DUAS HORAS DE PASSEIO DE UMA NUVEM BIZARRA
Data: 7 de Janeiro de 1977
Hora: 15:15 Horas
Local: Paços de Ferreira
Testemunhas: Controlador de radar de uma base de intercepção e alerta em Portugal. (Identidade não divulgada a pedido).
Tipo de observação: Observação radar; Radar Optics Notification.
A entrevista que a seguir se reproduz, versa a movimentação de Ovnis no período que corresponde aos primeiros dias do ano de 1977, actividade essa notificada pelos meios usuais de detecção por radar da FAP.
A experiência do entrevistado na sua qualidade de controlador de uma das principais estações de detecção portuguesa vem confirmar algumas das mais importantes observações de Objectos Voadores Não Identificados em algumas zonas do território nacional, mormente na área da cidade da Guarda, e que tiveram como observadores duas testemunhas separadas entre si no espaço e no tempo, ambas apontando para um mesmo tipo de entidade ou humanóide igualmente observado por uma destas testemunhas, nas proximidades de um Ovni imóvel a baixa altitude.
O controlador entrevistado possui 7 anos de experiência nas suas funções e afirmou, claramente, que as detecções de alvos não identificados no referido período eram em todas diferentes das situações que até ali havia experimentado. Referiu inicialmente que os sistemas actuais, sendo mais sofisticados, permitiam uma detecção mais eficaz, contribuindo igualmente para tal situação o facto dessa vigilância se fazer durante as vinte e quatro horas do dia.
Nesses primeiros dias de 1977, a costumada rotina de pedido de identificação de engenhos voadores foi quebrada pelo não cumprimento dessa obrigação por parte de um objecto voador não identificado.
PILOTO RECUSOU ENTRAR NA NUVEM
O raio de acção do radar, a partir da estação é de 220 milhas no planimétrico e de cerca de 40.000 pés no altimétrico. O alcance da nossa estação estende-se até Lisboa e para sul da capital a detecção é cometida a outra estação, cujo raio de acção vai até ao Mediterrâneo. Para os aviões a identificação não se torna difícil, uma vez que eles se deslocam por corredores áreas pré-determinadas.
O movimento extraordinário será militar ou civil particular? De vez em quando, alguns destes aviões esquecem-se de reportar a sua rota e somos forçados a pedir a identificação. Relativamente a esses alvos esquisitos posso adiantar que numa sexta-feira, dia 7 de Janeiro, portanto estando eu de serviço, tive a oportunidade de seguir um desses objectos no écran do radar.
Aliás, dias antes, terça e quarta-feira, tinha havido idênticas detecções que, como é habitual, foram alvo de relatórios envolvendo todos os dados relativos e coordenadas horas, etc. Nessa sexta-feira, isso aconteceu por volta das quinze horas e quinze, prolongando-se a situação até cerca das dezassete horas e quarenta.
Curiosamente o sinal registado era idêntico ao de um avião, pormenor confirmado mais tarde por meio dos aparelhos que tentaram a intercepção visual.
É de salientar o facto de o radar altimétrico não detectar o alvo e fazê-lo em relação aos aviões, facto que, na terça e quarta-feira anteriores se tinha registado igualmente em relação aos próprios objectos não identificados.
O referido objecto começou por ser detectado à hora já referida deslocando-se para Sul numa zona entre Montalegre e Chaves. Daí prosseguiu até Penodono, Sernancelhe, flectindo depois sobre o curso do Mondego vindo a pairar sobre a zona de Anadia onde se manteve durante algum tempo. Posteriormente deslocou-se de novo para sul até Coimbra tendo estacionado sobre o rio Mondego durante cerca de um quarto de hora.
Todo este trajecto é feito à velocidade média 70/80 km/h, durante pouco mais de 2 horas.
Verificou-se apenas um aumento nítido de velocidade a partir da segunda tentativa de intercepção feita sobre a zona de Anadia onde o objecto terá atingido entre 200 a 300 km/h. Recapitulando, um primeiro caça saído de Monte Real tinha tentado um primeiro contacto sobre a região de Sernancelhas, mas o piloto não conseguiu registar nenhum tipo de engenho voador.
Entretanto tinha-me sido solicitado que entrasse em contacto com os postos de GNR distribuídos ao longo da trajectória do objecto. Recordo que, numa altura em que contactava com o posto de Sernancelhe, o avião de Monte Real sobrevoava aquela região. Insistindo perguntei aos agentes se não estavam a ver nada no céu incluindo o caça. Isto porque o piloto deste último nos tinha informado que o alvo do seu radar coincidia com uma nuvem.
