sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Como proteger o seu iPhone (mesmo se a polícia quiser desbloqueá-lo)


Apple desafiou a justiça norte-americana e não vai ajudar a desbloquear o iPhone de um terrorista. E há uma forma simples de impedir a polícia de aceder aos dados de qualquer um destes dispositivos

No início da semana, uma juíza norte-americana decidiu que a Apple era obrigada a prestar apoio técnico ao FBI, para que as autoridades conseguissem ter acesso aos dados guardados no iPhone de Syed Rizwan Farook, um dos atiradores do massacre de San Bernardino, EUA, que fez 14 mortos. Farook e a mulher, Tashfeen Malik, foram abatidos pela polícia depois de terem disparado indiscriminadamente no interior do edifício de uma organização sem fins lucrativos, tendo posteriormente o Estado Islâmico reivindicado o ataque.

Mas Tim Cook, o presidente executivo da Apple, garantiu que a gigante tecnológica não vai obedecer à ordem da magistrada, por considerar que a exigência ameaça a segurança e a privacidade dos clientes da Apple e tem "implicações que vão para além do caso legal em questão". Segundo Tim Cook, o governo pede à Apple que "pirateie" os seus próprios utilizadores. "Especificamente, o FBI quer que construamos uma nova versão do sistema operativo do iPhone, contornando importantes ferramentas de segurança, e que o instalemos num iPhone recuperado durante a investigação. Nas mãos erradas, este software - que hoje não existe - teria o potencial para desbloquear qualquer iPhone".

A Apple já terá fornecido às autoridades todos os dados do terrorista de San Bernardino que estavam na sua posse, mas recusa criar esta "chave mestra" que abriria todos os iPhones. A razão pela qual o FBI precisa desesperadamente da ajuda da Apple reside numa ferramenta, que qualquer proprietário de um smartphone da Apple pode ativar, que apaga o conteúdo do dispositivo após dez tentativas erradas de inserir a palavra passe para o desbloquear. As autoridades não sabem se esta função estaria ativada no caso do atirador de San Bernardino, mas não podem arriscar, apesar de disporem de tecnologia avançada que lhes permitiria experimentar milhares de combinações diferentes até descobrirem o código de acesso.

Uma vez que, no limite, dispõem de dez tentativas, os agentes do FBI queriam a ajuda da Apple para entrar no iPhone sem necessitar da password?, garantindo assim que os dados não seriam destruídos. No entanto, o Daily Beast descobriu informações, a partir de um caso julgado no tribunal de Nova Iorque, que sugerem que a Apple já terá colaborado com as autoridades noutras situações semelhantes e estará agora, por uma questão de posicionamento perante os clientes, a adotar uma posição mais dura.

Ainda assim, caso a polícia, agentes de serviços secretos ou mesmo a Apple queiram desbloquear um iPhone, há uma forma de garantir que o conteúdo nunca será acedido por estranhos ao proprietário do aparelho: passa por usar uma palavra passe mais longa, garante a Quartz.

Antes de mais, é necessário ativar a função que apaga todos os dados do iPhone ao fim de dez tentativas erradas de inserir o código, o que anula imediatamente o problema de experimentar milhares de combinações. E depois, mesmo que esta ferramenta não esteja ativa, o dispositivo da Apple é concebido para permitir 750 tentativas de colocar a password por minuto: se nos primeiros iPhones, o código era constituído sempre por quatro números - o que admite dez mil combinações possíveis - e levaria apenas 13 minutos a decifrar, nos modelos mais recentes podem ser usados códigos mais longos e complexos, com números, letras e outros carateres.

Com a complexidade da password, aumenta o tempo que é necessário para a descobrir. Ou seja, segundo a Quartz, um código de oito dígitos que inclua números e letras minúsculas levaria 7152 anos a ser decifrado, mesmo com tecnologia de ponta. E o tempo aumenta se também houver letras maiúsculas. Já um código apenas numérico com seis números diferentes, por exemplo, levará apenas 22 horas para resistir aos programas de desbloqueio de palavras passe. Se acrescentar mais dois números a esse código, já seriam necessários 93 dias.

O ideal será, portanto, combinar números e letras numa password mais extensa. Bastam seis dígitos, números e letras, para que as autoridades precisem de mais de cinco anos para a conseguir desbloquear e aceder aos dados de um iPhone.

Fonte: DN

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