quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Asteroides são pesados “a olho” (fotos)

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O famoso asteróide Itokawa é afinal um compósito: segundo foi demonstrado por estudos realizados com recurso aos telescópios do Observatório Europeu Meridional (ESO), as suas diferentes partes têm densidades diferentes e, consequentemente, composições diferentes.

Além desse fato bastante curioso, que poderá ajudar a compreender como se formou o asteróide, esse estudo demonstra que se pode estudar as entranhas dos pequenos corpos celestes do Sistema Solar a partir da Terra. Esses corpos se revelam muito mais variados do que se pensava anteriormente, ou seja, a história do Sistema Solar que se pode ler pela sua composição ainda está cheias de lacunas.


Foto: eso.org

O asteróide Itokawa, também conhecido pelo seu número 25143, é sobretudo conhecido por ser o destino da sonda japonesa Hayabusa, que deverá transportar para a Terra amostras da sua composição obtidas com um instrumento especial. Desta vez, a tentativa de estudar o interior desse corpo celeste sem sair da Terra foi realizada por um grupo internacional de investigadores, chefiado por Stephen Lowry da Universidade de Kent, Reino Unido.

Os cientistas observaram a rotação do asteróide pela forma como o seu brilho se alterava. Se sabe que a luz solar que incide sobre um corpo celeste pequeno é irradiada sob a forma de calor e cria um pequeno impulso reativo. Se o objeto tem uma forma irregular, como acontece com o asteróide Itokawa, a irradiação também é irregular, o que altera a velocidade de rotação do corpo (conhecido como o Efeito de Yarkovsky ou efeito YORP).

Foi essa aceleração que Stephen Lowry e seus colegas observaram. Ela era muito pequena, 0,045 segundos por ano, e inesperada por ser diferente da que estava prevista. A tentativa para explicar essa discrepância criou a suposição de que o asteróide seria composto por duas partes, cada uma com sua densidade.


Foto: eso.org

A forma do asteróide lembra uma batata ligeiramente dobrada ou um amendoim com casca. Segundo supõem os cientistas, uma das partes da “batata” tem uma densidade de 2.850 quilogramas por metro cúbico, e a outra – 1.750. Ainda não há suposições quanto ao fenómeno que terá dado origem a esse objeto. É possível que Itokawa tenha sido em tempos um asteróide duplo e que, mais tarde, as suas duas partes tenham colidido e formado um corpo único.

Os resultados do estudo serão publicados na revista Astronomy & Astrophysics.

Os asteróides e os cometas, esses pequenos e numerosos “habitantes” do Sistema Solar, atraem gradualmente e cada vez mais a atenção tanto dos cientistas, como do público em geral. Numa recente análise da revista Nature, realizada por investigadores europeus e norte-americanos, se refere que a composição e a distribuição dos asteróides na sua cintura principal (localizada entre Marte e Júpiter) são bastante mais complexas do que se pensava. Se os primeiros modelos teóricos consideravam que esses corpos pequenos se encontravam na mesma posição em que se tinham formado, já as últimas descobertas apontam para grandes alterações das suas posições. Ou seja, toda a história da formação do Sistema Solar é muito mais complexa do que se supunha. Aliás, o asteróide Itokawa é um dos corpos cuja composição não cabe nos esquemas anteriores. Assim, os novos resultados obtidos por Lowry e seus colegas serão excepcionalmente importantes para a modelagem do passado da nossa casa espacial.


Foto: eso.org

Também é interessante verificar que a descoberta foi feita a partir da Terra. Sem dúvida que este tipo de estudos necessita de observações de muito alta precisão, caso contrário as fracas variações de velocidade simplesmente não serão perceptíveis. Os telescópios terrestres modernos já oferecem essa precisão. A equipe de Stephen Lowry utilizou dados obtidos pelo Telescópio de Nova Tecnologia (NTT) do Observatório Europeu Meridional, situado no Chile, assim como de uma série de outros localizados na Europa e nos EUA. A segunda abordagem do mesmo problema é a tentativa de pousar num asteróide e trazer uma amostra da sua matéria, de preferência obtida a uma profundidade suficientemente grande. As vantagens deste método são evidentes – nós obteremos um acesso direto à matéria de que o asteróide é composto. Também são compreensíveis as desvantagens: não podemos enviar uma sonda espacial a todos os corpos celestes que nos interessam. Assim, no futuro da investigação espacial haverá lugar tanto para os projetos terrestres, como para os espaciais.

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