quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Inventor de «luz engarrafada» vê a sua ideia espalhada pelo mundo

Inventor de «luz engarrafada» vê a sua ideia espalhada pelo mundo

Em 2002, o mecânico da cidade mineira de Uberaba, que fica a 475 km da capital Belo Horizonte (Brasil), teve o seu próprio momento de “eureka” quando encontrou a solução para iluminar a própria casa num dia de corte de energia. Para isso, utilizou nada mais do que garrafas plásticas pet com água e uma pequena quantidade de cloro.

Nos últimos dois anos, a sua ideia já alcançou diversas partes do mundo e deve atingir a marca de 1 milhão de casas que utilizam a «luz engarrafada».

Mas afinal, como é que esta invenção funciona? A reposta é simples: pela refração da luz do sol numa garrafa de dois litros cheia de água.

«Adicione duas tampas de cloro à água da garrafa para evitar que esta se torne verde (por causa da proliferação de algas). Quanto mais limpa a garrafa, melhor», explica Moser.

«Deve prender as garrafas com cola de resina para evitar fugas», explica o inventor. Outro detalhe é que a lâmpada funciona melhor se a tampa for coberta com fita preta.

«Um engenheiro apareceu e mediu a luz. Depende de quão forte é o sol, mas é entre 40 e 60 watts», acrescentou o inventor.

A inspiração para a «lâmpada de Moser» aconteceu durante um período de frequentes apagões de energia que o país enfrentou em 2002. «O único lugar que tinha energia eram as fábricas, não as casas das pessoas», relembra.

Moser e os seus amigos começaram a imaginar como fariam um sinal de alarme, no caso de uma emergência, caso não tivessem fósforos.

O chefe do inventor sugeriu na época utilizar uma garrafa de plástico cheia de água como lente para reflectir a luz do sol num monte de capim e assim provocar fogo. A ideia ficou na mente de Moser que, então, começou a experimentar encher garrafas para fazer pequenos círculos de luz reflectida. Não demorou muito para que tivesse a ideia da lâmpada.

«Nunca fiz desenho algum da ideia», garantiu. «Esta é uma luz divina. Deus deu o sol para todos e luz para todos. Qualquer pessoa que usar esta luz economiza dinheiro. Não dá choques e não custa nem um cêntimo», sublinhou Moser.
O inventor já instalou as garrafas de luz na casa de vizinhos e até no supermercado do bairro. Ainda que ganhe apenas alguns reais a instalar as lâmpadas, é possível ver pela casa simples e pelo carro modelo 1974 que a invenção não o deixou rico. Apesar disso, Moser aparenta ter orgulho da própria ideia.

«Uma pessoa que eu conheço instalou as lâmpadas em casa e num mês apenas economizou suficiente dinheiro para comprar itens essenciais para o filho que tinha acabado de nascer. Você pode imaginar?», comemora Moser.

Carmelinda, a mulher de Moser há 35 anos, diz que o marido sempre foi muito habilidoso em fazer coisas em casa, até mesmo para construir camas e mesas de madeira de qualidade. Mas parece que ela não é a única que admira o marido inventor.

Illac Angelo Diaz, director executivo da fundação de caridade MyShelter, nas Filipinas, parece ser outro fã. A instituição MyShelter especializou-se em construções alternativas, criando casas sustentáveis feitas de material reciclado, como bambu, pneus e papel. Para levar à frente um dos projectos do MyShelter, com casas feitas totalmente com material reciclado, Diaz disse ter recebido «quantidades enormes de garrafas».

«Enchemos as garrafas com barro para criar as paredes. Depois enchemos garrafas com água para fazermos as janelas», conta.

«Quando estávamos a pensar em mais coisas para o projecto, alguém disse: alguém fez isso no Brasil. Alfredo Moser está a colocar garrafas nos telhados», relembra Diaz.

Seguindo o método de Moser, a entidade MyShelter começou a fazer lâmpadas em Junho de 2011. A entidade agora forma pessoas para fazer e instalar as garrafas e assim ganharem algum rendimento.

Nas Filipinas, onde um quarto da população vive abaixo da linha da pobreza (de acordo com a ONU, com menos de 1 dólar por dia) e a electricidade é muito cara, a ideia foi muito acarinhada; as lâmpadas de Moser foram instaladas em 140 mil casas.

As luzes «engarrafadas» também chegaram a outros 15 países, dentre eles a Índia, Bangladesh, Tanzânia, Argentina e Fiji.

Fonte: DD


Fonte: Youtube

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