sábado, 16 de março de 2019

O asteróide Bennu gira cada vez mais depressa (e ninguém sabe ao certo porquê)


O asteróide Bennu, alvo da missão OSIRIS-Rex da agência espacial norte-americana, está a girar cada vez mais depressa com o passar do tempo, revelou esta semana uma nova publicação.

Tal como nota o portal Live Science, ninguém sabe ao certo por que motivo a movimentação do asteróide está a acelerar, mas os cientistas atribuem o fenómeno a um estranho efeito da luz solar na sua superfície.

Bennu fica a 110 milhões da Terra, sendo um dos asteróides mais próximos do nosso planeta. À medida que se move através do Espaço a cerca de 101.000 quilómetros por hora, o asteróide também gira, finalizando uma rotação completa a cada 4,3 horas.

A nova investigação, cujos resultados foram esta semana publicados na revista especializada Geophysical Research Letters, concluiu que a rotação do asteróide está a acelerar de 1 segundo por séculos. Simplificando: o período de rotação do Bennu está a ser reduzido 1 segundo a cada 100 anos, aproximadamente.

Apesar de o aumento na rotação no objeto celeste possa parecer pequeno, a longo prazo pode traduzir-se em mudanças drásticas na rocha espacial. Segundo escreveram os autores, se o asteróide continuar a girar cada vez mais depressa durante milhões de anos, pode perder fragmentos do seu corpo ou até mesmo desfazer-se em pedaços.

“À medida que acelera, as coisas devem mudar, por isso vamos procurar estas coisas e detetar estas velocidade para ver se nos dá algumas pistas sobre o tipo de coisas que deveríamos estar à procura”, disse Mike Nolan, cientista e chefe de equipa da missão OSIRIS-Rex da NASA, citado em comunicado.

“Devemos procurar evidências de que algo estava diferente no passado recente e de que as coisas podem mudar à medida que avançamos“, acrescentou Nolan.

Importância do Bennu e da missão OSIRIS-Rex

A missão OSIRIS-REx está programada para trazer uma amostra do Bennu à Terra em 2023. Compreender a mudança na rotação deste asteróide poderia ajudar os cientistas a melhor compreender a origem do sistema solar, o quão provável e perigosa é a ameaça destes corpos para a Terra e se podem ser extraídos recursos minerais destas rochas.

Para compreender a rotação de Bennu, os cientistas estudaram dados do asteróides desde 1999 (ano em que foi descoberto) até 2005, analisando também dados obtidos pelo Telescópio Espacial Hubble em 2012. E foi ao observar a informação do Hubble que os cientistas notaram que a a velocidade de rotação do asteróide registada em 2012 não coincidia com as previsões baseadas em dados anteriores.

“Não era possível fazer com que [os asteróides] encaixassem bem”, disse Nolan, acrescentando que foi nesse momento “que surgiu a ideia de que [o Bennu] deveria estar a acelerar”, explicou na mesma nota.

A ideia de que a rotação dos asteróides pode acelerar ao longo do tempo foi prevista pela primeira vez em meados de 2000, sendo detetada pela primeira vez em 2007, segundo o especialista. Até o momento, esta aceleração só foi detetada em meia dúzia destes corpos rochosos, notou ainda Nolan.

As alterações na rotação do Bennu pode dever-se a uma mudança na sua forma, pode ler-se no comunicado. Tal como os patinadores de gelo, que aceleram ao puxar [junto do corpo] os seus braços, um asteróide pode acelerar à medida que vai perdendo material.

Efeito YORP

A equipa sugere que o motivo mais provável para o aumento da rotação do asteróide é um fenómeno conhecido como efeito YORP. A luz solar que atinge o asteróide é refletida de volta para o Espaço. A mudança na direção da luz de entrada e saída empurra o asteróide e pode fazê-lo girar mais depressa ou mais devagar, dependendo da sua forma e rotação.

Esta é a “aposta” dos cientistas, mas a missão OSIRIS-REx determinará de forma independente a taxa de rotatividade do Bennu ainda este ano, o que ajudará os especialistas a refinar o que leva o Bennu a girar tão rápido.

Tendo em conta que grande parte das naves espaciais nunca visitaram a grande maioria dos asteróides, as medições ajudarão ainda os cientistas a descobrir como é que as medições em terra pode compreender estes objetos distantes.


Fonte: ZAP

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