quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Cientistas decifram pergaminhos carbonizados em erupção do Vesúvio

Cientistas decifram pergaminhos carbonizados em erupção do Vesúvio

O conteúdo de centenas de rolos de papiros que foram transformados em carvão, após a erupção do Monte Vesúvio na Itália em 79 d.C. - um dos grandes desastres naturais da Antiguidade - há muito tempo permaneceu um mistério. Mas isso está a mudar.

Um estudo publicado na revista Nature Communications indica que invetsigadores europeus conseguiram fazer a leitura de um pergaminho queimado que foi dado a Napoleão Bonaparte como um presente, em 1802, disse Brun.

Segundo cientistas, uma tecnologia sofisticada permitiu decifrar alguns dos textos dos pergaminhos que estavam alojados numa sumptuosa casa em Herculano antigo, uma cidade que tinha vista para a Baía de Nápoles.

A biblioteca era parte do que é chamado de Villa dos Papiros e que pode ter pertencido ao padrasto de Júlio César. Outras bibliotecas da antiguidade foram descobertas, mas esta é a única que teve os seus pergaminhos encontrados.

Juntamente com a sua «cidade-irmã» Pompeia, Herculano foi enterrada pela erupção vulcânica. Os rolos foram carbonizados por uma explosão de gás vulcânico, resultando num material semelhante a troncos queimados.

Cerca de 1.800 pergaminhos foram descobertos na década de 1750. Alguns foram decifrados; a maioria, não. Os métodos utilizados ao longo dos anos para desenrolar os documentos ou separar as suas camadas acabaram por destruir muitos pergaminhos.

O papiro carbonizado e a tinta preta utilizada nos pergaminhos têm composições muito semelhantes, o que torna difícil distinguir a escrita usando métodos de digitalização, mesmo avançados. Mas estes investigadores usaram uma tecnologia semelhante à tomografia computadorizada para decifrar a escrita, permitindo que o pergaminho continuasse enrolado.

«[Os pergaminhos] São extremamente frágeis porque são como pedaços de carvão», diz Emmanuel Brun, do centro de pesquisa European Synchrotron Radiation Facility, em Grenoble, em França. Brun e Ludwig Maximilians, da Universidade Munique, na Alemanha, lideraram a equipa nesse estudo.

O método foi utilizado em um rolo carbonizado intacto, bem como em fragmentos, de acordo com Vito Mocella, do Instituto de Microeletrônica e Microssistemas, que faz parte do Conselho Nacional de Pesquisa em Nápoles, na Itália.

Os cientistas determinaram que a escrita era em grego antigo, e o pergaminho intacto pode conter um texto escrito pelo filósofo Filodemo no século I antes de Cristo.

Embora o estudo não tenha a intenção de revelar o conteúdo completo dos pergaminhos, Mocella afirma que há planos de usar a tecnologia para decifrar as centenas de pergaminhos restantes. Especialistas acreditam que possam conter famosas obras antigas que estão perdidas.

«Estamos muito animados com essa possibilidade, pois sabemos o imenso valor para o estudo da antiga civilização grega e latina», afirma Mocella.

Fonte: DD

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