domingo, 25 de novembro de 2012

A China quer as Lajes


Há poucos meses, sugerimos aqui (como ironia e para sublinhar os limites estreitos do quadro financeiro-económico em que Merkel e amigos puseram a Europa a definhar) que os responsáveis portugueses deveriam antecipar as ordens de Merkel e do ‘Bild’ para “vender as ilhas” e começarem já a trabalhar nesse cenário. Mal adivinhámos na altura que o trágico da realidade vai bem à frente da nossa ironia. Não que Cavaco, Passos, Gaspar & Cª antecipem o quer que seja mas sim porque alguém o faz. Não são os portugueses que pensaram em vender as ilhas… São os chineses que pensaram em comprá-las! A começar pela Terceira, nos Açores, a da Base das Lajes! O ‘Bild’, entretanto, não deu a notícia deste interesse chinês… Pena que assim seja.
No fim de Junho passado,  o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao fez por arranjar, no regresso de uma viagem à América do Sul, uma “escala técnica” nas Lajes. Durante 4 horas, Wen Jiabao visitou (e também os homens da sua comitiva…) a base e a ilha. As campaínhas de alarme tocaram nas grandes capitais europeias e em Washington.
Bizarro… A delegação chinesa partira do aeroporto de Santiago do Chile e a viagem normal de regresso à China seria, simplesmente, um atravessar do Pacífico. Como é, aliás, habitual os chineses fazerem. Então, perguntou-se alguma gente, o que levou Wen Jiabao a mais que duplicar o percurso de regresso? Olhando para o percurso, a resposta parece simples.  A alteração do percurso de regresso tinha apenas como objectivo encontrar um pretexto para esta “escala técnica” que não era tal mas sim a oportunidade para Jiabao inspeccionar a base e a ilha… Essa era a única razão para o seu avião não estar no Pacífico mas no Atlântico.
Em Washington, houve imediatamente quem interpelasse o Pentágono sobre os seus planos para ‘desinvestir’ nas Lajes (decisão que de um ponto de vista técnico-militar pode fazer sentido mas que de um ponto de vista estratégico é muito questionável). Com o já alto desemprego existente na Terceira (10%) e dado que a base assegura 5% dos empregos da ilha, a conclusão em certos círculos de Washington é que Portugal terá de encontrar um novo ‘inquilino’ para as Lajes. Como também é conhecido que Pequim escolheu Portugal como a sua grande porta de entrada na Europa Ocidental e no Atlântico, as contas não foram difíceis de fazer quando Wen Jiabao desembarcou nas Lajes.
A Base Aérea nº4 é uma grande atracção para Pequim. Se lá puser o pé, a China pode patrulhar as zonas norte e centro do Atlântico, pode mesmo cortar o tráfego aéreo e marítimo entre a Europa e os EUA (que vingança para quem tem o poderio naval americano no estreito de Taiwan e em todo o chamado mar da China…) e também negar o acesso ao Mediterrâneo.
Uma, apenas uma, das ilhas portuguesas do Atlântico chega para fazer ‘tocar campaínhas’ de Pequim a Washington passando pela Europa e por Moscovo… Para evitar mais alarmes, o Pentágono que faça o favor de proibir Merkel de dar ‘ordens’ para “vender as ilhas” e mandá-la portar-se bem. Talvez que Putine também possa ajudar nisso… É que pode haver alguém que siga a ‘ordem’ à risca… “Quantos milhões são precisos para tomar conta desse partido no governo?”, perguntava, já há tempos, um ‘jornalista’ oriental aos seus convidados na mesa de um restaurante de Lisboa. Não foi possível ouvir a resposta.

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