quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Objetos interestelares podem estar a levar vida da Terra para o Espaço profundo


Astrónomos de Harvard sugeriram que os objetos interestelares que entraram no nosso Sistema Solar terão recolhido micróbios da atmosfera da Terra para levá-los para o Espaço profundo.

O estudo, que está disponível online no arXiv, foi escrito por Amir Siraj e Abraham Loeb, que teorizaram a possibilidade de o objeto interestelar Oumuamua ser os restos de uma nave espacial não-terrestre abandonada.

Há várias versões da teoria da panspermia – hipótese de que a vida existe em todo o Universo, distribuída por meteoros, asteróides e planetóides. Existe a litopanspermia, a ideia de que as rochas expulsas por impactos são responsáveis pela propagação de micróbios de um planeta para o outro. Depois há a maior variante, onde asteróides e cometas interestelares são responsáveis por distribuir a vida entre sistemas estelares e galáxias.

“As teorias tradicionais da panspermia postulam que os impactos planetários podem acelerar os detritos do campo gravitacional de um planeta, e potencialmente mesmo fora do campo gravitacional da estrela hospedeira. Entre outros problemas, esses resíduos geralmente são muito pequenos, fornecendo pouca proteção contra radiação prejudicial para qualquer micróbio potencialmente fechado durante a viagem de detritos pelo espaço”, explicou Siraj ao Universe Today.

O foco tradicional da panspermia requer um processo que incorpora os micróbios nas rochas, mas também fornece energia suficiente para expulsá-los da Terra e do Sistema Solar. Segundo o EuropaPress, um objeto deve viajar a uma velocidade de 11,2 quilómetros por segundo para escapar da gravidade da Terra e 42,1 quilómetros por segundo para escapar do Sistema Solar.

Pelo contrário, Siraj e Loeb examinaram se seria possível cometas ou objetos interestelares (como o Oumuamua e o Borisov) propagar vida. Isto consistiria na entrada desses objetos na atmosfera da Terra, na recolha de micróbios detetados até 77 quilómetros acima da superfície e na obtenção de uma onda gravitacional que poderia enviá-los para fora do Sistema Solar.

Em comparação com os objetos que impactam a superfície, este mecanismo traz uma série de vantagens. “Uma vantagem de um cometa ou objeto interestelar que recolhe micróbios do topo da atmosfera da Terra é que podem ser grandes e garantir a expulsão do Sistema Solar à medida que passa tão perto da Terra. Isso permite que os micróbios fiquem presos nos cantos do objeto e obtenham proteção substancial contra a radiação prejudicial para que possam estar vivos quando encontrarem outro sistema planetário“.

Para avaliar essa possibilidade, Siraj e Loeb avaliaram o impacto que a atmosfera da Terra teria sobre um objeto interestelar, bem como o efeito da onda gravitacional. Isso permitiu restringir os tamanhos e energias de objetos que poderiam exportar micróbios da atmosfera da Terra para outros planetas e sistemas planetários.

“Usámos as taxas observadas de cometas e objetos interestelares para medir o número de vezes que esperamos que esse processo ocorra durante o período em que a vida existe na Terra”, disse Siraj.

A partir disso, descobriram que, ao longo da vida da Terra (4,540 milhões de anos), aproximadamente 1 a 10 cometas e 1 a 50 objetos interestelares teriam seguido um caminho adequado para exportar a vida microbiana da atmosfera da Terra.

Além disso, estimaram que, se a vida microbiana existisse acima de uma altitude de 100 quilómetros na nossa atmosfera, o número de eventos de exportação aumentaria dramaticamente para aproximadamente 100 mil ao longo da vida do planeta.

O Oumuamua, ou “Mensageiro das Estrelas”, está rodeado de mistérios desde o dia em que foi descoberto por astrónomos da Universidade do Hawai, em outubro de 2017.

Depois de constatar mudanças na velocidade do seu movimento, o Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian sugeriu que o asteróide poderia ser uma “sonda” enviada à Terra intencionalmente por uma “civilização alienígena”.

No último ano, o mundo da astronomia debruçou-se no estudo do corpo celeste e as mais várias teorias já foram apresentadas em artigos científicos: desde o seu passado violento, passando pela possibilidade de ser um sistema binário, e até o provável local de onde veio o Oumuamua.

Investigadores também sugeriram que milhares de objetos semelhantes ao Oumuamua podem estar presos no Sistema Solar.

Recentemente, o astrónomo amador Guennadi Borísov, residente na Crimeia, detetou o cometa em 30 de agosto usando um telescópio de 0,65 metros de diâmetro fabricado por ele próprio. Este cometa é o segundo objeto interestelar descoberto na história.

Fonte: ZAP

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