O ex-Chefe de Estado-Maior da Armada Melo Gomes diz, em entrevista à Renascença, que o Governo não conhece as Forças Armadas e não faz o deve ser feito. O Presidente da República reúne hoje o Conselho Superior de Defesa.
O Governo mexe no que está bem nas Forças Armadas e não faz o deve ser feito, acusa o almirante e antigo Chefe de Estado-Maior da Armada Melo Gomes, numa altura de cortes e reformas polémicas para reduzir custos.
“Julgo que o actual poder político não conhece as Forças Armadas. Não conheço nenhum responsável político, ao nível do Executivo, que tenha cumprido o serviço militar e eu acho que, para se decidir, é preciso conhecer e não conhecendo decidimos sobre cenários que não existem e quando decidimos sobre cenários que não existem, normalmente, decidimos mal”, afirma, em declarações à Renascença.
O exemplo apontado é a proposta de directiva do ministro Aguiar Branco, que sugere juntar as três academias militares numa única e, pior ainda, no entender do almirante Melo Gomes, fundir o Instituto Hidrográfico com o Instituto Geográfico do Exército.
O documento está nesta altura nas mãos dos chefes militares.
O Governo quer cortar quatro mil milhões de euros na despesa do Estado e as Forças Armadas vão ter de mudar, mas há mudanças com interesses a Norte... sugere o antigo responsável militar.
“Regionalizar as Forças Armadas, designadamente em relação aos desígnios que surgem nas latitudes mais a Norte, perto do Porto, não é uma boa solução”, afirma.
Admitindo que o tempo é de luta em defessa da soberania, o almirante Melo Gomes aconselha o Governo a ouvir os chefes militares antes de cortar a torto e a direito e acabar com as Forças Armadas.
Entrevista AUDIO
Fonte: Rádio Renascença
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