terça-feira, 26 de setembro de 2017

O Big Bang não foi o início do universo


Pensar que o Universo e tudo o que nele existe nasceu no momento do Big Bang é “um dos maiores erros”, segundo o astrofísico e escritor científico Ethan Siegel.

O Universo e tudo o que nele existe, nasceu no momento do Big Bang. Esta é uma imagem “atrativa” que explica muito do que vemos.

Mas, por azar, também é incorreta, e os “cientistas já o sabem há quase 40 anos”, sustenta um artigo para a Forbes do astrofísico e escritor científico Ethan Siegel, que qualifica o Big Bang como “um dos maiores equívocos de sempre”.

Segundo recorda Siegel, a ideia original sugere que o universo surgiu de um estado quente e denso e, neste momento, encontra-se em expansão e a esfriar.

Se “continuarmos a extrapolar” até ao passado, o universo tornar-se-ia “mais quente, denso e compacto”, até chegar a um momento em que “a densidade e a temperatura se elevam a valores infinitos, onde toda a matéria e energia no universo estão concentradas num único ponto: uma singularidade”.

O autor do artigo sustenta que essa singularidade – onde as leis da física se rompem – também é “o ponto final”, que representa a origem do espaço e do tempo.

No entanto, há enigmas que a teoria do Big Bang não consegue explicar, como por exemplo, o facto de o universo ter a mesma temperatura em todos os seus extremos, mesmo que não tenham tido tempo de se comunicar entre si desde o início.

Em 1979, o cientista americano Alan Guth propôs uma alternativa à “singularidade” do Big Bang: a teoria da inflação cósmica, que consistia na existência de uma fase média de expansão exponencial anterior ao Big Bang, e que poderia resolver todos estes problemas.

Neste estado cósmico, as flutuações quânticas continuariam a existir, e ao expandir-se no espaço, estender-se-iam pelo universo, criando regiões com densidades de energia ligeiramente superiores ou ligeiramente inferiores da média, explica Siegel.

Quando esta fase do universo chegasse ao fim, essa energia converter-se-ia em matéria e radiação, criando o estado quente e denso, ou seja, o Big Bang.

Para comprovar a ideia, era necessário medir essas flutuações do brilho excedente do Big Bang e encontrar um padrão particular consistente com as predições da inflação. Nos anos 1990, 2000 e de novo em 2010, os cientistas “mediram essas flutuações ao detalhe” e encontraram “exatamente isso”, assinala Siegel.

A conclusão era “incontornável”: o Big Bang “definitivamente ocorreu”, mas só depois da fase da inflação cósmica. O que ocorreu antes – ou se a inflação era eterna no passado – “continua como uma questão aberta”, mas uma coisa é certa: de acordo com o cientistas, “o Big Bang não é o começo do Universo“.


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