Bancos aumentam lucros em 2010, mas impostos e dividendos baixam
por Ana Suspiro, Publicado em 03 de Fevereiro de 2011
Soma dos resultados do BCP, do BES e do BPI sobe 8% em 2010. Só o BES lucrou menos
Os três maiores bancos privados nacionais cotados em bolsa registaram no ano passado lucros de 996,6 milhões de euros, uma subida de 8% face a 2009, que, contudo, não se traduziu em mais impostos para o Estado nem em mais dividendos para accionistas, pelo menos em dinheiro. A remuneração em numerário caiu mais de 50% na soma das três instituições. Quanto às comissões, subiram.
O BPI e o BCP seguiram a recomendação do Banco de Portugal e retiveram os lucros no balanço, fazendo aumentos de capital por incorporação de reservas num total de 210 milhões de euros. Os seus accionistas recebem acções em vez de dinheiro. Esta solução permite reforçar os rácios de capital num momento particularmente difícil para a banca nacional, que tem de lidar com o impacto da crise da dívida soberana e ainda aumentar a solidez dos seus capitais para responder às exigências do Basileia III.
Mais difícil de perceber é o porquê de o aumento dos lucros em dois dos três bancos - BCP e BPI - não se ter traduzido numa subida do imposto, isto num ano em que a carga fiscal sobre as grandes empresas foi agravada. Os três bancos terão pago em 2010 menos IRC sobre os lucros devido ao aumento dos impostos diferidos, o que fez com que a carga fiscal até fosse negativa em algumas instituições. Os dados reportados nos balanços indicam um imposto de apenas 35 milhões de euros para estas três instituições - contra 200 milhões em 2009. O BPI e o BCP atribuem a evolução à entrada em vigor, a meio do ano, da nova taxa de IRC. O BES explica a "maior economia fiscal" com o aumento dos resultados internacionais e o facto de em 2009 ter pago imposto sobre a mais-valia na venda da operação em Angola. Já os dividendos que recebeu da PT em 2010, no valor de 89,1 milhões de euros, escaparam ao agravamento fiscal deste ano.
Mas se o ano foi tão mau para a banca como é que os lucros aumentam? O presidente do BCP, Santos Ferreira, deu a explicação mais importante: o crescimento dos resultados nas operações internacionais, que no caso deste banco foi de mais de 300%. Santos Ferreira sublinhou ainda o crescimento da margem financeira, que só no BES registou uma queda. A esta evolução não terá sido alheio o crescimento das comissões cobradas aos clientes, que subiram 9,73% - mais 171,4 milhões, para 1,93 mil milhões.
Não é só para os accionistas e para o Estado que os lucros da banca não se traduzem em ganhos relevantes. O conselho de administração do BES vai propor uma redução dos prémios de gestão pagos a administradores e trabalhadores. No BCP mantém-se a política de não pagamento de bónus dos últimos anos.
Os balanços do BES, do BPI e do BCP revelam ainda que estes bancos tinham no total 8,2 mil milhões de euros em dívida portuguesa no final de 2010. Em termos relativos, o BPI tinha a maior exposição. Já quanto à muito falada dependência do Banco Central Europeu, os financiamentos no final de 2010 ascendiam a 18 900 milhões de euros, um valor inferior ao pico registado no Verão. O BCP destaca-se, com mais de 70% do total.
Os dois temas terão sido discutidos na conversa do Presidente da República com os presidente dos maiores bancos portugueses, que decorreu terça-feira, embora Santos Ferreira não tenha falado sobre o encontro. Ontem Cavaco recebeu os líderes do Totta, do Montepio, do Banif e da Caixa de Crédito Agrícola. Com F. P. C.
O BPI e o BCP seguiram a recomendação do Banco de Portugal e retiveram os lucros no balanço, fazendo aumentos de capital por incorporação de reservas num total de 210 milhões de euros. Os seus accionistas recebem acções em vez de dinheiro. Esta solução permite reforçar os rácios de capital num momento particularmente difícil para a banca nacional, que tem de lidar com o impacto da crise da dívida soberana e ainda aumentar a solidez dos seus capitais para responder às exigências do Basileia III.
Mais difícil de perceber é o porquê de o aumento dos lucros em dois dos três bancos - BCP e BPI - não se ter traduzido numa subida do imposto, isto num ano em que a carga fiscal sobre as grandes empresas foi agravada. Os três bancos terão pago em 2010 menos IRC sobre os lucros devido ao aumento dos impostos diferidos, o que fez com que a carga fiscal até fosse negativa em algumas instituições. Os dados reportados nos balanços indicam um imposto de apenas 35 milhões de euros para estas três instituições - contra 200 milhões em 2009. O BPI e o BCP atribuem a evolução à entrada em vigor, a meio do ano, da nova taxa de IRC. O BES explica a "maior economia fiscal" com o aumento dos resultados internacionais e o facto de em 2009 ter pago imposto sobre a mais-valia na venda da operação em Angola. Já os dividendos que recebeu da PT em 2010, no valor de 89,1 milhões de euros, escaparam ao agravamento fiscal deste ano.
Mas se o ano foi tão mau para a banca como é que os lucros aumentam? O presidente do BCP, Santos Ferreira, deu a explicação mais importante: o crescimento dos resultados nas operações internacionais, que no caso deste banco foi de mais de 300%. Santos Ferreira sublinhou ainda o crescimento da margem financeira, que só no BES registou uma queda. A esta evolução não terá sido alheio o crescimento das comissões cobradas aos clientes, que subiram 9,73% - mais 171,4 milhões, para 1,93 mil milhões.
Não é só para os accionistas e para o Estado que os lucros da banca não se traduzem em ganhos relevantes. O conselho de administração do BES vai propor uma redução dos prémios de gestão pagos a administradores e trabalhadores. No BCP mantém-se a política de não pagamento de bónus dos últimos anos.
Os balanços do BES, do BPI e do BCP revelam ainda que estes bancos tinham no total 8,2 mil milhões de euros em dívida portuguesa no final de 2010. Em termos relativos, o BPI tinha a maior exposição. Já quanto à muito falada dependência do Banco Central Europeu, os financiamentos no final de 2010 ascendiam a 18 900 milhões de euros, um valor inferior ao pico registado no Verão. O BCP destaca-se, com mais de 70% do total.
Os dois temas terão sido discutidos na conversa do Presidente da República com os presidente dos maiores bancos portugueses, que decorreu terça-feira, embora Santos Ferreira não tenha falado sobre o encontro. Ontem Cavaco recebeu os líderes do Totta, do Montepio, do Banif e da Caixa de Crédito Agrícola. Com F. P. C.
Fonte: iinformação
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