quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Seria um notebook? Escultura grega alimenta teorias sobre viagens no tempo

Seria um notebook? Escultura grega alimenta teorias sobre viagens no tempo

Observe atentamente a foto acima. A escultura de uma mulher grega com uma assistente tornou-se viral e alimentou teorias da conspiração na última semana. O motivo está nas mãos da ajudante: para muitos, a figura segura um notebook. Mas os gregos teriam tecnologia para construírem o dispositivo? Esta seria a prova cabal de que viagens no tempo ocorreram ou é só mais uma discussão de fanáticos?

Teses que circulam na Internet dizem que o objecto, descrito pelo museu J. Paul Getty na Califórnia (EUA) como uma caixa de joias, seria muito largo e fino para ser uma tradicional caixa de joias. Pesa ainda a favor dessas teorias os dois furos nas laterais do produto – portas USB?

O utilizador do YouTube StillSpeakingOut cita até o oráculo de Delfos para justificar a sua teoria. Na mitologia grega, o oráculo supostamente ajudava sacerdotes a comunicarem com deuses para conseguirem informações avançadas.

Por outro lado, os argumentos contra a teoria do notebook são fortes. A escultura, que mede 94 cm de altura e 120 cm de comprimento, teria sido feita na ilha de Delos no século 100 a.C. e seria, segundo o museu onde está disponível para o público, uma tradicional escultura funerária da época. Não é argumento suficiente? Há mais.

Arqueólogos consideram «ridícula» a teoria. Em entrevista ao site Discovery News, a arqueóloga clássica Janet Burnett Grossman disse que o objecto é provavelmente uma caixa ou um espelho. Já a jornalista especializada Kristina Killgrove disse à Forbes que o objecto pode ser mesmo semelhante a notebooks, mas bem mais modesto: uma tabuleta de cera comum na época para guardar documentos – no inglês é utilizada a palavra «tablet», mas não tem nada a ver com o sentido moderno do objecto.

Mas e as portas USB? A própria Killgrove afirma que buracos do tipo são comuns na escultura grega. Muitas esculturas eram adornadas com materiais perecíveis, como madeira, para adicionar elementos realistas. A ausência de alguns elementos da obra também indicaria que os furos contavam com peças que não foram preservadas até aos dias actuais.

Toda a polémica ainda rendeu frases interessantes de arqueólogos. «Qualquer viajante do tempo saberia que notebooks são alimentados a electricidade, enquanto os gregos sequer tinham tomadas», afirmou Lobel King para a Discovery.

Vale lembrar que esta não é a primeira vez que um suposto viajante do tempo causa discussão. No YouTube, um filme de Charlie Chaplin com uma pessoa a utilizar supostamente um telemóvel já tem mais de três milhões de visualizações. Já no fim do último ano um suposto objecto de 800 anos encontrado na Áustria no formato de um telemóvel com linguagem cuneiforme tornou-se viral.

Curioso para observar a obra? Caso um dia visite a Califórnia, pode verificar se toda a polémica faz sentido no museu J. Paul Getty, em Malibu, local no qual a obra está em exposição.

Fonte: DD


Pintura antiga de um grego com uma tabuleta de cera (Douris, c. 500 a.C.)

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