ele disse que o ia fazer.
Um episódio próprio do RECAMBOLL.
Bem, nessa noite foi uma tourada, só regressei com o motorista e outro colega (?) Casca??, já passava das 22h30, viemos para a cidade, e já não fomos ao cinema como estava previsto.
Já na esplanada dos gelados em frente ao Hotel Luso, e depois de ter narrado o romance a todos os presentes, estes não acreditaram no que estava a contar e que era invenção minha. Calei-me, e esqueci esse EPISÓDIO DELIRANTE , que só veio agora a lume, por ter lido este inóspito incidente cuja acção narrativa é de uma obra literária ou artística, de factos verdadeiros e notáveis.
P.S.: Fiquei sempre na dúvida se isto aconteceu mesmo, ou se o AIKAMOCA, com o seu liberalismo quis desestabilizar um pouco o sistema.
Não sei se ele foi chamado á atenção,
O que sei é que ele com o seu saber a sua frontalidade e a sua veia artística e revoltada, era bem capaz de fazer um romance numa noite inolvidável em HENRIQUE DE CARVALHO
Um abraço a todos
J.D.ErnestoOPC
*Também me lembro desse acontecimento, poderá ter sido outro mas sendo 71/72 deve de ser o mesmo. Estava de serviço em Luanda, no Comando da Região Aérea, quando chegou a informação dos OVNIS que estariam á vertical de Henrique de Carvalho. Recordo-me que, de Luanda, foram enviadas instruções para descolarem meios aéreos, a partir do Luso, a fim de observarem e interceptarem esses ovnis.Creio que esses meios não chegaram a descolar.Mais tarde veio a informação que os ovnis tinham desaparecido e tudo voltou ao normal.
Um abraço
Pedro GarciaOPC
Pedro GarciaOPC
*Aníbal eu recordo isso e segundo me parece, antecedeu a crise de doença quase colectiva, que se instalou em que poucos não caíram á cama e um dia ou dois depois foi enviada uma equipa de médico de Luanda com medicamentos e alguns de nós (lembro-me do falecido Bilinhos que não largou a cadela durante esses dias) íamos com os médios visitar todos os acamados e distribuir medicamentos. Tenho a ideia que a manutenção não abriu e os outros serviços também não funcionaram
UmAbraço
Raposeiro "Jesu"MMA
Raposeiro "Jesu"MMA
*Pois amigos eu penso que isso se passou antes de Fevereiro de 1971, pois foi nessa data que os PV´s passaram de Luanda para H.C., e eu fui com eles, portanto se chamaram o PV do Luso, era porque ainda não estavam baseados em H.C.
Manuel PratesMRAD
Manuel PratesMRAD
*Nada vi do que contais, pois decerto já estaria casado e a viver na cidade...
O que vos posso relatar é que, estando eu numa noite com o Félix na Torre de Controlo... apareceu-nos um gringo qualquer a chamar-nos em 'Sierra 2', dando-nos bailarico...
Naturalmente o Féliz pediu que se identificasse, nada logrando com isso...
FAP Luanda que estava, como nós, à escuta, também entrou no ar, já que tudo se ouvia 5/5, por todos...
O dito cujo, fosse ele quem fosse, às tantas calou-se...
O estranho é ter ele entrado numa nossa frequência classificada.
Dizer-vos-ei, para terminar, que estou à vontade sobre UFO's ou OVNIS, pois tais Naves sempre existiram... e, hoje em dia, apesar de vibrarem na Quinta Dimensão, andam por aí em grandes Grupos... sob o Comando de ASHTAR SHERAN.
Quem quiser analisar e desenvolver este Tema, pode ir ao
www.google.com
Colocar em busca: 'Comando Ashtar Sheran'.
Uma Boa Navegação, por instrumentos, vos desejo!
Abraços e tudo em PAZ!
JesusOPC
O que vos posso relatar é que, estando eu numa noite com o Félix na Torre de Controlo... apareceu-nos um gringo qualquer a chamar-nos em 'Sierra 2', dando-nos bailarico...
