segunda-feira, 23 de outubro de 2017

O estrume dos grandes dinossauros herbívoros fertilizou o mundo


Segundo um estudo publicado esta semana, os dinossauros herbívoros de grande porte podem ter desempenhado um papel crucial na dispersão de nutrientes vitais, ajudando a fertilizar a Terra.

Como seria o mundo se nunca tivessem existido dinossauros? Christopher Doughty, investigador da Universidade do Norte do Arizona, nos Estados Unidos, estuda há 10 anos animais de grande porte.

Na sua mais recente investigação, publicada na Nature Ecology and Evolution, Doughty procurou dar resposta a essa questão, tentando identificar o papel que estes animais desempenharam na fertilização do planeta.

Doughty sugere que “os grandes animais foram fundamentais na propagação da fertilidade no mundo inteiro”.

No entender do investigador norte-americano, a melhor maneira de provar a sua teoria é “comparar a fertilidade no mundo durante o período Cretáceo, há cerca de 145-79 milhões de anos, com a que se verificou durante o período Carbonífero, cerca de 360-300 milhões de anos atrás” – período da história da Terra anterior ao aparecimento dos grandes herbívoros de quatro patas.

A principal diferença entre estes dois períodos reside na existência de saurópodes – os maiores herbívoros que já existiram – durante o período Cretáceo.

Quando as plantas morriam, ficavam soterradas antes de ser decompostas, e os seus sedimentos originavam a formação de carvão. Christopher Doughty reuniu amostras de carvão por toda a extensão do território dos EUA a fim de medir a composição do mineral.

Após analisar as amostras, Doughty verificou que os nutrientes que as plantas necessitam em maior quantidade – nomeadamente fósforo – eram mais abundantes e estavam melhor distribuídos no solo durante o Cretáceo, durante o qual enormes dinossauros herbívoros vagueavam sobre a Terra.

Em contrapartida, o mesmo não aconteceu com os elementos que não são necessários às plantas e aos animais. Os dados mostraram por exemplo que a abundância e distribuição de alumínio foram as mesmas durante os dois períodos estudados.

Ao provar que nutrientes como o fósforo eram mais abundantes e estavam melhor distribuídos, ao contrário do que se constatou com o alumínio, a descoberta parece confirmar que os grandes herbívoros contribuíram para espalhar nutrientes pelo planeta e, consequentemente, aumentar a fertilidade da vida vegetal.

Os dinossauros herbívoros do Cretáceo, que percorriam enormes distâncias, foram assim grandes responsáveis pela fertilização do solo e homegeneização dos nutrientes na Terra – para grande agrado das plantas de todo o planeta que, expostas a mais elementos nutritivos, crescem mais rapidamente, originando florestas exuberantes.

Hoje, os grandes herbívoros estão a desaparecer. Esta extinção resulta, diz Doughty, numa diminuição da rede global de distribuição de nutrientes.

“Estamos a perder, a um ritmo surpreendente, os herbívoros de grande porte que ainda nos restam, como é o caso dos elefantes florestais. Esta perda irá prejudicar criticamente o funcionamento futuro dos ecossistemas, reduzindo a sua fertilidade”, sustenta o investigador.

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