terça-feira, 24 de outubro de 2017

Dentes com 9,7 milhões de anos podem mudar a história da Humanidade

Lucy, a mais famosa Australopithecus Afarensis, viveu há 3 milhões de anos
Uma equipa de arqueólogos descobriu, na Alemanha, fósseis de dentes com 9,7 milhões de anos, pertencentes a um grande macaco, que podem mudar o que sabemos sobre a história da Humanidade.

Estes fósseis foram encontrados no antigo leito do rio Reno, na cidade de Eppelsheim, perto de Mainz, na Alemanha ocidental. Aquilo que é surpreendente nestes dentes de um grande macaco é que são, pelo menos, quatro milhões de anos mais velhos do que os primeiros hominídeos que foram encontrados em esqueletos na Etiópia.

A descoberta coloca, assim, em causa a tese científica mais aceite de que os hominídeos, os antepassados dos humanos, deixaram África há cerca de 120 mil anos.

Recentemente, a descoberta de fósseis de uma nova espécie, familiar de macacos e de humanos, que datam de há 7,2 milhões de anos, também anunciou a hipótese de que o berço da humanidade não foi África, mas a Europa.

O conjunto de dentes – um primeiro molar superior direito e um canino superior esquerdo – já foi encontrado em 2016, ao lado dos vestígios de um animal semelhante a um cavalo, já extinto. Mas os cientistas ficaram tão espantados com a descoberta que adiaram a publicação do estudo durante um ano, para realizarem mais exames científicos.


“Não estávamos mesmo à espera desta tremenda descoberta”, salienta o director do Museu de História Natural de Mainz e líder das escavações, Herbert Lutz, em declarações ao Deutsche Welle.

A pesquisa foi, finalmente, publicada neste mês de Outubro no site ResearchGate. E não há dúvidas de que estamos perante dentes de macaco, mas ninguém sabe explicar de onde este grande macaco veio.

Lutz lembra que só há descobertas comparáveis em África e que estas são “muito, muito mais novas”. O arqueólogo refere-se aos dois primeiros hominídeos encontrados em esqueletos na Etiópia: a famosa Lucy (Australopithecus afarensis) e Ardi (Ardipithecus ramidus).

Os dentes descobertos na Alemanha assemelham-se aos de Ardi e Lucy, “mas têm apenas 2, 3, 4 ou 5 milhões de anos, o de Eppelsheim tem quase 10”, frisa Lutz. “Por isso, a pergunta é: o que aconteceu?“.

Para os mais entusiasmados com a descoberta, como é o caso do presidente da Câmara de Mainz, Michael Ebling, é já tempo de “começar a reescrever a história da Humanidade”.

Lutz é mais cauteloso. “Novas descobertas levam a novas ideias que podem contribuir para o conhecimento sobre a nossa própria história e esta descoberta tem esse potencial, porque as grandes espécies de macacos têm uma relação com o Homo Sapiens“, aponta.

O director do Museu de História Natural de Mainz também explica ao DW que estes fósseis, que podem assumir papel de destaque na história da Humanidade, foram encontrados numa altura em que as escavações estavam prestes a terminar, após 17 anos de pesquisas na zona. Foi “um tremendo golpe de sorte” e é, agora, “um grande mistério”, conclui o arqueólogo.

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