Naturalmente o Féliz pediu que se identificasse, nada logrando com isso...
FAP Luanda que estava, como nós, à escuta, também entrou no ar, já que tudo se ouvia 5/5, por todos...
O dito cujo, fosse ele quem fosse, às tantas calou-se...
O estranho é ter ele entrado numa nossa frequência classificada.
Dizer-vos-ei, para terminar, que estou à vontade sobre UFO's ou OVNIS, pois tais Naves sempre existiram... e, hoje em dia, apesar de vibrarem na Quinta Dimensão, andam por aí em grandes Grupos... sob o Comando de ASHTAR SHERAN.
Quem quiser analisar e desenvolver este Tema, pode ir ao
www.google.com
Colocar em busca: 'Comando Ashtar Sheran'.
Uma Boa Navegação, por instrumentos, vos desejo!
Abraços e tudo em PAZ!
JesusOPC
Também me recordo dum acontecimento parecido. Não sei se foi o mesmo, mas aquele que me apercebi -- deu-se em princípios de 1972. Relatei-o na minha Crónica "Leste de Angola nº. 5", Episódio 2. Aqui vai a cópia do extracto:
2 - Noutra ocasião, encontrava-se um companheiro meu, (Rui Silva), de serviço à Torre. Ao escurecer, notou que havia uma luz que pairava no céu, mas que teimosamente não queria fazer-se à pista!... Tentou contactar com a suposta aeronave, mas esta não dava sinais de vida. Disparou um “very light” verde, para permissão de aterragem e, a luz da aeronave continuava a circular em volta da pista sem se aperceber de qualquer intenção. Intrigado, pensando que pudesse ser algum disco voador, telefonou para o Bar de sargentos a fim de solicitar a ajuda dum outro controlador mais experiente.
Lá vou eu ter com o Rui Silva para indagar da situação.
Conclusão, houve “ilusão de óptica”, “miragem pura”. A aeronave não existia! Porém, já tinha sido avisado o oficial de dia, iluminado as pistas com os candeeiros a petróleo e, chamado um bombardeiro que se encontrava ocasionalmente no Luso (Douglas B-26), para ajudar no combate… Para mais informações, só se contactarmos o Rui Silva. Ele foi o maior protagonista dessa cena. Encontrava-se de serviço na Torre de Controlo e, era um maçarico, na altura.
Um abraço
Vítor OliveiraOPCART
2 - Noutra ocasião, encontrava-se um companheiro meu, (Rui Silva), de serviço à Torre. Ao escurecer, notou que havia uma luz que pairava no céu, mas que teimosamente não queria fazer-se à pista!... Tentou contactar com a suposta aeronave, mas esta não dava sinais de vida. Disparou um “very light” verde, para permissão de aterragem e, a luz da aeronave continuava a circular em volta da pista sem se aperceber de qualquer intenção. Intrigado, pensando que pudesse ser algum disco voador, telefonou para o Bar de sargentos a fim de solicitar a ajuda dum outro controlador mais experiente.
Lá vou eu ter com o Rui Silva para indagar da situação.
Conclusão, houve “ilusão de óptica”, “miragem pura”. A aeronave não existia! Porém, já tinha sido avisado o oficial de dia, iluminado as pistas com os candeeiros a petróleo e, chamado um bombardeiro que se encontrava ocasionalmente no Luso (Douglas B-26), para ajudar no combate… Para mais informações, só se contactarmos o Rui Silva. Ele foi o maior protagonista dessa cena. Encontrava-se de serviço na Torre de Controlo e, era um maçarico, na altura.
Um abraço
Vítor OliveiraOPCART
PV 2 |
Envio-vos a minha visão da tal noite dos OVNIS no AB4. Cito nomes, mas acho que não poderia deixar de o fazer e a história não teria interesse sem os citar. O "Pilas" (Vitor Faria) era meteorologista e tu deves lembrar-te dele muito bem. O capitão Acabado era de facto o comandante do PV2 que foi "combater" os OVNIS. Datas certas posso dizer-te, mas estão num livro de apontamentos que conservo, mas está no meio da papelada antiga que preciso de procurar.
