Os pequenos incêndios urbanos podem ter consequências desastrosas atendendo a que, muitas vezes, os mesmos deflagram sem que ninguém registe o momento do seu início. Contudo, uma das soluções mais simples pode passar pela adoção de um novo dispositivo em forma de bola que permite extinguir pequenos fogos de forma automática e praticamente imediata. Além disso, este produto tem a virtude de ser manuseável por qualquer pessoa, com ou sem treino.
Com um peso em redor dos 1,3 kg, a Elide Fire Extinguishing Ball (assim é a sua denominação completa) assume-se como um grande passo em frente no combate aos incêndios urbanos e até naqueles causados pelos automóveis, ativando-se em contacto com o fogo e atuando num intervalo entre os três e os dez segundos.
Foi esta mesma conjunção de fatores – a portabilidade, simplicidade e eficácia – que chamou a atenção de Luís Vieira, representante da Elide Fire Portugal, quando tomou conhecimento deste produto através de um vídeo na Internet, reconhecendo desde logo o potencial desta ‘bola’ que, não sendo mágica, nem de cristal, pode ser de grande utilidade em situações de emergência.
Drama tailandês deu origem à ideia
A ideia original, como em tantos outros casos em que novos dispositivos são criados, surgiu de um momento dramático. Mais concretamente, por aquele vivido pelo tailandês Phanawatnan Kaimart, depois de, em 1997, ter sobrevivido a um grande incêndio num hotel em Pattaya, no qual morreram quase cem pessoas. Perante esta situação, o titular da patente começou a estudar formas mais eficientes e seguras de combate a fogos localizados.
Do estudo à prática, Kaimart elaborou então este dispositivo que pode ser instalado num ponto fixo ou utilizado manualmente, conforme explica ao Motor24Luís Vieira, sócio-gerente da Record Reference, que é, representante da marca em Portugal.
“A bola pode ser colocada num ponto estratégico, como por exemplo, junto ao motor de um veículo, motor de um barco, servidores, geradores, quadros elétricos, armazenamentos de óleos e produtos inflamáveis de uma oficina, garagens, etc.”, começa por apontar, enaltecendo ainda que a mesma só funciona com a chama e não com o calor, pelo que a sua utilização em tempo muito quente em pontos mais tórridos está salvaguardada.
“Após o contacto com a chama, [a bola] autoativa-se entre três a dez segundos, cobrindo uma área 8 a 10 m2, emitindo um sinal sonoro que também funciona como alarme de 120 a 140 decibéis no momento do rebentamento. Pode também ser utilizada de um modo manual. Basta para isso atirá-la para o foco de incêndio”, acrescenta ainda, estabelecendo para a Elide Fire Extinguishing Ball uma mais-valia de simplicidade de manuseio que o extintor não terá. No entanto, note-se, esta bola é sempre apresentada como um dispositivo com relação de complementaridade em relação ao extintor.
“A Elide Fire ativa-se sozinha após contacto com o fogo, o extintor não se ativa sozinho. A bola também se pode mandar para um foco de incêndio e é de fácil manuseamento, pesando aproximadamente 1,3 Kg, acessível a pessoas de mobilidade reduzida, crianças e idosos. O tradicional extintor, além de ser pesado, muita gente não o sabe manusear e a pessoa tem de estar perto do fogo para o apagar. Com a Elide Fire basta atirá-la para o fogo, sem haver necessidade de se aproximar do foco de incêndio”, argumenta, sendo ainda apontado que estas bolas não carecem de inspeção técnica do seu composto.
Para quem teme, ainda assim, a aproximação ao fogo ou os efeitos do rebentamento da bola no ato da libertação do seu composto químico, Luís Vieira garante que “não existe qualquer perigo ou dano ao ser humano, daí não existir qualquer perímetro de segurança”.
Além do seu funcionamento interior para extinção de incêndios, a Elide Fire também foi desenvolvida para utilização em automóveis, podendo “até ser fixa junto ao motor do carro para que, quando este começar a arder, se acione sozinha, não deixando propagar o fogo. A bola serve para extinção de incêndios de classe A/B/C, elétricos ou eletrónicos, sem danificar os equipamentos, porque não é corrosivo”.
“Nas empresas, a bola pode ser colocada junto aos servidores, evitando a danificação dos mesmos em caso de fogo. Nos automóveis, a bola pode estar colocada junto ao motor ou mesmo na bagageira, sendo usada em caso de emergência. Nas escolas, nas IPSS, nos lares, a bola é útil, eficaz e segura”, afirma.
Técnica da bola
Com formato esférico e menos de 1,5 kg de peso, esta Elide Fire Extinguishing Ball tem um largo espectro de atuação, podendo ser usada na extinção de fogos de materiais sólidos e líquidos inflamáveis, em incêndios com gases combustíveis e em equipamentos elétricos até 5.000 volts.
Na explosão emite sempre um sinal sonoro entre 120 e 140 dba (decibéis), sendo o seu agente ativo um pó químico composto por monofosfato de amónio, que apaga fogos numa área de oito a dez metros quadrados e de volume entre 30 a 35 metros cúbicos, sem danificar os materiais e sem prejudicar o meio ambiente.
Além do monofosfato de amónio de que está repleta, esta bola está “revestida com esferovite sem clorofluorcarbonetos (CFC) e contém uma carga espalhadora com rastilho. O pó é biodegradável, pelo que a bola é amiga do ambiente e não é prejudicial à saúde humana. Tem uma garantia de cinco anos sem manutenção, findos os quais pode enterrar a bola, porque o pó que esta contém serve de fertilizante”, aponta Luís Vieira.
Encontrando-se já em 21 países, a invenção de Phanawatnan Kaimart já recebeu várias distinções, dentre as quais o prémio europeu Eureka, medalhas de ouro nos prémio WIPO e KIPA, além de idênticas atribuições de medalhas por parte da Agência Federal de Ciência e Inovação da Rússia e do Conselho Nacional de Pesquisa da Tailândia, entre outros. Em Portugal, foi distinguida na feira Securex 2017 como produto inovador, tendo sido apresentada na Liga de Bombeiros, à ANPC e outras entidades ligadas à segurança. Esta bola extintora de incêndios tem um custo recomendado de 120 euros.
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