De acordo com as informações dos agentes da GNR, o tempo estava bom havendo de facto a assinalar algumas nuvens claras. Ora o piloto do caça tinha falado na tal coincidência de uma dessas nuvens ser o alvo do seu radar. Voando a uns 10.000 pés o caça chegou a andar na rdem dos 3.500 pés o que de algum modo dará uma ideia quanto à altitude de tal nuvem.
Apesar das insistências do oficial que controlava a operação o piloto do caça recusou-se a ntrar na nuvem que ele descreveu como sendo um cúmulo que parava na zona de Sernancelhe juntamente com as outras observadas pela GNR local.
A nuvem tinha cerca de 5.000 pés de espessura e 3.500 pés de diâmetro, e segundo a descrição do guarda a sua tonalidade era muito clara. Para todos os efeitos o piloto achou por bem não se meter no cúmulo.
Depois de pairar algum tempo na zona, o piloto desiste e volta para a base sem ter conseguido identificar o alvo que se confundia com a misteriosa nuvem. Logo de seguida, descola novo avião de S. Jacinto que ao aproximar-se do objecto, passando-lhe inclusive pela frente, faz com que este se desloque cerca de 7 milhas para sul, trajecto este feito em cerca de um minuto.
Aparentemente, aquilo que o segundo avião observa continua a ser a nuvem cuja posição coincide igualmente com o alvo registado no nosso radar. Na sua deambulação a nuvem alterou bastante a altitude, chegando a descer, segundo informação do piloto do segundo avião a cerca de 2.500 pés.
Quanto a distinguirmos as nuvens dos restantes alvos móveis no espaço aéreo é ponto assente que para nós não há confusão possível. O seu aparecimento no radar – vulgarmente registamos as passagens das chamadas frentes em meteorologia – é distinto daquilo que estávamos apanhando nessa sexta-feira.
A sua trajectória era demasiado inteligente, coincidindo quase com o percurso do voo TAP Bragança – Lisboa. O vento soprava de 040050 com uma intensidade cerca de 40 nós precisamente pela rectaguarda da insólita nuvem.
Os pilotos prosseguiram o contacto visual até cerca das 17H30 já que a partir desta hora a aproximação do crepúsculo não permitia a continuação dos sobrevoos.
Assim não estivemos só nós a acompanhar a trajectória da nuvem suspeita da qual perdemos o rasto subitamente a partir de uma milha a sul de Coimbra.
Talvez pelo facto não podermos contar com o altimétrico. Entretanto o desaparecimento da nuvem dá-se quase uma hora depois do avião da base de S. Jacinto ter abandonado o contacto.
OBSERVAÇÃO RADAR CONFIRMA CASO NOS ARREDORES DA GUARDA
Em relação à detecção de terça-feira, dia 4 de Janeiro, posso adiantar que o caso foi registado por um colega meu e desenrola-se de modo algo semelhante ao anteriormente narrado.
Nesse dia o objecto entrou pela mesma região mas deslocando-se sensivelmente por um rumo mais afastado para além das 50 milhas de alcance dirigindo-se para a região da Guarda. Segue-se logo de seguida uma intercepção por um avião sobre o referido local durante a qual o piloto baixa mas já nada vê.
Ora no preciso local onde se dá o desaparecimento do objecto, verificar-se-ia, no dia seguinte, pelas noticias dos jornais, que ele coincidia precisamente com a zona de observação de uma das testemunhas do humanóide no exterior do objecto, ou seja na zona do Carrapito nos arredores da Guarda.
O registo desse alvo é feito pelo radar de terra uma vez que o piloto não consegue o contacto visual. Aliás, posteriormente, estivemos a comparar o trajecto que havia ficado marcado na sala de operações e comprovamos que efectivamente o último sinal no nosso radar se ajustava ao local onde uma das testemunhas tinha visto o humanóide e o objecto subitamente desaparecidos da sua vista.
Nesse dia o objecto tornou a ser referenciado mais a sul acabando ao que parece por se afastar no sentido do oceano pela zona de Peniche.
O tipo de sinal então registado era idêntico ao que por mim foi detectado na sexta-feira seguinte.
Ainda em relação à intercepção de terça-feira ela ocorre durante o dia não coincidindo apenas com a hora de observação das testemunhas de terra.
No entanto é possível que o objecto tivesse mantido por bastante tempo na zona da Guarda.
Fonte: «Revista Insólito nº 34 Agosto / Setembro de 1978»
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