Aqui vai o que me lembro dessa memorável noite dos OVNIS em HC.
O facto aconteceu pouco tempo depois de ter chegado à BA4, já que ainda não estava na Linha da Frente. Lembro-me bem de ter voltado da cidade de uma jantarada, ou bailarico e subitamente me deparar ali no descampado que rodeava a torre de controlo com um relativo ajuntamento de especialistas e quejandos que olhavam para o ar com ar interessadíssimo.
E lá estavam nos céus as tais luzes nos quatro cantos do horizonte. Perguntei o que se passava e foi-me dito (creio que pelo Terrinha MMA) que havia OVNIS postados sobre a base. Para mim OVNIS não eram aviões inimigos, mas sim, obviamente, discos voadores. E lá estavam eles. Um estático no zénite. Brilhante como um pequeno astro-rei nocturno a fazer horas extraordinárias. O outro de cor fulva junto à linha do horizonte para o lado da porta de armas. Dos outros não me recordo, não por causa da Nocal, mas porque já lá vão quase quatro décadas. Mas concedo que a Nocal tenha contribuído para exacerbar a situação e a imaginação também. "Rádio Moscovo” a estação que mais gostava de sintonizar a seguir à South Africa Broadcasting... qualquer assunto: - O OVNI principal encontrava-se a 60 mil pés de altitude! Declarou.
Nesse momento houve um àh... de admiração a toda a roda dos circunstantes iluminados pelos holofotes da torre de controlo onde se encontravam os camaradas “controladores” que sabiam de facto o que estava a acontecer, pensávamos nós. Ainda hoje não faço a mínima ideia de como é que o ”Pilas” fez os cálculos, já que os operou de cabeça perante mim e mais não sei quantos (uma dezena, dezena e meia, sem auxílio de qualquer instrumento, nomeadamente sextante, ou coisa que o valha. Sextantes e Teodolitos são instrumentos necessário para tais observações, julgava eu.
Certo é que os 60 mil pés do “Pilas” pegaram, já que o controlador aéreo de turno (um camarada de que me não lembro o nome, que tinha descido da torre e estava connosco, subiu de novo à dita e comunicou a “sentença” do meteorologista de serviço de HC para o Luso:- O OVNI encontra-se à vertical da base a 60 mil pés de altitude.
Finda a mensagem, em vez de responder a torre do Luso, responde o capitão Acabado, a partir de um PV2 que dali tinha descolado uns 20, ou 30 minutos antes: - 60 mil pés? Como é que eu vou interceptar um OVNI a 60 mil pés se esta caranguejola foi feita para a luta contra os submarinos no Pacífico na Segunda Guerra Mundial, poucos pés acima do nível do mar. Nem sequer temos máscaras de oxigénio! Terá sido mais ou menos assim a mensagem do simpático capitão Acabado, excelente chefe de família, de que me recordo bem de várias missões, acordado a meio da noite para combater OVNIS, enquanto o resto de Angola dormia pacificamente sem cuidar de mais nada a não ser acordar no dia seguinte para os seus afazeres quotidianos.
Nesse momento de “stress de guerra” (stress de guerra?) o mistério adensou-se.
A torre de HC começava a receber uma mensagem em 5 por 5: - “papá, papá, palhota”. “papá, papá palhota”. Consultados os manuais coisa... (creio que era “Sistems”, já que a conhecíamos pela sigla SABS) e que transmitia os últimos êxitos do rock internacional, nomeadamente os “Osy Bisa”, “Janis Joplin” e “Melanie” já para não falar de Bob Dilan e Donovan. O Macedo tinha sempre a última e mais preciosa informação sobre qualquer coisa. Fosse o que fosse, mas em matéria política especialmente. O Macedo era do contra por natureza. Um grande amigo e companheiro. No entanto, nesse ponto, achei que estaria a exagerar.
