terça-feira, 1 de março de 2016

Esta ponte em Portugal tem a espessura de dois dedos

A nova travessia sobre rio Cáster foi batizada de Ponte S. Silvestre. Fotografia: D.R.

Universidade e empresas criam a ponte mais fina que existe em betão auto compactável reforçado com fibras.

A Ponte São Silvestre sobre o Rio Cáster, ponte pedonal recém-inaugurada em Ovar, distrito de Aveiro, tem dado que falar na área das engenharias, isto porque pesa apenas três toneladas, tem apenas 38 milímetros de espessura, sendo a mais fina que existe em betão auto compactável reforçado com fibras. O projeto envolveu a Escola de Engenharia da Universidade do Minho, com coordenação de Joaquim Barros, o Instituto Superior Técnico e a ALTO – Perfis Pultrudidos, entre outros parceiros. A ponte de 11 metros de comprimento e dois de largura pesa só três toneladas e, segundo os responsáveis pelo seu desenvolvimento, ” é imune a fenómenos de corrosão”. A investigação contou com o apoio do QREN e da Agência de Inovação (AdI).

“Esta obra demonstra a capacidade de se fazer inovação em Portugal, reunindo e aplicando complementaridades das competências do seu meio científico (universidades) e técnico (empresas)”, afirma Joaquim Barros. A nova travessia sobre o rio Cáster, instalada no Parque da Senhora da Graça, foi batizada de Ponte São Silvestre aquando da partida para a prova de atletismo com o mesmo nome. Joaquim Barros considera a criação inovadora porque “combina materiais, perfeitamente compatíveis, sem incluir qualquer armadura convencional, e com a particularidade de ter perfis pultrudidos em polímero reforçado com fibras de vidro”, estando ligados ao tabuleiro por um adesivo estrutural e conetores. 

O professor justifica que o caráter auto compactável elimina situações de vibração, enquanto as fibras e as propriedades de resistência alcançadas neste betão evitaram recorrer a armaduras de aço convencionais, o que permite a espessura e o peso reduzidos e a resistência à corrosão. Ou seja, os autores creem que, a prazo, não haverá lugar para trabalhos de manutenção, como acontece noutras estruturas do género, “a não ser pormenores pontuais, como uma pintura”, nota Joaquim Barros. Materiais preparados para as intempéries O investigador do Instituto para a Sustentabilidade e Inovação em Estruturas de Engenharia adianta ainda que, “os tipos de materiais adotados na estrutura podem ser aplicados noutros sistemas construtivos, com vantagens técnicas e económicas, principalmente em zonas de elevada agressividade ambiental, como a costa marítima”. Além disso, reforça “o baixo peso da ponte tornou também o transporte e a instalação no local mais simples, rápido e menos oneroso”. A investigação teve uma forte ligação ao tecido industrial, como a ALTO, especializada no fabrico de materiais compósitos. A construção do tabuleiro esteve a cargo da CiviTest e os ensaios estruturais efetuados antes da instalação definitiva foram efetuados na Tecnipor. 


Fonte: DV

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