Físicos e informáticos consideram pouco provável que a agência esteja a ponto de criar um tal computador sem que a comunidade científica disso tenha conhecimento.
A NSA (Agência Nacional de Segurança, dos Estados Unidos) está a tentar criar um “computador quântico” capaz de decifrar a maior parte dos códigos de segurança, revelou o jornal Washington Post, com base em documentos divulgados pelo ex-analista informático Edward Snowden.
O computador, que poderá levar anos a desenvolver, permitiria à NSA, segundo os documentos, decifrar códigos informáticos que protegem segredos bancários, médicos e informações governamentais e empresariais.
O jornal escreve que o projecto de desenvolvimento do “computador quântico” faz parte de um programa de investigação designado "Penetrating Hard Targets" (Entrar em alvos difíceis)
Grandes empresas de informática, como a IBM, e laboratórios apoiados pela União Europeia e pela Suíça tentam há muito desenvolver um computador quântico para aumentar a velocidade e segurança dos processadores. Físicos e informáticos consultados pelo jornal norte-americano consideram pouco provável que a NSA esteja a ponto de criar um tal computador sem que a comunidade científica disso tenha conhecimento.
"Parece pouco provável que a NSA esteja tão à frente das empresas civis sem que ninguém saiba", disse, ao Washington Post, Scott Aaronson, do MIT, Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
A NSA não respondeu a um pedido de comentário da AFP sobre o assunto.
Há uma década, especialistas garantiam que o computador quântico poderia chegar nos dez a cem anos seguintes. Há cinco consideravam que para ser construído seriam precisos ainda pelo menos dez anos, recorda o jornal. A diferença entra a computação quântica e a clássica é que esta última usa o sistema binário de uns e zeros e a primeira usa os “bits quânticos”, que são simultaneamente zeros e uns, explica.
A notícia do Post surge numa altura em que aumentam as vozes em defesa de Edwardd Snowden. Na quinta-feira, os jornais The New York Times e The Guardian apelaram ao Governo dos Estados Unidos para que trate Edward Snowden como informador e lhe conceda alguma forma de clemência.
“Considerando a enorme valia da informação que divulgou, e os abusos que revelou, o Sr. Snowden merece melhor do que uma vida de exílio permanente, medo e fuga. Pode ter cometido um crime para o fazer, mas prestou um grande serviço ao seu país”, escreveu o diário norte-americano.
Snowden, que em vésperas de Natal deu uma entrevista ao Washington Post, está refugiado na Rússia, depois de ter desviado cerca de 1,7 milhões de documentos altamente secretos sobre o programa de vigilância da administração norte-americana e de divulgar parte da informação neles contida à imprensa.
Esses documentos revelaram a intercepção secreta de tráfego telefónico e de Internet a nível global. Foi divulgada a vigilância de cidadãos em larga escala — com dados como hora, duração e assunto das comunicações, embora não o conteúdo — e também de líderes estrangeiros como a chanceler alemã, Angela Merkel, e a Presidente brasileira, Dilma Rousseff.
Fonte: Publico
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