Vai arrancar na África do Sul e na Austrália a construção do maior telescópio do mundo, o SKA, que envolve centros de investigação e empresas portuguesas.
Segredos. Observar pulsares (estrelas de neutrões muito pequenas e densas) e
buracos negros para detetar as ondas gravitacionais previstas por Einstein, será
uma das tarefas do futuro radiotelescópio / Foto SKA
Os países e organizações que participam no SKA, o maior radiotelescópio do mundo, chegaram finalmente a acordo em Manchester (Reino Unido) quanto à construção da primeira fase do projeto, onde vão ser investidos 650 milhões de euros. Nesta fase, serão construídas 200 antenas parabólicas gigantes na África do Sul e 100.000 antenas dipolos na Austrália. Os dipolos, uma espécie de grandes guarda-chuvas sem telas, assemelham-se às antenas domésticas de receção de sinal de TV.
"Graças a estes dois instrumentos complementares, iremos poder abordar amplamente questões ligadas à ciência de fronteira, como a observação de pulsares (estrelas de neutrões muito pequenas e densas) e buracos negros para detetar ondas gravitacionais previstas por Einstein, testar a gravidade e procurar sinais de vida na nossa galáxia", afirma Robert Braun, diretor de ciência da SKA Organization. "E também poderemos observar os primeiros mil milhões de anos do Universo, quando se formaram as primeiras estrelas e galáxias".
As parabólicas gigantes e as antenas dipolos na África do Sul e na Austrália funcionarão em rede como um único radiotelescópio, através de um processo científico e tecnológico conhecido por interferometria. O SKA será, assim, o maior interferómetro do mundo.
"O SKA irá alterar fundamentalmente o nosso entendimento do universo", sublinha por sua vez Pile Diamond, diretor-geral da SKA Organization, acrescentando: "Estamos a falar de uma instalação científica consideravelmente melhor que qualquer uma das existentes atualmente". Um comunicado da organização sublinha mesmo que o futuro radiotelescópio deverá "contribuir para avanços científicos revolucionários".
Foto SKA Antenas. A África do Sul vai acolher uma rede de 200 antenas parabólicas gigantes na primeira fase do projeto (antevisão artística)
Forte participação portuguesa
"Temos empresas de ponta nacionais a entrarem nos primeiros contratos, através da participação nos Consórcios SKA, embora ainda sem qualquer apoio financeiro público", revela Domingos Barbosa, investigador do Instituto de Telecomunicações em Aveiro, que tem estado envolvido desde o início na liderança do projeto em Portugal. "Esta presença de empresas portuguesas abre excelentes perspetivas para a participação nacional no SKA, que aliás está aprovada no Roteiro Nacional de Infraestruturas Estratégicas".
Foto SKA Dipolos. Cerca de 100.000 antenas dipolos serão construídas na Austrália
(visão artística)
Entre as empresas portuguesas, que estão integradas na paltaforma ENGAGE SKA ,destacam-se a Martifer Solar, PT, Grupo Visabeira, Active Space Technologies, Critical Software, LC Technologies, Lógica e Coriant. O Polo de Competitividade das Tecnologias da Informação, Comunicação e Eletrónica (TICE.pt), as universidades de Aveiro, Évora e Porto, o Instituto Politécnico de Beja e o Instituto de Telecomunicações, estão também envolvidos no projeto. Segundo Domingos Barbosa, "o ENGAGE SKA é uma plataforma coletiva que promove a a excelência científica e a sustentabilidade da participação portuguesa no SKA, tendo a radioastronomia como laboratório aberto à inovação".
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