quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Zona Euro já pode estar a caminho do fim. França e Alemanha estudam hipótese de Zona Euro mais pequena
O cenário de um bloco do euro exclusivo, que englobe menos países, está a ganhar corpo nas mentes de responsáveis do eixo franco-alemão, ainda que essa discussão decorra, por enquanto, num patamar “intelectual”, noticiou esta quarta-feira a Reuters, a partir de fontes comunitárias. Em discussão, segundo a agência noticiosa, está a possibilidade de um ou mais Estados abandonarem a Zona Euro e da oficialização do modelo de uma Europa a duas velocidades. A única fórmula possível para o futuro, na perspetiva do Presidente francês, Nicolas Sarkozy.

Têm sido “intensas” e “a todos os níveis” as consultas entre franceses e alemães sobre a hipótese de uma Zona Euro expurgada de países vulneráveis às oscilações dos mercados, de acordo com um alto responsável de Bruxelas citado pela agência Reuters. A mesma fonte ressalva que, nesta fase de convulsão, é preciso “muita cautela”. “Mas a verdade é que precisamos de estabelecer exatamente a lista daqueles que não querem fazer parte do clube e daqueles que simplesmente não podem fazer parte”, frisa.

Numa altura em que a indefinição política e financeira da Grécia se arrasta – a par do agravamento, hora após hora, da pressão sobre a Itália, que viu esta quarta-feira os juros impostos aos seus títulos de dívida soberana com maturidade a dez anos ultrapassarem a fasquia crucial dos sete por cento -, serão cada vez mais as vozes em Paris e Berlim que advogam um emagrecimento da Zona Euro, argumentando que só assim será possível fortalecê-la ao ponto de a resgatar às malhas da crise.

Continuaríamos a chamar-lhe euro, mas haveria menos países. Não seremos capazes de falar a uma só voz e de tomar decisões difíceis na Zona Euro tal como ela é hoje. Não podemos ter um país, um voto”, sustentou à Reuters uma fonte governamental alemã. Sem identificar os países que seriam convidados a deixar o grupo da moeda única, entre os quais poderiam estar, em tese, aqueles que estão a ser submetidos a programas de resgate – Grécia, Portugal e República da Irlanda.

O fim da Europa que conhecemos
A Reuters ouviu também opiniões contrárias. Um diplomata europeu, por exemplo, antecipou o despontar de “novas tensões” na União, caso o cenário em apreciação vá por diante: “Isto vai desfazer tudo o que os nossos antepassados construíram meticulosamente e repudiar tudo aquilo que eles representaram nos últimos 60 anos. Isto não se trata de uma Europa a duas velocidades. Isso já nós temos. Isto vai redesenhar o mapa geopoliticamente e dar lugar a novas tensões. Pode ser verdadeiramente o fim da Europa tal como a conhecemos”.

O Presidente francês deixou algumas pistas sobre as suas ideias para a Europa na terça-feira, ao intervir perante uma plateia de estudantes em Estrasburgo. Uma União Europeia a dois tempos, com o bloco do euro a avançar mais rapidamente do que o conjunto dos 27, será o único modelo possível, na opinião de Nicolas Sarkozy. Na ótica do Chefe de Estado, à medida que a integração dos países que partilham o euro fosse conduzida de forma mais célere, à União seria reservado o estatuto de “confederação”.



Esta quarta-feira, em Berlim, a chanceler alemã renovou a apologia de mudanças nos tratados que enquadram a União Europeia, afirmando que a situação se tornou de tal modo “desagradável” que são agora precisos “progressos” rápidos e profundas reformas estruturais. “O mundo”, disse Angela Merkel, “não está à espera da Europa”: “Porque o mundo se está a alterar tão grandemente, temos de tomar a decisão mental de encontrar uma resposta para os desafios”.


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