Cientistas acreditam que manipulação da atmosfera pode arrefecer superfície terrestre. Países em desenvolvimento pedem ação urgente, mas técnica ainda não convence
Usar balões ou jactos para criar um pára-sol que seja um escudo contra os efeitos do aquecimento global, parece fição científica, mas trata-se de um plano real que está a ser estudado.
Há muito que os cientistas sabem que ações humanas como a poluição na atmosfera, fumo dos fogos florestais ou erupções vulcânicas podem criar um efeito de arrefecimento. Este conhecimento levou um grupo de cientistas da Universidade de Harvard a propor uma experiência a que chamaram "efeito de perturbação estratosférica controlada", ou abreviadamente SCoPEx. Segundo escreve o jornal The Guardian, a experiência consiste em usar um balão de teste que libertaria aerosóis a uma altura de 20 quilómetros na atmosfera terrestre, de forma a alterar as propriedade reflexivas das nuvens. E é essa manipulação da atmosfera - ou seja, a geoengenharia solar - que torna o processo controverso.
O interesse neste campo da ciência é cada vez maior, mas os seus efeitos e consequências são pouco conhecidos. No entanto, os países em desenvolvimento reclamam para si o direito de terem uma palavra mais forte na hora de decidir o que fazer para controlar o aquecimento global, já que são os mais afetados pelo aumento das temperaturas.
Um grupo de investigadores de países como o Bangladesh, Brasil, China, Etiópia, Índia, Jamaica e Tailândia juntaram-se para defender na revista Nature que os países mais pobres deviam chefiar as investigações nesta área. O artigo foi publicado na terça-feira, dia 3 de abril.
O efeito de arrefecimento da atmosfera é conhecido há muito tempo como " trilhos de condensação dos navios", ou seja ou rastos de poluição criados pelos navios em alto mar, que contêm mais e mais pequenas gosta de água que as nuvens naturais. Fazendo das nuvens mais brilhantes e mais reflexivas à luz do sul.
"Geoengenharia solar - injetar partículas de aerosóis na estratosfera para afastar parte da luz do sol que entra na atmosfera - tem vindo a ser analisada como uma forma rápida de arrefecer o planeta", escreveram os cientistas na Nature.
O único senão é o impacto que esta técnica pode ter. À Reuters, o diretor do centro de estudos avançados do Bangladesh e autor principal do artigo na Nature, Atiq Rahman, admite que a técnica tem efeitos desconhecidos e que podem ser perigosos. "É claro [que a geoengenharia solar] pode ser perigosa, mas precisamos de saber se para países como o Bangladesh, será mais perigoso ou menos do que a subida de 1,5ºC previstos do aquecimento global. Isto é muito importante para as populações dos países em desenvolvimento e as nossas vozes precisam de ser ouvidas."
Fonte: DN
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