quarta-feira, 4 de abril de 2018

Centro da Via Láctea poderá conter dezenas de milhares de buracos negros

Centro da Via Láctea poderá conter dezenas de milhares de buracos negros

Uma equipa de astrofísicos liderada pela Universidade de Columbia, Estados Unidos, descobriu uma dúzia de buracos negros à volta do buraco negro supermassivo, designado Sagitário A, que existe no centro da Via Láctea, mas diz que podem ser milhares.

A descoberta é a primeira a apoiar uma teoria já com décadas e abre novas oportunidades para perceber melhor o universo.

A Via Láctea, a galáxia da qual faz parte o sistema solar, onde se encontra a Terra, tem no centro um chamado buraco negro de grandes dimensões, designado supermassivo, com uma massa muitíssimo maior que a do sol.

"Tudo o que gostaríamos de aprender sobre como os grandes buracos negros interagem com os mais pequenos podemos aprender estudando esta distribuição", disse o astrofísico da Universidade de Columbia Chuck Hailey, principal autor do estudo, que é divulgado na quinta-feira na revista Nature.

O especialista lembra que a Via Láctea é na verdade a única galáxia disponível para se estudar como os buracos negros supermassivos interagem com os mais pequenos, "simplesmente porque não é possível ver as interações em outras galáxias".

Durante mais de duas décadas, investigadores procuraram, sem sucesso, provas para a teoria de que milhares de buracos negros circundam os buracos negros supermassivos no centro das galáxias.

"Há apenas cerca de cinco dúzias de buracos negros conhecidos em toda a galáxia (que tem cerca de 100.000 anos-luz de largura) e supõe-se haver entre 10.000 e 20.000 dessas coisas numa região de apenas seis anos-luz de largura que ainda ninguém conseguiu encontrar", disse Hailey, acrescentando que tinham até agora sido feitas buscas infrutíferas para encontrar buracos negros à volta de Sagitário A.

Sagitário A, explicou o astrofísico, é cercado por um halo de gás e poeira que fornece o terreno ideal para o nascimento de estrelas, que vivem e morrem e que se podem transformar em buracos negros. Acredita-se também, acrescentou, que os buracos negros localizados fora desse halo caiam sob a influência do buraco negro supermassivo à medida que vão perdendo energia, sendo atraídos e mantidos cativos pela força gravitacional de Sagitário A.

Para a descoberta agora divulgada os investigadores concentraram-se nos chamados 'binários estelares', em que estrelas são capturadas pela gravidade de buracos negros formando um sistema binário.

Os astrofísicos procuraram os raios X emanados dos binários estelares, porque um buraco negro isolado "não faz nada" (as forças gravitacionais são tão extremas que nem luz é emitida), disse Chuck Hailey, explicando que quando um buraco negro encontra uma estrela com uma massa baixa o "casamento" emite explosões de raios X.

Examinando os sistemas binários identificados os investigadores extrapolaram que no centro da galáxia deverá haver entre 300 a 500 binários e mais de 10 mil buracos negros isolados.

A descoberta, disse ainda Hailey, permite avançar significativamente na pesquisa das ondas gravitacionais. E assegurou: "todas as informações que os astrofísicos precisam estão no centro da galáxia".

Fonte: NM

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