Mas enfim... era possível! Que “raio”. Tinha 19 anos e estava no meio da guerra. O melhor era acreditar em tudo nomeadamente num ataque da URSS sobre a ignota base de Saurimo (HC). Penso, hoje, que na altura Moscovo se preocuparia mais com uma qualquer base de muito menores dimensões do Vietname onde a guerra-fria se decidia de facto e onde as coisas andavam muito, mas muito mais acirradas do que alguma vez em Angola estariam. Muito menos no nosso perímetro, mais, ou menos anónimo do Leste de Angola.
Nesse momento de cogitação técnico política surge o “Pilas” (outro camarada e amigo). Tão camarada e amigo que não lhe recordo o apelido, nem o nome próprio, mas sim a alcunha porque todos os tratavam assim. E ele fazia gala desse epíteto. Afinal “Pilas” fazia jus à virilidade da nossa juventude. Estive com ele uns anos depois já na vida civil em Lisboa, na Av. Da Igreja em Alvalade. Tinha então deixado as ciências herméticas dos cúmulos-nimbos e dos estratos e dos higrómetros, enfim... Depois disso nunca mais dele tive notícia.
O “Pilas” meteorologista de lei, que estava de serviço, veio pôr ponto de ordem à mesa, ou melhor, ao ajuntamento a esmo que se tinha reunido. E depois de reflectir longamente (meia dúzia de segundos, na verdade, creio eu, se a memória não me falha quatro décadas depois) esclareceu o as de tudo isso me lembro como se fosse hoje. Nesse intróito de cogitação pessoal, comecei a ouvir os “sound bites" (como se diz hoje) dos circunstantes. Ao pequeno grupo inicial foi-se juntando o pessoal que vinha do Clube, da cidade, ou sabe-se lá de onde. Enfim...
Todos pontificavam. O Terrinha que era dos PV2 fazia cálculos e declarava que os OVNIS pairavam muito alto. Achei que o que dizia era correcto. Pairavam alto de facto. Faltava no entanto saber a que nível pairavam como se requeria. Quantos pés, que ângulo?
O Macedo que entendia que tudo no mundo pertencia ao domínio da política, afirmava que o regime e a guerra estavam por um fio porque os OVNIS não eram mais do que aeronaves inimigas altamente sofisticadas que só podiam ser soviéticas. Se calhar tinha ouvido alguma coisa na assunto: - O OVNI principal encontrava-se a 60 mil pés de altitude! Declarou !
Nesse momento houve um àh... de admiração a toda a roda dos circunstantes iluminados pelos holofotes da torre de controlo onde se encontravam os camaradas “controladores” que sabiam de facto o que estava a acontecer, pensávamos nós.
Nessa altura, Luanda decidiu assumir o controlo da situação ordenando à torre de HC que se calasse. A partir dali era o comando da 2ª Região Aérea que tomava conta da situação. O alto comando achava que a situação era grave. Era o momento dos generais tomarem conta da situação. Tratava-se de um caso de segurança nacional e assim foi.Provavelmente terá sido nessa altura que Luanda (algum general zeloso) terá pensado em pedir auxílio aos “primos”(sul-africanos) que com os seus Camberra detinham a tecnologia de ponta que nos faltava para detectar o inusitado ataque.
Ouvi dizer que os F84, da BA9 terão sido postos em alerta, mas não sei se chegaram a descolar. Acho que não.O que sei é que nesse entre tempo o OVNI alaranjado que pairava no horizonte baixo sobre a porta de armas foi subitamente ofuscado por uma névoa que se levantou e dissipou em pouco menos de meia hora. Finda a dita, a tal luz alaranjada desapareceu mais subitamente do que tinha aparecido. Simultaneamente o OVNI que pairava (segundo o Pilas) a 60 mil pés à vertical da base perdeu o fulgor. Os outros dois OVNIS em que não reparei de todo devem ter desaparecido igualmente. Devo dizer neste ponto da história que só me lembro de dois OVNIS, embora me recorde esparsamente, de que no murmúrio do ajuntamento se falar em quatro. Entretanto as horas foram-se passando. Seriam já uma onze da noite, ou mais e perante o desvanecimento dos céus e das luzes cada um foi à sua vida. Afinal o ataque dos marcianos não se tinha concretizado. Que chatice!...
