domingo, 25 de janeiro de 2015

Cinco mil milhões de quilómetros e nove anos depois, a New Horizons está pronta a fotografar Plutão

Na imagem comparativa da NASA, Plutão surge em baixo, com a sua lua Caronte, que tem quase metade do tamanho do planeta anão

Sonda começou hoje a recolher informação sobre o longínquo Plutão, que em 2006 foi despromovido a planeta anão. Viagem da New Horizons começou há nove anos.

As primeiras imagens recolhidas pela sonda New Horizons não deverão revelar mais do que pontos brilhantes, mas serão preciosas para a comunidade científica: pouco sabe sobre o Plutão, que até já foi o nono planeta do sistema solar mas, em 2006, foi despromovido a planeta anão.

Em dezembro de 2014, a sonda cuja missão começou há nove anos, com o início da viagem de cinco mil milhões de quilómetros até ao distante Plutão - que fica no extremo do sistema solar - despertou do seu estado de hibernação. Hoje, faltam-lhe apenas 200 mil quilómetros para chegar ao ponto estimado de maior aproximação - deverá ser atingido no próximo dia 14 de julho - mas as imagens que captar durante estes meses em que se alinha com o pequeno planeta vão ser fundamentais para que os cientistas consigam determinar a sua posição exata no espaço, explicou à BBC Mark Holdridge, do laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore.

O objetivo é que, a partir de hoje, a sonda recolha imagens que permitam traçar o relevo e as formas de Plutão, mas uma das maiores complicações da missão da New Horizons reside no facto de esta transportar consigo sete instrumentos que precisam de ativar-se em distâncias diferentes do planeta, pelo que a equipa que lidera a missão viu-se a braços com a necessidade de construir um calendário de observações altamente detalhado de forma a garantir que todas as observações possíveis serão efetuadas, com recurso a uma câmara telescópica de alta resolução e potentes espectroscópios de ultravioletas e infravermelhos.

No dia 14 de julho, a sonda deverá estar exatamente a 13 695 quilómetros de Plutão. Esta "curta" distância em termos espaciais deverá ser atingida pelas 11.50 em Lisboa - tudo está planeado ao pormenor e os cientistas estimam apenas uma margem de erro de 100 segundos para estas previsões. Será o momento decisivo para a New Horizons apontar todas as suas "armas" e trazer novas informações sobre o planeta anão, que tantos ainda consideram o nono planeta do sistema solar. Apesar da despromoção de 2006 - aparentemente, Plutão não passa de uma enorme rocha coberta de gelo - os cientistas não estão menos entusiasmados com estes avanços, uma vez que os planetas anões são dos mais numerosos no sistema solar e esta é a primeira oportunidade de estudar um deles de perto.

As primeiras imagens enviadas pela New Horizons devem chegar à terra na próxima terça-feira e, provavelmente, não trarão ainda grandes novidades. Em maio, a definição deverá melhor e em julho, realça Andy Cheng, o investigador por trás da câmara principal da sonda - que se chama LORRI - as imagens serão "espetaculares". Até hoje, o próprio telescópio Hubble não consegue mais do que fotografias algo desfocadas de Plutão, devido à enorme distância a que este se encontra. "A surpresa mais recente que tivemos foi com a missão Rosetta. O Hubble tinha feito um modelo da forma do cometa 67P, mas ninguém esperava que ele se parecesse com um patinho de borracha", disse o especialista à BBC. "Estou mais do que esperançoso que consigamos surpresas semelhantes com a New Horizons".

Entre essas surpresas, poderão estar mais luas - até hoje, conhecem-se cinco luas de Plutão - e possivelmente anéis como os de Júpiter ou Saturno. Depois de fotografar Plutão e enviar informações sobre a sua geologia e morfologia, a sonda vai continuar a afastar-se, investigando os domínios da gelada Cintura de Kuiper, onde deverá encontrar objetos semelhantes a Plutão.

A missão, que está avaliada em 650 mil euros, é a mais longa de sempre: foi lançada em janeiro de 2006, tendo a New Horizons passado por 18 períodos de hibernação ao longo destes nove anos, para evitar o desgaste dos equipamentos, permitindo ao mesmo tempo reduzir os custos. Na sua viagem, a sonda atravessou a órbita de Marte, Júpiter, Saturno e Urano.

Fonte: DN

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