quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Espaço circumterrestre precisa de limpeza geral

espaço, satélite

O problema da concentração de detritos espaciais em órbita ao redor da Terra voltou a atrair atenção por causa de testes de sistemas de defesa antimíssil, efetuados no domingo pela China e os Estados Unidos.

Tais ensaios, regra geral, deixam muitos fragmentos no espaço. Segundo constatam peritos, até hoje não existem métodos economicamente eficazes de limpeza do espaço circumterrestre.

Os testes de sistemas antimísseis são apenas uma das fontes de produção do lixo espacial. Cresce o número de lançamentos espaciais: sem satélites, é impossível resolver muitas tarefas de economia, defesa e comunicações. Tais aparelhos e andares de foguetes ficam em órbita após o fim do prazo de seu serviço. São grandes detritos que ainda podem ser acompanhados, sendo possível, por exemplo, alterar a órbita da Estação Espacial Internacional no caso de sua aproximação. A EEI “escapa” até hoje a fragmentos de um satélite destruído por um foguete de interceção chinês durante os testes em 2007.

Radares estão localizando 19 mil fragmentos com uma dimensão superior a 5 centímetros. Há ainda milhares de detritos menores, mas também perigosos que podem atingir e danificar um satélite ou um compartimento de estação orbital. A densidade de lixo ao redor da Terra aproxima-se das condições que provocam o efeito de Kessler. Este será um cenário de avalanche, quando fragmentos produzidos em resultado de colisões de aparelhos deterioram outras máquinas e o número de detritos cresce em proporção geométrica, impossibilitando novos lançamentos para o espaço próximo.

Tanto que o volume principal de lixo espacial se concentra em médias órbitas de 700 a 1.200 km de altitude, o perito americano, Marshall Kaplan, propôs não lançar novos aparelhos para aquela zona, pelo menos provisoriamente, transferindo suas funções para pequenos satélites de curto prazo de serviços que voam em baixas órbitas. Contudo, será necessário lançar para o espaço muitos satélites deste tipo. O redator-chefe da revista “Notícias da Cosmonáutica”, Igor Marinin, qualificou esta ideia como irracional:

“Aparelhos são lançados para médias órbitas, porque este é o melhor lugar para eles, sobretudo, para satélites de cartografia e de navegação dos sistemas GPS ou Glonass. Por isso, estas órbitas não podem não ser utilizadas. É necessário simplesmente aprovar os respectivos documentos internacionais, obrigatórios para cada país, fazendo com que os próprios satélites com o prazo de serviço expirado abandonem órbitas à conta de seus próprios propulsores. Não temos por enquanto tais documentos. Por outro lado, os satélites lançados para baixas órbitas têm um prazo de existência reduzido por causa de uma densidade atmosférica muito alta. Os lançamentos tornam-se muito dispendiosos”.

Cientistas propõem durante vários anos diferentes métodos de limpeza do espaço circumterrestre: pesca de detritos com arrasto gigantesco, fragmentação deles com a ajuda de laser, etc. Na opinião de Yuri Zaitsev, perito do Instituto de Pesquisas Espaciais da Academia de Ciências da Rússia, estas propostas continuam a ser apenas ideias:

“Não existem métodos reais de limpeza do lixo espacial e ninguém tem a vontade de dedicar-se a este problema, embora todos compreendam que a probabilidade de colisões está crescendo. Às vezes, se descarga combustível restante de foguetes lançados para evitar explosões em órbita, mas são medidas parciais”.

O próprio lixo, se não for retirado, irá descer e queimar em camadas atmosféricas densas. Mas este processo ocupa muito tempo. Enquanto os detritos espaciais descem em poucas semanas de uma órbita de 200 km de altitude, o mesmo processo ocupará 20 anos no caso de uma órbita de 600 km de altitude. Não parece que as potências espaciais possam esperar tanto tempo e adiar seus lançamentos. Mas é possível pelo menos não agravar a situação e pensar em desenvolvimento de tecnologias de exploração espacial que não provoquem muitos detritos.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...