Entretanto, vim a saber mais tarde, que o OVNI que pairava à vertical de HC, não era mais do que Canopus, uma estrela da constelação do Cão Maior que pairava bem mais alto do que os cálculos do “Pilas”. Estava não a 60 mil pés, mas provavelmente a 60 mil anos-luz. Bem mais distante do que a nossa imaginação dos 19 anos de idade pensaria possível. O facto de a humidade relativa na altura ser maior do que o usual, funcionou como lente fazendo com que Canopus se apresentasse aos nossos olhos inexperientes e sempre expectantes perante maravilhas nocturnas. Por seu turno o flamejante OVNI que surgiu e desapareceu no horizonte sobre a porta de armas não era mais do que o planeta Marte que nessa época do ano faz uma órbita baixa surgindo pouco depois do sol-pôr e desaparecendo a seguir. O mesmo efeito de lente provocado pela humidade fora do usual fez com que “planeta vermelho” brilhasse mais e consequentemente captasse a atenção sobre um astro que surgia diariamente, mas em que nenhum de nós reparava. A bruma que se levantou fez com que o planeta vermelho desaparecesse dos nossos olhos ainda mais depressa do que o costume. O facto foi anómalo, mas não passou de uma super coincidência de fenómenos atmosféricos. Finalmente o último mistério, que era a estação de rádio chamando “palhota”, também se resolveu. Afinal tratava-se da torre de controlo da Beira (Papá) que chamava um outro posto qualquer em Moçambique designado “palhota”. As mesmas condições meteorológicas que tinham ampliado o brilho de Canopus e Marte, igualmente tinham ampliado as condições de recepção rádio em Angola das comunicações do lado oriental de África. Quarenta anos depois irrita-me que Canopus e Marte não fossem os helicópteros experimentais do Aníbal, ou as armas secretas de Moscovo do Macedo, a pairar sobre nós. Por isso devo dizer a terminar que o que continua a bailar sobre a minha imaginação são os inexplicáveis OVNIS que de facto pairaram nessa noite indelével sobre o Aeródromo Base Número 4, algures nos céus extraordinários do Leste de Angola dos idos da década de 70. Não sabia que esse auxílio tinha sido pedido, mas não me custa acreditar já que o Aníbal (MMA), que diz ter ouvido que os OVNIS seriam helicópteros experimentais o afirma. E o Anibal não discorria em vão, nem o repetiria hoje sem citar fonte credível. Deixem-me dizer que o Aníbal, para além de exímio xadrezista, que se confrontava comigo nesta matéria e ganhava muitas vezes (eu também ganhava algumas, diga-se de passagem) era já veterano da guerra nessa altura e lia muito, que não só os jornais. Sabia como estava situação em Angola e no resto do mundo, porque também lia a “Vida Mundial”.
PS – Continuo a não saber bem em que ano foi, mas vou confirmar à minha caderneta militar que tem tudo.
O facto aconteceu pouco tempo depois de ter chegado à BA4, já que ainda não estava na Linha da Frente. Lembro-me bem de ter voltado da cidade de uma jantarada, ou bailarico e subitamente me deparar ali no descampado que rodeava a torre de controlo com um relativo ajuntamento de especialistas e quejandos que olhavam para o ar com ar interessadíssimo.
