Durante meio milénio o fragmento indecifrável intrigou os especialistas. Mas um pouco de luz ultravioleta revelou um enorme surpresa
Património da cidade de Basileia há meio milénio, o pedacinho de papiro, escrito em espelho e de ambos os lados, intrigou gerações de especialistas. Que mensagem traria até hoje, desde há dois mil anos?
Supunha-se que poderia ser da autoria de Galeno, o médico romano, que só Hipócrates, o grego, suplantou em fama na antiguidade. Mas como confirmá-lo?
Sabine Hubner, professora e investigadora de História Antiga da Universidade de Basileia, que liderou nos últimos três anos um projeto para digitalizar, transcrever e anotar toda a coleção de papiros da própria universidade, acabou por incluir também este fragmento no estudo (que não é propriedade da universidade). E o que aconteceu foi uma enorme surpresa.
Quando olharam mais de perto para o fragmento, sob as luzes ultravioletas e de infravermelhos da instrumentação do laboratório, Sabine Hubner e a sua equipa aperceberam-se de que não se tratava apenas de um papiro, mas de vários sobrepostos e colados. E isso tinha passado despercebido a toda a gente desde há 500 anos.
"Uma descoberta sensacional"
Chamado propositadamente a Basileia, um especialista internacional em tratamento e conservação destes materiais descolou e separou os papiros, o que acabou por tornar a sua leitura, finalmente, possível.
A suspeita de que poderá tratar-se de um escrito de Galeno não pôde ser confirmada a cem por cento (não está lá o seu nome), mas o texto, uma descrição médica do fenómeno da "apneia histérica", aumenta muito essa probabilidades, segundo a Sabine Hubner.
Mas este também não é o fim da história. A maior surpresa ainda estava para vir: é que os outros papiros, que estavam colados ao original, contêm um texto literário de um autor anónimo, ainda não está decifrado.
"É uma descoberta sensacional", diz entusiasmada a investigadora suíça. "A maioria dos papiros são documentos como cartas, contratos ou receitas, este é um texto literário, o que o torna muito mais valioso".
Fonte: DN
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