terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O novo papel de WikiLeaks

28.02.2012, 17:02

A infra-estrutura nuclear do Irã foi destruída por mercenários israelenses com o apoio dos curdos ainda em meados de 2011. Não há mais nada para bombardear lá. E a publicidade atual sobre a preparação de um ataque israelense não é nada mais do que uma campanha encomendada pelos líderes europeus. Eles precisam de distrair seus cidadãos que estão cansados da crise – esse é o significado dos despachos dos funcionários da empresa de inteligência e pesquisa de mercado norte-americana Stratfor, publicados no site WikiLeaks.
A empresa de inteligência privada Stratfor é chamada de “CIA de sombra”, um tributo à sua autoridade e influência. O sensacional vazamento de informação “iraniana” foi precedido por um intenso desembarque de tropas americanas em Jerusalém. A partir de janeiro, militares de alta patente começaram chegando lá um após outro. No decorrer de negociações agitadas, eles, por enquanto, não conseguiram convencer as autoridades israelenses a abandonar planos de ataque. A 5 de março Barack Obama tentará por sua vez durante uma reunião com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em Washington. Portanto, todas as declarações sobre a destruição do programa nuclear do Irã e a transferência de atenção de Israel para a Europa em crise é um jogo tático, diz o perito militar Viktor Baranets:
"O objetivo aqui está claro: diminuir a agressividade de Israel. Dizendo que não é por vontade própria que Israel o está fazendo. Que Israel, em geral, até é contra ataques ao Irã. Mas está sendo incitado pelos países europeus. Como se Israel fosse uma criança ingénua".
O especialista sugere que os americanos precisam desse vazamento publicado como um argumento de seguro para dissuadir Israel da guerra, se outros não funcionarem. O site WikiLeaks, neste caso, atua como uma ferramenta na guerra de informação dos Estados Unidos não apenas contra o Irã, mas desta vez também contra Israel. Uma espécie de “luva” na ão dos serviços secretos dos EUA. Com essa descarga falsa, Washington incentiva Tel Aviv a recusar essa aventura, nem mesmo desdenhando contrafação, continua Viktor Baranets:
"Estou absolutamente convencido de que o site WikiLeaks está começando a usar a todo vapor os serviços de inteligência dos EUA. Note que o WikiLeaks publicou um  e-mail da Stratfor. Isso é ridículo. Sua autenticidade não pode ser verificada. Se tal documento impresso existisse, seria sua cópia que o WikiLeaks tería publicado. Mas tal cópia não existe. Isso indica mais uma vez, que tudo não passa de uma mentira".
As instalações nucleares iranianas, sem dúvida, existem. Se não existissem, então para que a comunidade internacional precisaria colocar pressão sobre o Irã. E para que então teriam viajado a Jerusalém os enviados norte-americanos. No entanto, o nível de sucesso nuclear do Irã tão pouco deve ser superestimado, diz o professor da cadeira de estudos orientais do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou Serguei Druzhilovsky:
"Tudo está a um nível primitivo. Bushehr nunca mais começa a funcionar plenamente. Os preparativos para o enriquecimento de urânio ao nível de 20 por cento são pouco convincentes, há poucas centrífugas. Permanentes inspeções enervantes da AIEA, relatórios, discussões no Conselho de Segurança, sanções. Pode-se dizer simplesmente: nós neutralizamos o programa nuclear iraniano. Isso seria correto porque ele não existe como tal. Sim, o programa militar nuclear iraniano agora está desativado. Está desativado porque não existe".
Segundo Serguei Druzhilovsky, uns mercenários israelenses e os curdos poderiam ter desempenhado um certo papel no Irã. Embora não fosse na destruição de instalações nucleares:
"Nos sabemos que estão destruindo físicos nucleares iranianos. Algo está sendo feito. Não para prejudicar o programa nuclear iraniano, mas para prejudicar a credibilidade do regime. Se o regime não pode proteger seus físicos nucleares e enfrentar os ataques cibernéticos de seus adversários, então, o regime não é tão forte e promissor. Isso é o que se pretende mostrar aos iranianos, e é o que lhes está sendo mostrado. Que alguém pode calmamente chegar e explodir um carro com um cientista nuclear".
O recente vazamento de informação não está ligado com a crise europeia, diz o cientista. A crise é um fenômeno recente, enquanto o próprio Irã, anti-americano e anti-ocidental, ainda desde a revolução de 1979 que está incentivando o Ocidente e Israel a considerarem derrubar ou alterar o seu regime. Cedo ou tarde, essa tentativa há de ocorrer. Além disso, o Irã está mudando a imagem do grande  Médio Oriente que se desenvolvia nos últimos anos bastante gentilmente.
Os norte-americanos já estão mantendo o fogo em vários pontos quentes do mundo e não precisam de outro, ainda mais com cheiro a catástrofe nuclear. Especialmente em um ano eleitoral. Portanto, tudo está sendo utilizado para deter Israel. Até para o WikiLeaks inventaram um novo papel.

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