quarta-feira, 30 de outubro de 2019

GUERRA COLONIAL - A BATALHA DE GADAMAEL


Guiné 1973, a guerra encontrava-se numa fase extremamente dura e sensível, o condicionamento do uso de aeronaves por parte da FAP, era uma realidade. 

A pressão que o PAIGC vinha exercendo sobre os aquartelamentos das nossas tropas existentes no Sul do território começava a dar resultados; as guarnições do exército, isoladas e com poucos meios e apoios, eram fustigadas sem descanso pelas armas pesadas do inimigo, o que levou até ao abandono do aquartelamento de Guileje por parte dos militares do exército que o defendiam. 

A situação em Gadamael Porto era extremamente grave… diariamente, as posições das nossas tropas constituídas por duas companhias de Caçadores, um pelotão de artilharia e um pelotão de reconhecimento, eram flageladas… 

No dia 1 de Junho, os guerrilheiros do PAIGC lançam sobre Gadamael… um ataque preciso e devastador, que causou pesadas baixas e destruição no quartel. 

Spínola, manda de imediato todo o batalhão de Paraquedistas para apagar este fogo. 
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As companhias de Caçadores Paraquedistas encontravam-se empenhadas em operações atrás de operações, e sem conseguir ter o merecido período de descanso e recuperação. 

A primeira companhia a ser enviada, seria a CCP 122, que teve quase por milagre dois dias de descanso em Bissau. 

O desembarque da CCP 122 não pode ser feito no cais porque, quando as lanchas se aproximaram, começou uma intensa concentração de fogo sobre essa zona. 

Foto 2
O comandante da companhia de Caçadores Paraquedistas, decidiu sair noutro ponto, mesmo sem as lanchas estarem abicadas a terra, e foi com água pela cintura e braços levantados segurando as armas, que alcançaram terra firme. 

Era suposto estarem no aquartelamento mais de quatrocentos homens, porém apenas restavam o comandante, vários Alferes e sargentos e umas poucas praças. 

Foi por parte da companhia de Paraquedistas uma estranha sensação, entrar no quartel debaixo de fogo intenso, com quase tudo destruído e sem quase ninguém, tinham quase todos os militares e populações, se refugiado nas margens, fugindo aos bombardeamentos inimigos, que eram feitos com uma precisão incrível. 

Seguidamente, embora mais tarde chegam também a CCP 123 e a CCP 121. 

No próprio dia que chegou a CCP 122 decide sair do perímetro, com um bigrupo para fazer um patrulhamento, para grande surpresa, muito próximo do quartel, houve logo intensos combates, chegou se á conclusão, que o inimigo tinha postos de observação e de regulação de tiro, mesmo junto ao quartel, dai os tiros serem tão precisos. 

Com a chegada do comandante do batalhão (Tcor Paraquedista Araújo e Sá), o mesmo mandou de imediato modificar o sistema de defesa, mas os Paraquedistas não se limitaram a defender o quartel, saíram todos os dias, e com renhidos combates empurraram o inimigo para lá da fronteira. 

No dia 4 de Junho ocorreu um incidente gravíssimo, que os Paraquedistas tiveram de solucionar, apesar de ainda mal saberem onde estavam. 

Um grupo de combate da companhia de Caçadores 4743, comandada pelo Alferes miliciano de infantaria Branco , recebe ordem para efectuar uma patrulha de reconhecimento numa zona que era suposto ser segura, a pista antiga, contígua à cerca do quartel, mesmo junto a esta sofrem uma violenta emboscada, onde morre o comandante do grupo de combate e mais quatro militares. 

Foto 1
É de imediato enviado um pelotão comandado pelo Alferes Paraquedista Francisco Santos, que resgatam os sobreviventes e trazem os mortos às costas os militares mortos tinham sido selvaticamente baleados, os Paraquedistas que os traziam às costas, estavam ensopados em sangue, um dos militares Paraquedista, ficou de tal forma abalado psicologicamente, que demorou algum tempo a recuperar. 

Dia 8 de Junho, devido à ação dos Paraquedistas, o inimigo tinha perdido toda a precisão dos bombardeamentos, a partir de 17 de junho cessaram de vez os bombardeamentos. 

Spínola tinha mais uma vez usado os Paraquedistas até á exaustão, era, e é apelidado entre muitos Paraquedistas de o “coveiro”, nunca foi durante o seu mandato justo com os militares da Boina Verde, ladeado por um núcleo de oficiais, que eram sempre os mesmos, foi de uma injustiça gritante para com o comandante do BCP 12, que cumprindo ordens, levou os seus homens quase ao esgotamento, no fim , quando finalmente se juntaram as companhias todas no batalhão, os seus homens, todos jovens, pareciam velhinhos, magros, de feições duras e cansadas, tinham feito a guerra mais dura sempre com o sorriso dos guerreiros, foi pela pátria, pelos Paraquedista , por a UNIDADE e LUTA. 

NUNCA POR VENCIDOS SE CONHEÇAM 

(fonte livro oficial do BCP 12 , livro “A última missão “) 

Foto 1 Paraquedistas nos seus abrigos 

Foto 2 a CCP 123 a desembarcar em Gadamael Porto 

Pedro Castanheira 

Fonte: Facebook

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