E lá estavam nos céus as tais luzes nos quatro cantos do horizonte. Perguntei o que se passava e foi-me dito (creio que pelo Terrinha MMA) que havia OVNIS postados sobre a base. Para mim OVNIS não eram aviões inimigos, mas sim, obviamente, discos voadores. E lá estavam eles. Um estático no zénite. Brilhante como um pequeno astro-rei nocturno a fazer horas extraordinárias. O outro de cor fulva junto à linha do horizonte para o lado da porta de armas. Dos outros não me recordo, não por causa da Nocal, mas porque já lá vão quase quatro décadas. Mas concedo que a Nocal tenha contribuído para exacerbar a situação e a imaginação também. "Rádio Moscovo” a estação que mais gostava de sintonizar a seguir à South Africa Broadcasting... qualquer assunto: - O OVNI principal encontrava-se a 60 mil pés de altitude! Declarou.
Nesse momento houve um àh... de admiração a toda a roda dos circunstantes iluminados pelos holofotes da torre de controlo onde se encontravam os camaradas “controladores” que sabiam de facto o que estava a acontecer, pensávamos nós. Ainda hoje não faço a mínima ideia de como é que o ”Pilas” fez os cálculos, já que os operou de cabeça perante mim e mais não sei quantos (uma dezena, dezena e meia, sem auxílio de qualquer instrumento, nomeadamente sextante, ou coisa que o valha. Sextantes e Teodolitos são instrumentos necessário para tais observações, julgava eu.
Certo é que os 60 mil pés do “Pilas” pegaram, já que o controlador aéreo de turno (um camarada de que me não lembro o nome, que tinha descido da torre e estava connosco, subiu de novo à dita e comunicou a “sentença” do meteorologista de serviço de HC para o Luso:- O OVNI encontra-se à vertical da base a 60 mil pés de altitude.
Finda a mensagem, em vez de responder a torre do Luso, responde o capitão Acabado, a partir de um PV2 que dali tinha descolado uns 20, ou 30 minutos antes: - 60 mil pés? Como é que eu vou interceptar um OVNI a 60 mil pés se esta caranguejola foi feita para a luta contra os submarinos no Pacífico na Segunda Guerra Mundial, poucos pés acima do nível do mar. Nem sequer temos máscaras de oxigénio! Terá sido mais ou menos assim a mensagem do simpático capitão Acabado, excelente chefe de família, de que me recordo bem de várias missões, acordado a meio da noite para combater OVNIS, enquanto o resto de Angola dormia pacificamente sem cuidar de mais nada a não ser acordar no dia seguinte para os seus afazeres quotidianos.
Nesse momento de “stress de guerra” (stress de guerra?) o mistério adensou-se.
A torre de HC começava a receber uma mensagem em 5 por 5: - “papá, papá, palhota”. “papá, papá palhota”. Consultados os manuais coisa... (creio que era “Sistems”, já que a conhecíamos pela sigla SABS) e que transmitia os últimos êxitos do rock internacional, nomeadamente os “Osy Bisa”, “Janis Joplin” e “Melanie” já para não falar de Bob Dilan e Donovan. O Macedo tinha sempre a última e mais preciosa informação sobre qualquer coisa. Fosse o que fosse, mas em matéria política especialmente. O Macedo era do contra por natureza. Um grande amigo e companheiro. No entanto, nesse ponto, achei que estaria a exagerar.
Mas enfim... era possível! Que “raio”. Tinha 19 anos e estava no meio da guerra. O melhor era acreditar em tudo nomeadamente num ataque da URSS sobre a ignota base de Saurimo (HC). Penso, hoje, que na altura Moscovo se preocuparia mais com uma qualquer base de muito menores dimensões do Vietname onde a guerra-fria se decidia de facto e onde as coisas andavam muito, mas muito mais acirradas do que alguma vez em Angola estariam. Muito menos no nosso perímetro, mais, ou menos anónimo do Leste de Angola.
