segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Resistência ao frio tem origem genética

frio, genetica

Cientistas britânicos descobriram nos representantes de povos autóctones da Sibéria um gene especial de resistência ao frio, responsável pela sobrevivência em condições climatéricas severas. Entretanto, na opinião de cientistas russos, todas as pessoas dispõem de tal gene.

Especialistas em Genética da Universidade de Cambridge colheram amostras de ADN a duas centenas de representantes de 10 etnias autóctones da Sibéria. Em resultado de análises complexas, eles conseguiram determinar os genes responsáveis pela resistência ao frio. Mas, por mais estranho que pareça, eles respondem pelo metabolismo e não pela temperatura do corpo.

Todas as pessoas possuem tais genes, afirma o vice-diretor do Instituto de Genética Médica da filial siberiana da Academia de Ciências Médicas da Rússia, Vadim Stepanov:

“Cada pessoa tem o mesmo conjunto de genes, que é representado, contudo, em diferentes variantes em cada povo. Os povos nórdicos têm variantes de genes fixadas em resultado da seleção natural, que participam no metabolismo dos lipídios. Quando um homem consome alimentos gordos, a energia se acumula em forma de gorduras. Tal é vantajoso para a vida em condições de clima muito frio”.

Os habitantes de países quentes não precisam de tanta energia e têm, por isso, um outro esquema de metabolismo. Por outras palavras, um africano na Sibéria terá não apenas frio, mas também fome. As poucas reservas de energia acumuladas no seu organismo serão gastas depressa. E para completá-las, será necessário comer muita carne e alimentos gordos. Por outro lado, os habitantes do norte tampouco se sentirão confortavelmente nas regiões tropicais.

A atividade do chamado gene de resistência ao frio foi desenvolvida no decorrer de milhares de anos, a começar no momento em que as primeiras pessoas chegaram à Sibéria e ao Extremo Norte. Os seus organismos acostumavam-se ao meio ambiente durante milhares de anos. Em resultado, a sua adaptação genética ao frio é muito mais profunda em comparação com os europeus que dominaram o Norte Europeu.

Semelhantes análises serão muito úteis no futuro, sobretudo na seleção de pessoas para trabalhar em condições de frio ou de calor extremo, considera Vadim Stepanov:

“Esta descoberta tem utilidade prática. Imaginemos que será necessário explorar o Ártico ou Antártico. Tal significa que para aquelas regiões devem ser enviadas pessoas que anteriormente viviam em outros locais. Deverão construir algo, abrir caminhos, participar na navegação. Se a estrutura genética dessas pessoas for adaptada antecipadamente a estas condições, elas poderão trabalhar mais eficazmente e ter menos problemas de saúde”.

A descoberta dos pesquisadores britânicos é também útil para a ciência global. Comparando conjuntos genéticos de pessoas que vivem em diferentes condições, será possível estudar o mecanismo de seleção natural.

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