domingo, 23 de dezembro de 2018

Descoberta nova espécie de cobra (no estômago de uma outra cobra)


Nas entranhas de uma cobra de coral da América Central (Micrurus nigrocinctus), uma equipa de cientistas encontrou os restos de uma outra cobra desconhecida até então. O espécime foi preservado e armazenado durante mais de 40 anos.

A nova espécie, que foi no fim de novembro descrita pelos investigadores num artigo publicado no Journal of Herpetology, foi apelidada de Cenaspis aenigma, que traduzido significa “o misterioso jantar de cobra (cena=jantar, aspis=cobra e aenigma=enigma).

Em 1976, no estado de Chiapas, no sul do México, Julio Ornelas-Martínez, um trabalhador nas florestas locais, encontrou uma enorme cobra de coral da América Central – uma espécie venenosa de cores vibrantes. O espécime foi depois entregue aos cientistas para ser estudo, sem que o trabalhador chegasse a imaginar que tinha contribuído para a descoberta de uma espécie.

Quando os cientistas abriram a cobra e descobriram os restos que estavam no seu estômago perceberam, desde logo, que havia algo de invulgar. Contudo, em vez de descrever os resultados imediatamente, os investigadores preservaram os restos da nova espécie, colocando-os num museu para estudá-los posteriormente.

O herpetólogo Jonathan Campbell, da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, e os seus colegas completaram agora esse mesmo estudo e puderam verificar muito sobre a recém-descoberta Cenapsis.

Espécie de pequena dimensão

De acordo com a publicação, a espécie encontrada não é uma espécie grande – a amostra recolhida nas entranhas da cobra de coral aponta para um macho adulto, que media apenas 25,8 centímetros. Algumas das suas características, como a forma alongada do seu crânio e as escalas relativamente simples no seu corpo, sugerem que é um tipo de cobra que passa grande parte da sua vida no subsolo.

Contudo, há alguns elementos que intrigaram os cientistas e que possivelmente não serão resolvidos, a menos que os cientistas encontrem um espécime vivo.

“A cor dorsal é pouco comum, sendo uniforme em tons de castanho pálido. Esta cor e falta de padrão dorsal não são incomuns para espécies do subsolo, no entanto as ventrais são marcadas por três séries de marcas escuras retangulares e triangulares, enquanto que as três listras para o comprimento do corpo e as sub-caudais são marcadas com uma única faixa central do ventre estendendo-se ao longo da cauda”, pode ler-se na publicação.

“Por que motivo uma cobra do subsolo teria um padrão ventral tão incomum é ainda desconhecido. O padrão ventral [encontrado na nova espécie] não é replicado em qualquer outra cobra da América Central”.

Além disso, e tendo em conta que o seu habitat é na floresta, o que poderia apontar para presas de corpo mole como lesmas e minhocas, a boca e os dentes da nova espécie são mais semelhantes aos das cobras que se alimentam de presas mais “duras”, como por exemplo insetos, centopeias e artrópodes.

Se esta é um tipo de espécie que se esconde, isso poderia explicar por que motivo, apesar das inúmeras expedições, o animal tem conseguido escapar aos cientista. Desde de 1976, quando o agricultor local encontrou a grande cobra coral que se alimentou da nova espécie, nenhum outro animal foi visto – o que não significa que tenha desaparecido.

“Isto prova quão secretas podem ser algumas cobras“, disse Campbell em declarações à National Geographic. “Combinando os seus hábitos indescritíveis das cobras intervalos inalterados e algumas cobras não aparecem com frequência”.

Por tudo isto, o espécime de Campbell teve azar, acabando na barriga de uma cobra de cobra da América Central – o que acabou por ser uma enorme sorte para a Ciência.

Fonte: ZAP

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