Nesse momento de cogitação técnico política surge o “Pilas” (outro camarada e amigo). Tão camarada e amigo que não lhe recordo o apelido, nem o nome próprio, mas sim a alcunha porque todos os tratavam assim. E ele fazia gala desse epíteto. Afinal “Pilas” fazia jus à virilidade da nossa juventude. Estive com ele uns anos depois já na vida civil em Lisboa, na Av. Da Igreja em Alvalade. Tinha então deixado as ciências herméticas dos cúmulos-nimbos e dos estratos e dos higrómetros, enfim... Depois disso nunca mais dele tive notícia.
O “Pilas” meteorologista de lei, que estava de serviço, veio pôr ponto de ordem à mesa, ou melhor, ao ajuntamento a esmo que se tinha reunido. E depois de reflectir longamente (meia dúzia de segundos, na verdade, creio eu, se a memória não me falha quatro décadas depois) esclareceu o as de tudo isso me lembro como se fosse hoje. Nesse intróito de cogitação pessoal, comecei a ouvir os “sound bites" (como se diz hoje) dos circunstantes. Ao pequeno grupo inicial foi-se juntando o pessoal que vinha do Clube, da cidade, ou sabe-se lá de onde. Enfim...
Todos pontificavam. O Terrinha que era dos PV2 fazia cálculos e declarava que os OVNIS pairavam muito alto. Achei que o que dizia era correcto. Pairavam alto de facto. Faltava no entanto saber a que nível pairavam como se requeria. Quantos pés, que ângulo?
O Macedo que entendia que tudo no mundo pertencia ao domínio da política, afirmava que o regime e a guerra estavam por um fio porque os OVNIS não eram mais do que aeronaves inimigas altamente sofisticadas que só podiam ser soviéticas. Se calhar tinha ouvido alguma coisa na assunto: - O OVNI principal encontrava-se a 60 mil pés de altitude! Declarou !
Nesse momento houve um àh... de admiração a toda a roda dos circunstantes iluminados pelos holofotes da torre de controlo onde se encontravam os camaradas “controladores” que sabiam de facto o que estava a acontecer, pensávamos nós.
Nessa altura, Luanda decidiu assumir o controlo da situação ordenando à torre de HC que se calasse. A partir dali era o comando da 2ª Região Aérea que tomava conta da situação. O alto comando achava que a situação era grave. Era o momento dos generais tomarem conta da situação. Tratava-se de um caso de segurança nacional e assim foi.Provavelmente terá sido nessa altura que Luanda (algum general zeloso) terá pensado em pedir auxílio aos “primos”(sul-africanos) que com os seus Camberra detinham a tecnologia de ponta que nos faltava para detectar o inusitado ataque.
Ouvi dizer que os F84, da BA9 terão sido postos em alerta, mas não sei se chegaram a descolar. Acho que não.O que sei é que nesse entre tempo o OVNI alaranjado que pairava no horizonte baixo sobre a porta de armas foi subitamente ofuscado por uma névoa que se levantou e dissipou em pouco menos de meia hora. Finda a dita, a tal luz alaranjada desapareceu mais subitamente do que tinha aparecido. Simultaneamente o OVNI que pairava (segundo o Pilas) a 60 mil pés à vertical da base perdeu o fulgor. Os outros dois OVNIS em que não reparei de todo devem ter desaparecido igualmente. Devo dizer neste ponto da história que só me lembro de dois OVNIS, embora me recorde esparsamente, de que no murmúrio do ajuntamento se falar em quatro. Entretanto as horas foram-se passando. Seriam já uma onze da noite, ou mais e perante o desvanecimento dos céus e das luzes cada um foi à sua vida. Afinal o ataque dos marcianos não se tinha concretizado. Que chatice!...
