sábado, 25 de junho de 2016

Centenas de genes continuam «vivos» até dois dias após a morte

Centenas de genes continuam «vivos» até dois dias após a morte

Quando ouvimos um médico declarar o horário da morte de alguém, já criamos o pressuposto de que o corpo dessa pessoa «deixou de funcionar». Mas a história pode não ser exactamente assim. Estudos com animais encontraram evidências de que os genes continuam a trabalhar por até 48 horas após o óbito.

Cientistas da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, usaram ratos e peixes-zebras para provar que os genes continuam activos depois da morte do animal e afirmam que há indícios de que o mesmo acontece em seres humanos. A novidade pode ajudar a descobrir o horário de morte com mais precisão, talvez com minutos de diferença do evento, além de ter implicações no transplante de órgãos. O estudo está disponível no site BioRxiv.

Os cientistas Peter Noble e Alex Pozhitkov estavam envolvidos no estudo e mediram a quantidade de RNA mensageiro presentes nos corpos post-mortem. Quando há um aumento de RNA mensageiro, presume-se que os genes estão mais activos. Assim, a equipa acompanhou milhares de vezes os níveis de RNA mensageiro em peixes-zebras e ratos durante até quatro dias depois da morte das cobaias.

Seguindo a lógica, os níveis de RNA mensageiro foram diminuindo com o passar do tempo do óbito. Porém, 548 genes dos peixes-zebras e 515 genes dos ratos tiveram picos de actividade após a morte. Essa confirmação mostra que existe energia suficiente para algumas funções celulares continuarem activas mesmo com o «organismo morto».

Além disso, centenas de genes com funções distintas «acordaram» imediatamente depois da morte, incluindo genes de desenvolvimento fetal, que costumam ser «desligados» após o nascimento, e genes que são associados com o cancro.

O facto de alguns genes associados ao cancro serem ativados após a morte nos animais pode ser relevante para reduzir a incidência de cancro em pessoas que recebem transplantes de órgãos, explicou Noble ao site New Scientist. O cientista acredita ser preciso analisar se os genes associados à doença realmente são activados nos órgãos de doadores depois da morte, o que aumentaria a incidência de cancro num transplantado.

Para o trabalho de ciência forense, os picos do RNA mensageiro depois da morte poderiam ser o mapa para um horário preciso do óbito, ajudando a reconstituir os eventos que antecederam o acto fatal.

Uma das hipóteses dos pesquisadores é que os genes continuam activos após a morte por estarem, de alguma forma, a querer curar as lesões graves que o corpo sofreu, tentando protegê-lo ao considerar que ainda está vivo.

Fonte: DD

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