quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Pesquisas investigam possibilidade de viagens no tempo

Pesquisas investigam possibilidade de viagens no tempo

Quando se fala em viagens no tempo muitos pensam logo no DeLorean prateado, o carro que serviu como máquina do tempo na franquia «Regresso ao Futuro». Ou até mesmo na Tardis, a nave espacial - que também é uma máquina do tempo - usada pelo personagem Dr. Who, da série britânica com o mesmo nome, para viajar no tempo e espaço. Mas a questão mais comum é se estes feitos da ficção poderiam repetir-se na vida real.

A possibilidade das viagens no tempo está a ser investigada na Universidade de Birmingham (Grã-Bretanha). Uma equipa faz parte de um projecto maior, um programa de pesquisa sobre a natureza do tempo que envolve universidades na Austrália, Estados Unidos, Alemanha, Holanda e Turquia.

Até ao momento, o que se pode afirmar é decepcionante: a equipa da Universidade de Birmingham não está a construir uma máquina do tempo em segredo.

Mas estão a analisar algumas grandes ideias, levantando questões não apenas sobre física, mas também sobre filosofia e a natureza da realidade.

Nikk Effingham, chefe do departamento de filosofia em Birmingham, está a liderar o projecto com Alastair Wilson, especialista, entre outras coisas, em filosofia da física.

E, de acordo com Effingham, a possibilidade de viagens no tempo é «infinitesimal», mas não é impossível.

Até algumas ideias que parecem incompreensíveis têm aplicações directas. O objectivo é compreender mais sobre um sentido do tempo e sequenciamento, uma grande questão que também pode ser ligada às doenças degenerativas humanas.

O projecto de Birmingham também vai tratar de alguns argumentos clássicos contra as viagens no tempo, como o «paradoxo do avô». Segundo este paradoxo, se alguém pudesse voltar no tempo, esta pessoa poderia matar os próprios avós e, com isso, tornar impossível o nascimento do viajante no tempo. E, se o viajante no tempo nunca nasceu, nunca poderia voltar. Com isso, a viagem no tempo transforma-se numa impossibilidade.

No entanto, filósofos têm um outro argumento segundo o qual, para evitar este processo de acabar com a possibilidade da própria existência, qualquer viajante no tempo seria sempre impedido de matar os avós: a arma iria emperrar ou então acertariam na pessoa errada. Isto aconteceria para que a linha do tempo não fosse interrompida.

Outra teoria é que mudanças feitas por uma viajante no tempo poderiam criar uma cadeia de eventos noutro universo paralelo, ao invés de alterar o mundo original de onde o viajante saiu.

Isto está relacionado com a teoria dos «muitos mundos» que sugere que ocupamos apenas uma versão da realidade e que um número infinito de outras possibilidades estão a ocorrer em universos paralelos.

O viajante no tempo pode fazer mudanças que vão desencadear novas sequências de eventos nestes mundos diferentes, sem interromper a linha do tempo original.

Para Alastair Wilson, que participa do estudo na Universidade de Birmingham, a análise da viagem no tempo é uma forma de analisar questões sobre física fundamental.

Isto significa que a pesquisa é uma forma de pensar sobre o tempo não como uma maneira de medir as horas e dias, mas como uma dimensão mais parecida com o espaço.

Wilson afirma que, se uma pessoa pudesse viajar dentro destes conceito de tempo, entraria numa espécie de portal, loops temporais, onde uma pessoa pode ir e depois voltar ao mesmo lugar - algo descrito pela física como «curvas temporais fechadas» (CTC, na sigla em inglês para «closed timelike curve»).

Mas, quando questionado se isto algum dia poderia acontecer, o pesquisador prefere ser mais realista.

«A nossa física mais avançada no momento deixa essa questão em aberto. Se acontecesse, poderia ser em alguma região exótica do universo, (...) algum lugar perto de um buraco negro com altas concentrações de energia. Não é (preciso) inventar uma máquina do tempo, (mas sim) descobrir um lugar», afirmou.

Bradford Skow, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) afirma que, «mesmo se a viagem no tempo seja coerente com as leis da física», ainda não significa que pessoas vão entrar em máquinas do tempo.

Skow publicou recentemente um livro a respeito dos conceitos de tempo, «Objective Becoming», que rejeita a ideia de que o tempo «passa» ou que esteja, de alguma forma, em movimento. Ele afirma que momentos ou experiências do passado são tão reais como as do presente, mas são inacessíveis em qualquer outra parte do tempo.

O fascínio com o tempo também reflecte como este é intrínseco à experiência humana e de todas as criaturas vivas.

O tempo está entrelaçado com os ritmos naturais do dia e noite, nascimento e morte, o batimento do coração e até às menores unidades da natureza e à origem do universo.

«Os nossos melhores relógios usam a vibração de um átomo para medir o tempo, átomos que estão a vibrar desde que foram criados há milhões de anos», disse Wilson.

Mas há outro argumento contra a ideia de que a viagem no tempo possa tornar-se possível num futuro distante, quando a tecnologia progredir.

Se isto acontecer realmente no futuro, como ainda não encontramos os humanos do futuro, que voltaram para nos visitar aqui no passado?

Mesmo que a perspectiva de esbarrar com um viajante no tempo seja remota, Wilson afirma que estas viagens intelectuais rumo ao desconhecido têm valor.

Fonte: DD

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...