Voz da Rússia
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A agência aeroespacial russa Roscosmos e a Agência Espacial Européia (ESA) deverão celebrar em Paris, a 14 ou 15 de março, a versão definitiva do acordo sobre o projeto ExoMars.
A cooperação da Rússia nos marcos desse projeto foi aprovada a nível ministerial dos países-membros da ESA numa reunião em Nápoles que teve lugar em dezembro passado. De notar que a Europa gastou para o efeito 400 milhões de euros.
Inicialmente, o ExoMars era um projeto europeu-norte-americano. No seu quadro, a NASA devia disponibilizar foguetões, mas, por razões de caráter financeiro, a Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço abandonou o programa. Foi por isso que, em finais de 2011, a ESA acabou por aceitar a participação da Rússia através do foguetão Proton, constata Lev Zeleny, diretor do Instituto de Pesquisas Espaciais.
"Aceitamos a proposta desde que fosse prevista a realização de um programa científico de parceria. Esta condição foi cumprida. O projeto ExoMars abrange duas etapas, prevendo-se os lançamentos marcados para 2016 e 2018. Em 2016 a Rússia deverá fornecer o Proton, com um módulo de voo adaptado, e garantir o apetrechamento técnico do Trace Gas Orbiter europeu. A este engenho espacial caberá investigar as marcas de gás na atmosfera de Marte. Todos se interessam por saber a distribuição do metano. O Orbiter será dotado de dois complexos de aparelhos russos: o detetor de nêutrons FREND, para pesquisar a distribuição de água abaixo da superfície de Marte, e um conjunto de equipamentos – para estudar a composição espectral da atmosfera no largo diapasão de ondas."
Na 1ª fase do ExoMars, os europeus, a par do módulo, contarão com o "demonstrador de pouso". Este aparelho, sem a carga científica, será munido de captadores a fim de treinar técnicas de entrada na atmosfera, descida e pouso. Antigamente, somente as estações soviéticas e norte-americanas efetuavam o pouso na superfície de Marte. Mas a 2ª fase será, pelos vistos, mais complicada, prossegue explicando o nosso interlocutor.
"A Rússia torna a fornecer o foguetão Proton, cabendo-lhe ainda preparar uma plataforma de pouso que visa duas metas. A plataforma levará a Marte o rover Pasteur, mais leve do que o veículo explorador Curiosity, mas muito interessante. O Pasteur, produzido pela ESA, dispõe de um dispositivo especial de perfuração capaz de abrir brechas à profundidade de 2 metros. Será necessário que a Rússia o leve até Marte e participe no respetivo programa científico. O mais importante é que na plataforma, que deverá ficar na superfície após a retirada do rover, seja instalado um conjunto de aparelhos científicos russos entre os quais o manipulador da tomada de amostras e o cromatógrafo de gás. Resumindo, compete-nos a nós fazer pousar o rover, deixá-lo sair da plataforma e depois proceder à implementação do nosso programa científico."
Nas palavras de Lev Zeleny, os cientistas russos estão impacientes de ver assinado o acordo com a ESA, visto que, depois disso poderão intensificar com maior afinco o seu trabalho.
"No que respeita ao capítulo financeiro, para já, não recebemos meios para a produção de aparelhos a serem utilizados em 2016. Enquanto o acordo oficial não for celebrado, não poderemos obter esse dinheiro. Isto vem complicando muito o nosso trabalho."
Preparando-se para o ExoMars, o Instituto pensa em prosseguir o programa de pesquisas de Marte mediante o segundo projeto análogo ao Phobos Grunt. O fracasso do aparelho espacial russo do mesmo nome deixou sem solução muitas incógnitas quanto ao satélite Phobos, a saber, à sua origem – se foi um asteroide atraído ou um corpo celeste que se formou em conjunto com Marte.
A nova sonda será lançada em finais desta década. A Rússia quer trazer para Terra amostras do solo marciano. O projeto Mars Sample Return é mais complicado que o Phobos: a sonda deverá pousar e depois levantar voo apesar da elevada gravitação. Ao que tudo indica, o Mars Sample Return assumirá uma escala internacional, podendo o Instituto realizá-lo num prazo de 15 anos. Não se exclui que, por essa altura, as amostras do solo serão trazidas para a Terra. Entretanto, o Planeta Vermelho encerra muitas incógnitas, incluindo surpresas eventualmente contidas no seu subsolo.
Fonte: Voz da Rússia
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