Apesar de ter apenas 30 quilómetros de diâmetro, tem uma massa duas vezes maior que a do sol, muito perto do limite que, em teoria, provoca o colapso da estrela, transformando-a num buraco negro.
Uma equipa de astrónomos norte-americanos detetou a estrela de neutrões mais densa identificada até hoje no Universo. Com cerca de 30 quilómetros, a estrela J0740 + 6620 está a 4600 anos-luz de distância e tem 2,17 vezes a massa do sol e 333 mil vezes a massa da Terra. A descoberta foi divulgada esta segunda-feira no jornal Nature Astronomy.
As estrelas de neutrões formam-se após a explosão de grandes estrelas - são, na verdade, uma fase final da vida da estrela. Nas estrelas de neutrões já não existem as reações nucleares que fornecem energia a estes corpos celestes. Sem esta condicionante, a força da gravidade comprime a matéria dentro de um raio muito pequeno, de apenas algumas dezenas de quilómetros, pelo que as estrelas de neutrões são as mais pequenas e densas que se conhecem.
Um exemplo, dado pelo próprio Observatório que fez a descoberta, através do telescópio Green Bank, na Virgínia: um cubo de açúcar feito do material de uma estrela de neutrões pesaria, na Terra, 100 milhões de toneladas.
Astronomers using the Green Bank Telescope have discovered the most massive neutron star to date.Learn more https://t.co/1lDXQ9Wwv0#neutronstar #star #astronomy #radioastronomy #GBT #GreenBankTelescope #NRAO #NSFImage credit: BSaxton, NRAO/AUI/NSF pic.twitter.com/DfKvorsrjK
— Green Bank Observatory (@GreenBankObserv) 16 de setembro de 2019
A estrela de neutrões que agora foi detetada quase desafia os limites da Física, dado que tem uma densidade já muito próxima do limite em que deverá colapsar e transformar-se num buraco negro, o que é suposto acontecer, em termos teóricos, se tiver uma massa maior do que 2,2 massas solares. A J0740+6620 não está longe: tem 2.17 vezes a massa do Sol.
A estrela agora detetada é um pulsar, um tipo específico de estrela de neutrões que emite ondas de rádio a partir dos polos magnéticos. "Esses feixes varrem o espaço de maneira semelhante a um farol", explica o Observatório - "Alguns giram centenas de vezes a cada segundo. Como os pulsares giram com velocidade e regularidade, os astrónomos podem usá-los como o equivalente cósmico dos relógios atómicos".
A acrescer a isto, o trabalho da equipa de investigadores beneficiou da proximidade de uma estrela anã relativamente à estrela de neutrões. Os dois objetos celestes orbitam entre si e a gravidade que exercem é tal que deforma o espaço, distorcendo assim a radiação emitida pela estrela de neutrões, que por força deste efeito demora mais tempo a "viajar" no espaço - um fenómeno conhecido como atraso de Shapiro ou atraso de tempo gravitacional -, o que permitiu aos investigadores calcular a massa do J0740+6620.
Fonte: DN
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