terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Deputada atenua relatório sobre secretas
Primeiro documento redigido pela deputada Teresa Leal Coelho aludia a alegadas ligações entre o ex-director do SIED e grupos de pressão instalados na sociedade portuguesa, como ramos da Maçonaria. Semanário "Expresso" diz que o líder parlamentar do PSD e o ex-director do SIED são "irmãos" na Loja Mozart.
03-01-2012 12:34 por André Rodrigues
O relatório sobre as audições relativas aos serviços secretos, que o PSD enviou à Comissão de Assuntos Constitucionais, omite referências à maçonaria e a conluios de poder que constavam de uma primeira versão do texto.
A notícia, avançada pela imprensa desta terça-feira, indica que um primeiro documento redigido pela deputada social-democrata Teresa Leal Coelho aludia a alegadas ligações entre o ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), Jorge Silva Carvalho, e grupos de pressão instalados na sociedade portuguesa, entre eles, alguns ramos da Maçonaria. O objectivo, segundo o relatório, seria a obtenção de cargos de poder para elementos da direcção das "secretas".
No entanto, de acordo com o diário "Público", a versão que será discutida na Comissão de Assuntos Constitucionais é mitigada, referindo apenas que os serviços de informações não devem ser alvo de instrumentalização por parte de entidades públicas ou privadas.
As audições parlamentares sobre os serviços de informações foram pedidas em Agosto do ano passado pelo PCP. Em declarações à Renascença, o deputado António Filipe afirma que, "apesar de todas as limitações", as audições provaram que existe "promiscuidade entre grupos empresariais privados e altos cargos do SIED, nomeadamente, o seu ex-director Jorge Silva Carvalho".
O caso está também associado, de acordo com António Filipe, "à devassa de comunicações telefónicas do jornalista Nuno Simas" que, nas páginas do "Público", assinou vários artigos sobre os serviços de informações.
O deputado comunista lamenta que, "mais relatório, menos relatório, mais ou menos considerações sobre a Maçonaria, aquilo que fica provado é que existe uma instrumentalização grave dos serviços e um mecanismo de fiscalização que não funciona".
A Renascença tentou contactar a deputada Teresa Leal Coelho para mais esclarecimentos, mas sem sucesso.
Já o presidente da primeira comissão, o social-democrata Fernando Negrão, não quer pronunciar-se sobre o teor do relatório, invocando o princípio da independência. Negrão afirma que o relatório será debatido na sede própria e que apenas lhe caberá o papel de árbitro da discussão.
Montenegro "irmão" de Silva Carvalho
A propósito deste caso, o semanário "Expresso" avança, na sua página online, a informação de que o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, é membro da mesma loja maçónica do ex-director do SIED, Jorge Silva Carvalho.
De acordo com o semanário do grupo Impresa, Montenegro e Silva Carvalho pertencem à Loja Mozart, da Grande Loja Legal de Portugal da Maçonaria.

Líder parlamentar do PSD é membro da loja maçónica de Jorge Silva Carvalho
Micael Pereira e Ricardo Costa (www.expresso.pt)
Luís Montenegro faz parte da loja Mozart, onde está o ex-diretor do SIED, Jorge Silva Carvalho, ao mesmo tempo que integra como suplente a comissão parlamentar que investigou as irregularidades nas secretas e que censurou as alusões negativas à maçonaria.
O advogado Luís Montenegro, atual chefe da bancada do PSD, pertence à Mozart, a loja maçónica de que faz parte Jorge Silva Carvalho, o ex-diretor do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), de acordo com um documento da Grande Loja Legal de Portugal a que o Expresso teve acesso.
Além de liderar a bancada social-democrata, Luís Montenegro é também membro suplente da Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Liberdades e Garantias, que desde agosto do ano passado tem investigado um conjunto de irregularidades nos serviços secretos que tiveram como protagonista Jorge Silva Carvalho, incluindo o acesso ilegal à lista de chamadas de um jornalista do "Público", Nuno Simas, e à passagem de informações sobre empresários ao ex-diretor do SIED quando ele transitou para o grupo privado Ongoing.
A revelação sobre a ligação do deputado do PSD à loja maçónica de Jorge Silva Carvalho surge numa altura em que o jornal "Público" avança que o relatório preliminar sobre a investigação parlamentar às secretas proposto pela vice-presidente da bancada social-democrata (também ela membro da comissão de assuntos constitucionais), Teresa Leal Coelho, foi alterado de forma a deixar de fora as alusões negativas à relação da maçonaria com as secretas.
11:53 Terça feira, 3 de janeiro de 2012

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