Um relatório datado de 30 de novembro, publicado pela revista prestigiada Nature com referência à Academia de Ciências da China, diz que os dados mais recentes obtidos pelo satélite chinês Wukong podem indicar vestígios potenciais de matéria escura.
Em qualquer caso, os especialistas asiáticos acreditam que os peculiares fenómenos recentemente revelados podem ajudar os físicos teóricos a se aproximarem da natureza deste misterioso fenómeno natural.
O satélite foi lançado em 17 de dezembro de 2015 pelo foguete-portador Grande Cruzada 2-D, a partir do cosmódromo na província chinesa de Gansu, na parte central do país.
Fan Yizhong, vice-engenheira principal do DAMPE (Dark Matter Particle Explorer), ou seja, do satélite Wukong lançado ao espaço para investigar o fenómeno da matéria escura, afirmou nesta quinta-feira (30):
"Não podemos falar que detectamos matéria escura, apenas podemos falar onde é que achamos alguns fenómenos estranhos, e depois os físicos teóricos explicarão estes fenómenos. Eu, pessoalmente, acredito que a maior parte dos electrões inferiores a 1 electrão-volt, bem como os positrões, devem ter origem em fenómenos astrofísicos."
Em relação aos avanços recentes dos cientistas chineses, a Sputnik China entrevistou Konstantin Belotsky, assistente científico chefe da Cátedra de Física de Partículas Elementares da Universidade Nacional de Pesquisas Nucleares da Rússia.
"Por enquanto, não há nada de sensacional naquilo que o satélite chinês fez. A sensação foi o experimento anterior, no que se trata da medição de raios espaciais. Na época, os chineses detectaram uma anomalia electrónica. Neste caso particular, os cientistas chineses apenas verificaram os dados. Os próprios pesquisadores, depois de publicarem seu trabalho, não fizeram interpretação teórica dos seus achados. Ao longo de todo o período, o satélite chinês detectou mais de 1,5 milhões de electrões espaciais. Quanto mais partículas se medem, mais alta fica a precisão da pesquisa. Em outras palavras, os cientistas chineses mediram bastante para reforçar seu resultado anterior", explicou.
Os académicos não tentam predizer quando será detectada a substância que é perseguida pelos físicos de todo o mundo. Muitos acreditam que os equipamentos modernos ainda não são suficientemente sensíveis para registar as mudanças ao nível dos átomos.
Konstantin Belotsky, por sua vez, não descartou que sejam precisamente os equipamentos chineses a encontrá-la.
Hoje em dia, há certas provas teóricas de que a matéria escura existe. Entretanto, ainda ninguém conseguiu achar e analisar as partículas que a compõem. Os físicos acreditam que isto se deve a dois fatos: primeiro, as partículas são pesadas demais, por isso os aceleradores modernos não são capazes de as "fazer nascer" ou dispersá-las, visto que a matéria escura quase não interage com o ambiente físico que nos rodeia, bem como com as partículas que conhecemos.
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