Entretanto, vim a saber mais tarde, que o OVNI que pairava à vertical de HC, não era mais do que Canopus, uma estrela da constelação do Cão Maior que pairava bem mais alto do que os cálculos do “Pilas”. Estava não a 60 mil pés, mas provavelmente a 60 mil anos-luz. Bem mais distante do que a nossa imaginação dos 19 anos de idade pensaria possível. O facto de a humidade relativa na altura ser maior do que o usual, funcionou como lente fazendo com que Canopus se apresentasse aos nossos olhos inexperientes e sempre expectantes perante maravilhas nocturnas. Por seu turno o flamejante OVNI que surgiu e desapareceu no horizonte sobre a porta de armas não era mais do que o planeta Marte que nessa época do ano faz uma órbita baixa surgindo pouco depois do sol-pôr e desaparecendo a seguir. O mesmo efeito de lente provocado pela humidade fora do usual fez com que “planeta vermelho” brilhasse mais e consequentemente captasse a atenção sobre um astro que surgia diariamente, mas em que nenhum de nós reparava. A bruma que se levantou fez com que o planeta vermelho desaparecesse dos nossos olhos ainda mais depressa do que o costume. O facto foi anómalo, mas não passou de uma super coincidência de fenómenos atmosféricos. Finalmente o último mistério, que era a estação de rádio chamando “palhota”, também se resolveu. Afinal tratava-se da torre de controlo da Beira (Papá) que chamava um outro posto qualquer em Moçambique designado “palhota”. As mesmas condições meteorológicas que tinham ampliado o brilho de Canopus e Marte, igualmente tinham ampliado as condições de recepção rádio em Angola das comunicações do lado oriental de África. Quarenta anos depois irrita-me que Canopus e Marte não fossem os helicópteros experimentais do Aníbal, ou as armas secretas de Moscovo do Macedo, a pairar sobre nós. Por isso devo dizer a terminar que o que continua a bailar sobre a minha imaginação são os inexplicáveis OVNIS que de facto pairaram nessa noite indelével sobre o Aeródromo Base Número 4, algures nos céus extraordinários do Leste de Angola dos idos da década de 70. Não sabia que esse auxílio tinha sido pedido, mas não me custa acreditar já que o Aníbal (MMA), que diz ter ouvido que os OVNIS seriam helicópteros experimentais o afirma. E o Anibal não discorria em vão, nem o repetiria hoje sem citar fonte credível. Deixem-me dizer que o Aníbal, para além de exímio xadrezista, que se confrontava comigo nesta matéria e ganhava muitas vezes (eu também ganhava algumas, diga-se de passagem) era já veterano da guerra nessa altura e lia muito, que não só os jornais. Sabia como estava situação em Angola e no resto do mundo, porque também lia a “Vida Mundial”.
PS – Continuo a não saber bem em que ano foi, mas vou confirmar à minha caderneta militar que tem tudo.
João GuedesMMA
No tempo em permaneci no AB4, fui sempre o responsável pela linha da frente como mecanico de radio, ficando depois o Prates, quando vim para o "Puto" .(nunca fiz destacamentos, só algumas operações e recolha de aviões que cairam, como o do Anibal)
Isto para vos dizer, que confirmo tudo o que a ANIBAL descreve, não me recordo é da data mas recordo como fosse hoje o desassossego que houve nessa noite e nos dias seguintes.
Ainda hoje, não sei defacto o que realmente era aquele brilhar.
Também me lembro, que foi pedido auxilio, não me recordo se a Luanda se ao Luso, pelo peri-pi-pi. auxilio esse que nunca chegou pois com o passar das horas o tal brilhar desapareceu.
BaptistaMRAD
Isto para vos dizer, que confirmo tudo o que a ANIBAL descreve, não me recordo é da data mas recordo como fosse hoje o desassossego que houve nessa noite e nos dias seguintes.
Ainda hoje, não sei defacto o que realmente era aquele brilhar.
Também me lembro, que foi pedido auxilio, não me recordo se a Luanda se ao Luso, pelo peri-pi-pi. auxilio esse que nunca chegou pois com o passar das horas o tal brilhar desapareceu.
BaptistaMRAD
A todos os camaradas que contribuiram com a sua visão sobre o assunto um obrigado.
Por: Aníbal de OliveiraMMA
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