Pegadas de Homo erectus encontradas no nordeste do Quénia trouxeram uma oportunidade única de entender como esses hominídeos que viveram há 1,5 milhões de anos andavam e se comportavam em grupo. O Homo erectus está no meio da linha de evolução entre o Homo habilis e nós, os Homo sapiens.
Usando técnicas analíticas novas, os pesquisadores do Instituto de Antropologia Evolucionária Max Planck, em Leipzig, na Alemanha, e colaboradores de diversos países demonstraram que as pegadas do Homo erectus, primeiros a caminharem em pé, preservam evidências de que o estilo de andar e a estrutura de grupo eram similares às dos seres humanos actuais.
As pegadas ajudaram a chegar a estimativas de massa corporal dos hominídeos (cerca de 48,9 kg) e também se eram do sexo masculino ou feminino. Isso fez com que pudessem desenvolver teorias sobre o comportamento do grupo.
Nos dois principais locais, há evidências de que passaram por lá diversos indivíduos do sexo masculino, o que deixa implícito algum nível de tolerância e possível cooperação entre eles. A cooperação é um dos comportamentos sociais que diferencia humanos modernos de outros primatas.
«Não é surpreendente que encontramos evidência de tolerância mútua e talvez cooperação entre os hominídeos do sexo masculino que viveram há 1,5 milhões de anos, especialmente o Homo erectus, mas é nossa primeira hipótese de ver o que parece ser um vislumbre directo da dinâmica comportamental no passado distante», segundo Kevin Hatala, pesquisador do Instituto Max Planck e da Universidade George Washington.
A locomoção sobre os dois pés também é uma característica dos humanos modernos em comparação com outros primatas e a evolução desse comportamento nos nossos ancestrais teve efeitos profundos na sua biologia. No entanto, tem havido muito debate sobre quando e como os hominídeos começaram a andar apoiados apenas nas pernas. Isso ocorre principalmente por causa de discordâncias sobre como deduzir informações biomecânicas da morfologia dos esqueletos.
Enquanto fósseis e ferramentas de pedra podem dar muitas informações sobre a evolução humana, estes não conseguem transmitir alguns comportamentos dinâmicos dos nossos ancestrais, como a maneira de se mover e como cada indivíduo interagia com os outros.
O Homo erectus, cujos achados mais antigos datam de 1,9 milhões de anos, é o primeiro hominídeo com proporções corporais similares às do homem moderno, altura entre 1,50 a 1,80m, com braços curtos e pernas relativamente longas, propícias para caminhar longas distâncias.
Possivelmente foi o primeiro ancestral humano a controlar o fogo e o cozimento dos alimentos há 1 milhão de anos. O Homo erectus migrou para fora de África e povoou a Ásia e a Europa. A espécie sobreviveu até há cerca de 30 mil anos.
As pegadas analisadas no estudo do Instituto Max Planck foram encontradas no Quénia, próximo à cidade de Ileret. O local guarda um dos depósitos mais ricos de artefactos da época em que o Homo erectus viveu, entre 2 milhões e 1,5 milhão de anos atrás.
Na área foram preservadas 97 trilhas criadas por pelo menos 20 diferentes indivíduos, que se acredita serem do Homo erectus.
Fonte: DD
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